O compacto renovado ainda não tem data para chegar nos concessionários europeus e seus preços tampouco foram divulgados, mas uma coisa parece clara: é mais fácil a Rolls-Royce abrir uma fábrica no sertão do Cariri do que o novo Fiesta desembarcar no Brasil.
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A bem da verdade, a Ford foi bastante econômica nesta reestilização, que mantém a base do modelo antecessor, bem como o estilo. Os faróis de LED Matrix adaptáveis, no catálogo topo de linha estreiam no médio-compacto até com certo atraso, da mesma forma que o painel de instrumentos digital em película fina (TFT) já não impressiona ninguém.
Inquestionavelmente superior ao Fiesta de geração anterior produzido no Brasil até meados de 2019, o Fiesta 2022 europeu tem na pseudoeletrificação do motor EcoBoost (turboalimentado, 1.0, três-cilindros, 12V e com injeção direta) seu grande destaque.
O sistema híbrido leve troca o alternador convencional por um conjunto com motor de arranque e gerador integrados (BISG), acionado por correia. O BISG recupera energia durante as frenagens e desacelerações, carregando uma bateria de íon de lítio de 48 volts, que por dua vez fornece torque adicional em condições normais de direção, alimentando ainda os periféricos elétricos.
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Permite, também, que o sistema Auto-Stop desative o propulsor em velocidades abaixo de 25 km/h, quando o motorista pressiona o pedal da embreagem antes de imobilizar o veículo.
Como se vê, chancelar como “híbrido” um motor híbrido leve levanta a suspeita de “estelionato publicitário”, mas fato é que o sistema tornou o Fiesta 2022 ligeiramente mais econômico. Completam o trem de força o câmbio manual de seis marchas e a transmissão automatizada de embreagem dupla e sete velocidades.
Sim, é uma evolução da velha caixa Powershift, indicada apenas para quem tem uma vida tão tranquila a ponto de buscar uma fonte de problemas, um desafio, que nem os engenheiros da Nasa conseguem resolver.
Outra maravilha tecnológica do Fiesta 2022 é o inédito Alerta de Pista Errada (WWA), que combina informações da câmera instalada no para-brisa e do sistema de navegação para avisar o condutor caso este passe por duas placas de mudança de pista proibida sem atinar para o erro. Uma bela pedida para quem não decorou o livrinho para exame de legislação do Detran.
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Versão ST e perda mercado
Junto às versões Trend, Titanium e Active, a esportiva ST ganhou novos bancos “Performance” e mais força, com um pico de torque de 32,6 kgfm, 10% a mais do que no modelo anterior. Seu motor de 200 cv o leva de 0 a 100 km/h em 6,5 s, atingindo a velocidade máxima de 230 km/h – nada mau.
A boa notícia para quem gosta de uma tocada mais arrojada é que há um novo modo de condução, Track, que se soma aos Normal e Sport. Ele desabilita o controle de tração e torna o de estabilidade mais permissivo, permitindo que o motorista explore as derrapagens para ganhar tempo em circuitos fechados.
A verdade é que o Ford Fiesta sempre esteve entre os dez automóveis mais vendidos da Europa, mas, de uns tempos para cá, o compacto perdeu prestígio e mercado. Nos primeiros sete meses deste ano, seu volume comercial caiu 20%, deixando-o na discretíssima 29ª posição do ranking europeu.
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Apenas para efeito comparativo, o Puma, modelo mais vendido da Ford no Velho Continente em 2021, viu suas vendas crescerem 96% no mesmo período, alcançando a 11ª colocação geral no mês passado.
Ainda atraente em termos visuais e minimamente qualificado em acabamento, conforto e conveniência, o Fiesta 2022 parece mais apto apenas para se manter na faixa intermediária que ocupa atualmente.
A Ford parece definitivamente focada nos SUVs e picapes e, sem um coração humano capaz de nutrir amor pelo próprio filho, parece inclinada a deixá-lo morrer da forma que melhor lhe convier.
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