Esse aí nas fotos é o Viritech Apricale, um novo hipercarro – categoria dos bólidos com potência geralmente superior aos 1.000cv e custo acima do milhão de dólares – britânico que está em fase final de desenvolvimento. Como quase todos os protótipos mais recentes com foco na segunda metade desta década, ele é empurrado por eficientíssimos motores elétricos, deste caso, um para cada uma de suas rodas. Mas, diferentemente da grande maioria desses novos projetos, esse carro tem como fonte de energia o hidrogênio.
Não que usar esse gás, associado a células de combustível, seja uma novidade. Protótipos com esse sistema vêm sendo apresentados ao mundo desde, pelo menos, os salões do automóvel do final do século passado. E já há, inclusive, modelos desse tipo circulando pelas ruas do Japão e dos EUA – como, por exemplo, o Toyota Mirai. O Viritech, aliás, utiliza o mesmo sistema do silencioso carango japonês. Não há muitos detalhes divulgados, ainda, mas sabe-se que sua potência total deve passar dos 1.100cv.
Hidrogênio gera eletricidade que gera movimento
Funciona assim (de forma bem simplificada): o hidrogênio alimenta um sistema que gera eletricidade, que por sua vez movimenta os motores, dispensando a presença de um volumoso e caro conjunto de baterias. Além disso, em vez de ser recarregado em tomadas por, no mínimo, meia hora, para continuar rodando, o carro desse tipo é simplesmente abastecido com o gás, num posto parecido com os que já conhecemos, levando seu combustível armazenado em um tanque – tal qual veículos a GNV, por exemplo.
Desse modo, o peso total do sistema é consideravelmente menor que o dos elétricos “tradicionais”, pois baterias ainda pesam bastante, certamente mais que o gás. E, no final das contas, ambos emitem a mesma quantidade de gases poluentes: zero.
É claro que, para que esse zero seja realmente real, é necessário que a energia usada, tanto para carregar as baterias, quanto para a produção do hidrogênio (feito, basicamente, com água e muita eletricidade) seja igualmente “limpa”, ou seja, de fonte sustentável. E isso, pelo menos por enquanto, não acontece em grande parte do mundo. Mesmo na Alemanha, que está na vanguarda da legislação em favor da sustentabilidade, ainda há usinas termelétricas movidas a carvão (só deve se livrar delas nos próximos anos).
O gás pode ir para as pistas de competição
Mas há, ainda, uma outra opção para o uso do hidrogênio nos automóveis. De forma menos eficiente, mas igualmente viável, o gás pode alimentar modelos equipados com motores a explosão, muito semelhantes aos que usamos hoje. As emissões resultantes, claro, são enormemente menores que as geradas por combustíveis a base de petróleo e mesmo pelo etanol. E, em lugar daquela sensação um pouco, hum, neutra que guiar carros elétricos geralmente nos passa, nesse caso, há ruídos e respostas praticamente iguais as que conhecemos tão bem.
Se não são uma solução ideal em termos de sustentabilidade, que tem a eficiência energética como uma de suas chaves, por outro lado esse tipo de motor pode ser a resposta para continuarmos a ter esportes automotores nos mesmos moldes que temos hoje, com barulho e tudo. Podem ser, num exemplo prático, uma opção bem interessante para categorias como a Fórmula 1 que, com eles, não se transformaria em (mais) uma Fórmula E.
Quem sabe?