O CEO da União da Indústria de Cana-de-açúcar, Evandro Gussi, disse, nesta quarta-feira (28/7) que a “equação” sobre o futuro da mobilidade não é a do carro elétrico versus etanol, mas a do carro elétrico mais etanol. Ao participar de reunião no Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em Piracicaba (SP), ele reconheceu que o motor elétrico tem vantagens em relação ao motor a combustão. Ressaltou, no entanto, que ainda é preciso atentar para a origem da energia elétrica utilizada nos veículos.

“Se a minha geração de energia elétrica não é limpa, com baixa emissão de carbono, eu não resolvi o problema. O problema é o aquecimento global, não local. Se eu tirar a emissão do carro e mantiver a emissão ou aumentá-la em uma termoelétrica, isso não resolveu o problema”, explicou Gussi, de acordo com informe divulgado pelo CTC.

Evento no CTC reuniu represnetantes do setor sucroenergetico e da indústria automobilística (Foto: Unica)

Conforme o relato do CTC, o executivo destacou o papel do etanol como um dos principais agentes de descarbonização e sustentabilidade no mundo. E afirmou que nenhum país tem um modelo de transporte tão sustentável quanto o Brasil, onde o carro mais básico pode ser abastecido com o combustível, que tem na cana sua principal matéria-prima, mas que é produzido também com milho.

Luis Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar e do CTC, destacou a importância do trabalho da instituição, especialmente no desenvolvimento de novas tecnologias para a cadeia sucroenergética. Em sua avaliação, só o avanço tecnológico torna possível assegurar a oferta de energia limpa em condições competitivas.

“Entre os muitos desafios do setor sucroenergético, assegurar a oferta limpa e renovável em volumes e condições competitivas só é possível com o avanço tecnológico. E é justamente nesse sentido que o CTC vem atuando ao longo dos seus mais de 50 anos dedicados à pesquisa”, ressaltou, no relato da entidade.

A cana-de-açúcar é plantada, atualmente, em uma área de cerca de 10 milhões de hectares. E, de acordo com cálculos da própria indústria, a substituição da gasolina por etanol nos tanques dos veículos entre 2020 e 2035 representará a redução de 1 bilhão de toneladas em emissões de carbono.

Na visão do CTC, esse futuro mais sustentável vem sendo construído com aumento da eficiência das usinas e com o aumento da produtividade da cana, o que está ligado ao desenvolvimento de novas tecnologias. A instituição estima que, entre 2020 e 2035, os ganhos de rendimento de campo com suas plataformas tecnológicas deverá evitar o plantio de 30 milhões de hectares, além de economia de água e menor uso de agroquímicos. Desde 2017, o CTC obteve aprovação para comercializar variedades transgênicas de cana-de-açúcar, com tecnologia Bt e adaptadas a diversas regiões.

Com a introdução da biotecnologia, trazemos à cana os mesmos benefícios já usufruídos por outras culturas, aqui no Brasil e no resto do mundo”, disse o CEO do CTC, Gustavo Leite. “Ao longo das próximas décadas, a adoção de sucessivas ondas de novas tecnologias elevará significativamente a produtividade e a produção de cana no Brasil, sem a necessidade de expansão da área plantada”, acrescentou.

A reunião no CTC, além de lideranças do setor sucroenergético e executivos da instituição, o CEO da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si.



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