“Madalena”, filme de estreia do mato-grossense Madiano Marcheti, 32 anos, é o único longa brasileiro na competição principal do Festival Internacional de Roterdã (IFFR), na Holanda. O evento começa nesta segunda-feira (2) em formato híbrido, ou seja, uma parte online em fevereiro e outra, com projeções e público em abril, se a pandemia deixar.
“Madalena”, filme de estreia do mato-grossense Madiano Marcheti, 32 anos, é o único longa brasileiro na competição principal do Festival Internacional de Roterdã (IFFR), na Holanda. O evento começa nesta segunda-feira (2) em formato híbrido, ou seja, uma parte online em fevereiro e outra, com projeções e público em abril, se a pandemia deixar.
O filme gira em torno da personagem que dá nome ao título do filme, uma mulher trans que é assassinada e cujo corpo é encontrado em uma imensa plantação de soja em um local não identificado no Centro Oeste. A história se desenrola a partir do ponto de vista de três outros personagens.
Em entrevista exclusiva à RFI, Marcheti explica que por trás dessa trama, o objetivo era tratar de transfobia e agronegócio. “Eu queria falar sobre esse lugar de onde eu venho, que é muito pouco discutido no Brasil, que é o norte do Mato Grosso, o universo do agronegócio”, explica.
“Mas eu queria falar também da experiência de ser uma pessoa gay que cresceu nesse universo conservador do interior do Brasil”, acrescenta, fazendo um paralelo com sua experiência pessoal.
“Sabemos que do grupo LGBT, as pessoas trans são as mais marginalizadas e que muitas vezem pagam com a vida os atos de brutalidade que sofrem”, diz.
Alinhavando histórias
O roteirista Thiago Ortman entrou na aventura de “Madalena” em 2015. “O maior desafio do filme foi também a sua virtude, pois o roteiro foi escrito por quatro pessoas [o próprio diretor, Ortman, Thiago Coelho e Thiago Galego]. Foi um processo mais longo, mas ao mesmo tempo conseguimos lidar com as nossas diferenças, com quatro cabeças envolvidas na escritura”, diz o roteirista.
Depois de intensa pesquisa, as filmagens foram feitas em Dourados e Bonito, em 2018, com dezenas de atores locais. “Madalena” participou da categoria “Working in Progress”, do Festival de San Sebastian, na Espanha, em 2019.
Marcheti ainda não tem uma ideia concreta sobre o percurso futuro do filme. “Tudo está tão suspenso, essa é a grande discussão no festival”, conta o diretor. Ele espera poder passar o filme em outros eventos, mas sobre a estreia em salas no Brasil, a questão também é uma incógnita. “No momento em que as salas abrirem vai ser uma concorrência absurda, há muitas produções em espera, vai ser um gargalo”, explica. Ele também cogita outras plataformas, como as de streaming, para otimizar a visualização de “Madalena”.
Outra presença brasileira na Holanda
Outra presença brasileira no Festival de Roterdã é “Carro Rei”, de Renata Pinheiro, na seção paralela Big Screen. Rodado em Caruaru (PE), o longa conta a história de um rapaz com a habilidade de conversar com carros. O elenco conta com Matheus Nachtergaele, que faz Zé Macaco, tio mecânico do personagem principal.
Por conta da pandemia da Covid-19, a 50ª edição do Festival Internacional de Filme de Roterdã apostou na forma hibrida. Uma primeira fase totalmente online acontece de 1° a 7 de fevereiro. E se as condições sanitárias permitirem, uma segunda parte está marcada para 2 a 6 de junho, com projeções e público.
A competição principal, a do prêmio Tigre, é uma plataforma para talentos emergentes, que é justamente a principal característica do festival holandês. Este ano são 16 concorrentes, incluindo “Madalena”. As produções chegam de todos os cantos do mundo: Líbano, Geórgia, China, Tunísia, França, Espanha, Holanda, Austrália, Tailândia, Noruega, Sérvia, Kosovo, República Dominicana, Índia e Estados Unidos.