O Echangeur, um dos centros de investigação económica do departamento Prospetivo Cetelem – BNP Paribas Personal Finance, realizou o estudo Access Panel 2020 que inquiriu três mil indivíduos e revela novas conclusões sobre o impacto da Covid-19 na dinâmica de consumo dos consumidores, com especial destaque no setor automóvel.
De acordo com o último estudo sobre decisões orçamentais e dinâmicas de consumo, a grande maioria da população nacional (95%) afirma ter um veículo automóvel. Entre os proprietários de automóveis 47% mencionaram que o seu agregado tem um carro e 40% dois. No que respeita o tipo de motor, 65% refere ter um veículo a diesel e 56% a gasolina. Apenas 2,6% diz ter um veículo híbrido e menos de 1% um totalmente elétrico.
Pedro Nuno Ferreira, Head of Automotive Financial Services do BNP Paribas Personal Finance Portugal, refere “Sabemos que os portugueses consideram o automóvel um transporte vital e um meio de liberdade. Se adicionarmos a estes elementos o contexto atual, não é surpreendente a percentagem de veículos em Portugal. Mas esta relação vai muito além do tipo de motorização escolhida. Muito por força das novas formas de mobilidade e da crescente preocupação ambiental temos também assistido a uma mudança na relação que estabelecemos com o veículo automóvel. Quanto às motorizações, as estratégias globais que visam diminuir a importância do diesel e potenciar os veículos elétricos estão a resultar em parte. Se os veículos movidos a gasolina aumentaram significativamente nos últimos anos, e não se prevê que diminuam a curto prazo, os híbridos e os elétricos começaram a ganhar espaço no parque automóvel nacional.”
O novo consumo
Se a situação pandémica e o confinamento levaram a uma mudança e adaptação das formas de comprar e consumir, o setor automóvel e os automobilistas foi também impactado, conforme fica enfatizado pelos resultados no estudo. De forma geral, desde o início da crise, assistimos a uma aceleração das intenções em relação às novas práticas relativas a automóveis.
O número de portugueses a dizer que poderiam comprar um carro online sem o ver e testar aumentou 12 pontos percentuais entre janeiro de 2020 (pouco antes da crise COVID-19) e setembro de 2020 (depois do primeiro confinamento). 31% dos portugueses disseram em janeiro de 2020 que podiam comprar um carro online sem o ver e sem o testar antes; 43% em setembro de 2020. Destes, 19% afirmam que só o fariam caso fosse um veículo novo (setembro de 2020), enquanto no início do ano eram 15%. Um aumento de 4 pontos percentuais. Já para 18% seria indiferente ser um carro novo ou usado (setembro de 2020), um aumento de 6 pontos percentuais face aos 12% em janeiro.
“A Covid-19 está a impactar o ecossistema automóvel um pouco por todo mundo e o desafio tem sido encontrar novas formas de servir os clientes, de mostrar a resiliência do setor, de sobreviver para voltar a crescer, e isto tem sido feito através de uma aposta ainda maior no online”, acrescenta Pedro Nuno Ferreira.
O fim do primeiro confinamento foi também um período oportuno, devido ao adiamento de projetos, no que respeita a planeamento de projectos de compra futuro pelos portugueses. Em particular, no que se refere aos projetos previstos para a compra de um carro nos próximos dois anos, a intenção de comprar um carro usado aumentou 5 pontos percentuais desde o início do ano, o que evidencia um novo padrão. (16% dos portugueses diziam em janeiro de 2020 que comprariam um carro usado nos próximos dois anos, ao passo que 21% pretendiam fazê-lo em setembro de 2020).
Além disso, explicado pelo efeito de adiamento relacionado a crise Covid-19, a intenção de comprar um carro novo nos próximos dois anos também aumentou, mas em menor grau (um aumento de 3 pontos percentuais). 15% dos portugueses planeavam comprar um carro novo nos próximos dois anos no início do ano e 18% em setembro de 2020.
A possibilidade de disponibilizarem as suas viaturas para alugar a outros alguns dias por mês, via um profissional (concessionário de automóveis, etc), e assim para poupar dinheiro no orçamento automóvel é outra das novas práticas relacionadas com o sector automóvel que seria muito bem recebida pela população e que foi acelerado pela crise, com 37% a afirmar que pretendem fazê-lo em setembro de 2020 vs 30% em janeiro de 2020 (um aumento de 7 pontos percentuais).