O incentivo ao abate de veículos em fim de vida deve regressar no Orçamento do Estado (OE) para 2021, mas o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, defende que este instrumento não pode voltar a ser utilizado para a troca por um carro a gasóleo ou gasolina.
“Havendo no próximo OE o incentivo ao abate — e só no próximo OE ele poderá ser considerado –, será sempre através da substituição de um veículo a combustão por um veículo elétrico. Esta é uma proposta que já reúne algum consenso junto de quem vende automóveis”, refere o governante.
Em entrevista ao jornal Eco, Matos Fernandes sustenta que “durante um longo par de anos ainda haverá combustíveis fósseis, que devem ser cada vez menos intensivos em carbono, mas serão sempre moléculas complexas de carbono.
A descarbonização faz-se com combustíveis menos poluentes, mas o ministro avisa que “se queremos chegar a 2030 com um terço da mobilidade terrestre não-fóssil temos de fazer um esforço muito grande”. “E se queremos chegar a 2050 com a mobilidade e os transportes terrestre a emitir zero carbono, aí é que já não haverá mesmo lugar para os combustíveis fósseis”, acrescenta.
Numa altura em que os apoios à mobilidade elétrica previstos para este ano na compra de bicicletas e de veículos ligeiros de passageiros por parte das empresas já estão esgotados, sobram ainda quase uma centena de cheques destinados a carros elétricos para particulares. “Muito longe de esgotar” estão os apoios para ligeiros de mercadorias, que receberam apenas 34 candidaturas face às 300 esperadas pelo Governo.
Depois de ver as vendas encolheram 46,8% nos primeiros cinco meses de 2020, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) reivindica medidas de estímulo à procura para travar esta queda e lamenta a demora na ação por parte do Governo. Ainda assim, está “esperançada” que as vendas não caiam mais de 30% este ano.