Stellantis, Toyota e ainda a Anfavea acreditam mais no etanol como solução de transição energética
Nem sempre a indústria automotiva concorda plenamente sobre qual é o melhor caminho a se seguir diante de certos desafios. Um bom exemplo disso foi visto em debate que reuniu Adriano Barros, diretor de relações públicas e governamentais da General Motors, Antonio Filosa, presidente da Stellantis para América do Sul, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, e Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil.
A discussão aconteceu no #ABX22 – Automotive Business Experience, principal encontro de negócios do ecossistema automotivo e da mobilidade, no dia 8 de setembro, no São Paulo Expo.
É justo dizer que houve concordância de que o futuro do mercado é a eletrificação, mas a dissonância se deu na forma de chegar lá. Enquanto os representantes de Anfavea, Stellantis e Toyota se mostraram mais propensos ao uso do etanol combinado com a eletrificação como o melhor caminho para o mercado brasileiro, a GM indicou preferir ir direto para os elétricos. Barros, diretor da General Motors, justificou:
“Hoje estão sendo tomadas as decisões globais referentes aos centros produtivos de veículos elétricos. Se não estivermos preparados ficaremos para trás”.
O executivo defendeu também o carro elétrico como uma solução de “emissão zero não só de CO2 como de todos os demais poluentes”.
Carro elétrico puro ou a etanol?
Para ele, o Brasil tem plenas condições de ser desenvolvedor, produtor e exportador de veículos elétricos. “Não desejamos que nos tornemos somente importadores dessa tecnologia. Temos que dar um sinal para o mundo.” Barros lembrou ainda que mercados vizinhos ao brasileiro, como Chile e Colômbia, já estão criando regras que considerou até “agressivas” para eletrificação.
Filosa, da Stellantis, disse respeitar a posição da GM mas discordou, apontando que a combinação de biocombustível com a eletrificação é a forma mais rápida para o Brasil atingir objetivos de descarbonização.
“O etanol é a chave da transição. Com ele conseguimos não impactar os volumes de produção e nacionalizar a tecnologia de eletrificação.”
O executivo revelou que a Stellantis tem, ao todo, mil fornecedores, e que seus veículos têm, em valor, 90% de nacionalização de peças.
Chang, da Toyota, foi em caminho semelhante. Disse que “a eletrificação não é uma questão de futuro, é de presente”, mas que tudo depende da infraestrutura e da situação energética de cada mercado.
“Como marca temos híbridos, híbridos flex, híbridos plug-in, elétricos e até célula de combustível. Estamos preparados para trazer qualquer uma delas, mas as novas rotas tecnológicas têm que ser práticas e sustentáveis, e, no caso do Brasil, isso aponta para o etanol”, explicou.
Por sua vez Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, considerou o momento atual como “o mais importante e desafiador da história da indústria automobilística”. Para ele “o mundo tem urgência pela eletrificação, e muitos mercados não têm alternativa. Mas nós temos, e é a combinação da eletrificação com o etanol”.
Para o dirigente, esta tecnologia é promissora inclusive para exportação. “O Brasil reúne o que há de melhor, inclusive em produtos. Há uma grande oportunidade com as novas rotas tecnológicas, e temos tudo para nos posicionarmos muito bem no mapa global”, concluiu.