A Itália analisa a possibilidade de sobretaxar veículos poluentes e de dar incentivos fiscais a automóveis híbridos e elétricos a partir de janeiro de 2019. A medida, chamada de “ecotaxa”, foi aprovada ontem (5) pela Comissão Orçamentária da Câmara dos Deputados, que está escrevendo a Lei Orçamentária do ano que vem. No entanto, poucas horas após a aprovação, a ecotaxa já começou a gerar polêmica e protestos de montadoras e revendedoras, que apontam a possibilidade do novo imposto frear as vendas do setor.
A medida, como está formulada atualmente, prevê aplicar, a partir de 1 de janeiro, um imposto que vai de 150 euros a 3 mil euros sobre cada novo veículo com emissão de CO2 superior a 110 g/km.
Por outro lado, a medida também prevê um incentivo de 1,5 mil a 6 mil euros para aquisição de carros elétricos ou híbridos que emitem de 0 a 90 CO2 g/km.
De acordo com revendedores e representantes do mercado, a “ecotaxa” pode impactar de maneira negativa nas vendas de automóveis na Itália. Isso porque o preço final dos veículos deverá ficar no mínimo 300 euros mais caro. Como exemplo, alguns modelos Panda – o carro mais vendido na Itália – ou Fiesta poderiam custar 400 euros a mais.
Outro fator que faz os revendedores e montadoras criticarem a medida é os carros híbridos ou elétricos representarem apenas 8,5% do mercado, número insignificante perto do volume total do setor.
“Consideramos essa proposta extremamente negativa” disse Michele Crisci, presidente da Unrae, a Associação de Casas Automobilísticas na Itália. “Negativa porque, de um lado, vai afetar a venda de carros novos que já têm uma emissão menor de CO2 do que os carros antigos, que permanecerão em circulação”, criticou.
O vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, também se pronunciou de maneira contrária à “ecotaxa”. “Eu sou contra qualquer hipótese de novos impostos sobre automóveis, que já são alguns dos bem mais taxados”, disse Salvini, anunciando que pretende negociar com o Parlamento essa medida e evitar que entre em vigor.
Por sua vez, o ministro do Desenvolvimento Econômico, Luigi Di Maio, tentou minimizar as críticas. “Decidi convocar uma rodada técnica no Ministério para melhorar os incentivos aos carros elétricos, com diálogos com montadoras, como a FCA, e com associações de consumidores. Juntos, encontraremos a solução certa”, afirmou. “Nós tínhamos pensado em uma medida que possa ajudar quem quer comprar um carro híbrido, que custa mais caro”.
A medida vem em um momento em que líderes mundiais, ativistas e sociedade civil discutem mecanismos para evitar o aquecimento global, na COP24, que ocorre na Polônia.