Não existe ainda uma solução definitiva – e única – para o combustível fóssil. A rigor, apesar dos “trilhões” de dólares investidos, ainda pesam muitas dúvidas em relação ao carro elétrico: não polui, mas em muitos países a geração de energia elétrica para recarregá-lo não é limpa. Em vários, ela vem de usinas a diesel ou carvão. Então sua única vantagem é trocar o local das emissões, do centro urbano para o campo;

  • Bateria ainda é mais problema que solução, pois é produzida com metais como o lítio e o cobalto, que não param de encarecer e lidam com trabalho escravo. Seu custo, volume e peso são elevados. Sua autonomia ainda deixa a desejar e a recarga demorada torna o carro praticamente limitado ao uso urbano.
  • Ser mesmo solução mais eficiente que outras sendo desenvolvidas, principalmente as que utilizam o hidrogênio (H2).

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Hidrogênio é solução dupla

Existem dois caminhos diferentes para introduzir o hidrogênio  na mobilidade veicular:

  • na célula a combustível (Fuell Cell), a partir de uma reação química com o oxigênio, gerando energia elétrica no próprio veículo. Uma solução para se ter o carro elétrico sem bateria.E ainda uma opção adicional que interessa especialmente ao Brasil: extrair o H2 do etanol para alimentar a Fuel Cell. Tecnologia que está sendo desenvolvida por duas universidades paulistas  (Unicamp e USP) em parceria com a Volkswagen e a Nissan;
  •  diretamente como combustível nos motores convencionais, em substituição aos derivados do petróleo.

Automóveis equipados com célula a combustível já existem e são comercializados experimentalmente pela Toyota (Mirai), Honda (Clarity) e Hyundai (Nexo).

A segunda possibilidade de uso do hidrogênio, diretamente como combustível para ser queimado no motor, ainda está em fase experimental.

A rigor, os testes se iniciaram efetivamente há 20 anos, pela BMW. Eu dirigi na Alemanha, em 2001, um BMW série 7 (745 h), com motor V8 preparado para queimar também o hidrogênio. Aparentemente o mesmo automóvel de série, porém com uma chave adicional no painel que alternava o combustível entre dois tanques, gasolina ou hidrogênio.

Ao mudar do primeiro para o segundo, quase nenhuma diferença de funcionamento, exceto a percepção de uma ligeira perda de desempenho com o hidrogênio. Pois o motor deveria atender aos dois combustíveis, mais ou menos como os problema do nosso flex. Ele foi ajustado para o H2, mas sem extrair seu máximo potencial.

A empresa chegou a produzir algumas dezenas de unidades do carro e o levou para demonstração em vários países. Inclusive no Brasil. Mas não se falou mais do projeto e a BMW alegou, na época, que tecnicamente não haveria problemas na utilização do hidrogênio no motor.  A dificuldade? Os elevados custos, na época, de produção, transporte e armazenamento.

Em 2001, BMW já desenvolvia carros a hidrogênio: problema, na época, era o custo do combustível (Foto: BMW | Divulgação)

Curiosamente, a BMW traz de novo o H2 à baila, não como tentou antes no motor V8, mas alimentando uma fuel-cell. No recente Salão de Munique ela exibiu um SUV X5 com este sistema, em parceria com a Toyota.

H2 volta ao motor de combustão

Outras empresas perceberam ser viável o hidrogênio como combustível de um motor convencional e voltaram a pesquisar esta possibilidade.

Akio Toyoda, presidente da Toyota, foi copiloto de um Corolla a hidrogênio numa corrida este ano. Seus engenheiros afirmam ter obtido um torque do motor 15% maior, em relação à gasolina.

A filial italiana de uma empresa belga de tecnologia, a Punch, está desenvolvendo em Turim projeto semelhante no motor de uma picape Nissan Frontier diesel. Também substituindo o combustível fóssil pelo hidrogênio, com bons resultados.

Até a Prefeitura de São Paulo está se movimentando em favor do H2 e estudando a possibilidade de instalar uma usina geradora para abastecer com ele ônibus urbanos, que já circularam no passado com a Fuel Cell.

Seja na célula a combustível, ou injetado diretamente no motor, o hidrogênio é uma opção renovável, limpa e pode ser obtido de diversas formas na natureza. Não há carbonização da atmosfera a partir de sua utilização por não conter carbono. Aliás, de sua reação química com o oxigênio (Fuel Cell) para gerar energia elétrica, o que se expele pela descarga é água pura.

No frigir dos ovos, são grandes as chances de o H2 vingar como solução limpa e sem carbonização para a mobilidade veicular, pois existem duas formas inteiramente distintas de ele ser usado para movimentar um carro: como combustível do motor tradicional ou no motor elétrico ao gerar energia dispensando a complicada bateria.

Carro movido a água é possível? Não: assista ao vídeo e entenda!

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