O caminho que os automóveis Fuel Cell (FCV) tem pela frente é longo. A Toyota está consciente disso, e não perde nenhuma ocasião para nos recordar isso mesmo. Foi assim há um ano quando conhecemos a nova geração do Toyota Mirai em Amesterdão, e foi assim há mais de três anos quando testámos a primeira geração do Mirai num evento promovido pela Toyota Portugal.
Hoje, em 2021, assistimos à chegada da segunda geração da tecnologia Fuel Cell, incorporada no Toyota Mirai. Um modelo que tivemos oportunidade de conduzir durante algumas horas pelas estradas portuguesas.
Foi a primeira vez que um carro movido a hidrogénio percorreu tantos quilómetros em solo nacional. Um verdadeiro primeiro contacto, onde pudemos testar efetivamente todas as aptidões de uma das principais bandeiras tecnológicas da Toyota. Podes assistir a tudo no vídeo em destaque.
Eletrificação desde 1997
Começa a ser uma tradição. Nos anos 90, quando poucos acreditavam na eletrificação do automóvel, a Toyota iniciou esse caminho com o Prius, o primeiro híbrido do mercado de produção em massa.
Agora a história repete-se. Não com a eletrificação — que segue o seu caminho — mas com o hidrogénio. E mais uma vez, são muitas as vozes que se insurgem perante uma tecnologia que ainda tem muitos desafios pela frente.
A expansão da infraestrutura de abastecimento necessária aos FCV provavelmente vai demorar 10 a 20 anos, ou talvez até mais. É definitivamente um caminho longo e desafiante. No entanto, a bem do futuro, é um caminho que temos que percorrer.
Yoshikazu Tanaka, Engenheiro-chefe do Toyota Mirai
No entender da Toyota, que é atualmente o segundo maior construtor mundial de automóveis, as lideranças também se fazem destes desafios. De tentar dobrar os limites da engenharia a favor da humanidade.
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Enquanto escrevo estas linhas, os engenheiros da Toyota já estão inclusivamente a desenvolver a terceira geração da pilha de combustível. Um trabalho que a Toyota iniciou no já longínquo ano de 1992.
A primeira vitória do Fuel Cell
A Toyota afirma que já é mais barato fabricar o Toyota Mirai como automóvel a pilha de combustível (FCV), do que como elétrico a bateria (BEV). No entanto, se é verdade que os FCV vão mais longe, os BEV têm a vantagem de poder carregar em qualquer lugar.
Já no caso dos FCV, a infraestrutura de abastecimento em Portugal é inexistente. Até 2021 teremos na melhor das hipóteses três locais para abastecimento de veículos a hidrogénio — já contando com o posto de hidrogénio que será criado pela CaetanoBus.
Depois, também temos o desafio da produção/separação do hidrogénio. Apesar de muito abundante, o hidrogénio tem um problema: surge sempre associado a outro elemento. Dissociar o hidrogénio de outros elementos é dispendioso e só será viável do ponto de vista ambiental quando assente em energias verdes.
No entanto, a primeira prova já foi superada. Acreditando nas palavras da Toyota, parte dos desafios industriais que dizem respeito à produção da pilha de combustível (Fuel Cell) já foram superados.
E como referimos no vídeo, o automóvel é apenas um pequena parte da equação:
Elétricos a bateria contra Fuel Cell?
Não vale a pena polarizar a discussão. Os FCV não são antagónicos aos BEV, são complementares. E o mesmo podemos dizer relativamente aos carros com motor de combustão (ICE) que continuam a ter um papel muito importante na nossa mobilidade — e assim será durante muito tempo.
Na visão da Toyota, FCV e BEV têm lugar no futuro do automóvel, não significam a extinção de uma tecnologia em detrimento de outra. Uma visão que também é partilhada pela Hyundai, uma das marcas que mais aposta nos Fuel Cell e que mais acredita nesta solução.
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O Toyota Mirai em Portugal
Ao contrário da primeiro geração, o novo Toyota Mirai vai ser comercializado em Portugal. Em declarações à Razão Automóvel, responsáveis da Salvador Caetano — histórico importador da Toyota em Portugal — confirmaram a chegada do Toyota Mirai ao nosso país já este ano. Uma chegada que poderia ter acontecido em 2020, não fosse a pandemia.
Nesta primeira fase, Portugal vai ter dois postos de abastecimento de hidrogénio: um na cidade de Vila Nova de Gaia, e outro em Lisboa.
De resto, importa recordar que no capítulo da mobilidade a hidrogénio, a Salvador Caetano está presente em várias frentes. Não só através do Toyota Mirai, mas também através da Caetano Bus que está a desenvolver um autocarro movido a hidrogénio. É neste particular, que Salvador Caetano vai adiantar-se à iniciativa pública. O importador nacional da Toyota, através da Caetano Bus, vai implementar um posto de carregamento de hidrogénio próprio.
Se quisermos estender ainda mais os esforços da Salvador Caetano, podemos mencionar outras marcas que estão sob tutela desta empresa em Portugal: a Honda e a Hyundai, que também comercializam carros movidos a hidrogénio noutros países, e que brevemente poderão também fazê-lo em Portugal.
Um deles, nós inclusivamente já testámos, o Hyundai Nexo. Um teste que podes rever neste artigo, ou se preferires, neste vídeo:
TENS DE LER: Testámos o Toyota Mirai. O carro que emite «água» pelo escape