Diferente da Europa e da China, mercados onde o carro elétrico
já figura nas listas de automóveis mais vendidos, no Brasil os veículos de emissão zero ainda são coisa de rico, com poucas (e caras) opções disponíveis. Mas a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) quer levar o tema para o governo, com o objetivo de acelerar a eletrificação da frota brasileira.
“Daqui para frente não podemos trabalhar isoladamente. Setor privado e público precisam trabalhar juntos. Somente lançar o produto carro elétrico
não vai resolver o problema. Temos uma matriz enérgética limpa, com hidrelétricas e usinas solares e eólicas. Mas ainda temos gargalos na energia”, destacou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, durante coletiva realizada na última quinta-feira (4).
De acordo com um estudo da consultoria Bain & Company, cerca de 12% de todos os carros novos vendidos no mundo serão elétricos em 2025. O que demonstra o potencial desses veículos no mercado brasileiro. Moraes ressalta que a associação que reúne os fabricantes de automóveis prepara atualmente um estudo sobre os gargalos e as alternativas para impulsionar a venda de veículos elétricos no Brasil.
O objetivo é que esse material seja apresentado ao governo, com o objetivo de colaborar para o desenvolvimento de um plano estratégico para o tema. “É necessário ter uma visão de estado. Não podemos perder o ativo que nós já temos, para que possamos ter uma capacidade de exportação desses veículos”, completou.
Alternativas
O presidente da Anfavea
destacou que caberá a cada fabricante definir qual caminho que irá seguir no mercado brasileiro. Na falta de um plano claro, algumas empresas já seguem pela rota intermediária dos híbridos. A Toyota já produz por aqui o Toyota Corolla Hybrid
, enquanto a Nissan também já demonstrou interesse em fazer por aqui o Kicks híbrido
.
Recentemente, o presidente da Volkswagen
Brasil e América Latina, Pablo Di Si, defendeu durante uma live organizada pelo site Valor Econômico que o desenvovimento da célula de combustível a etanol é uma alternativa interessante para o contexto brasileiro.
Para o executivo, essa tecnologia teria potencial inclusive em mercados maduros como os do Estados Unidos e da China, onde veículos elétricos com célula de combustível já existem, mas utilizando o hidrogênio líquido como combustível para gerar energia.
Um dos fabricantes que trabalham atualmente no desenvolvimento desta tecnologia é a Nissan, que desde 2016 investe no projeto e-Bio Fuel Cell, que utiliza etanol ou uma mistura de etanol e água para alimentar a célula de combustível. De acordo com a empresa japonesa, a tecnologia permitiria ao carro elétrico
obter uma autonomia de mais de 600 km.