Quase 10 anos depois de prometer construir uma fábrica de carros na Bahia, a JAC Motors pode finalmente ter uma linha de montagem própria no País. Porém, no Estado de Goiás. E para produzir somente veículos elétricos. É o que informou o gerente geral da montadora chinesa em Brasília, Roberto Sandes, ao jornal local O Popular.
De acordo com Sandes, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia quer receber a, então, fábrica de elétricos da JAC Motors. “Vamos marcar uma reunião entre a Prefeitura e o presidente da JAC Motors no Brasil, Sérgio Habib, para discutir as tratativas”, afirmou. A iniciativa envolve também a Cooperativa de Transporte Individual Privado de Goiás (Coopgo).
Carro elétrico para fugir da gasolina a R$ 6
O projeto, segundo a reportagem, pretende atender a alta demanda por carros elétricos na região. Entretanto, esse “desejo por largar” os veículos a combustão surge não por objetivos ecológicos e sustentáveis, mas por causa do alto preço da gasolina no estado. No momento, o litro do combustível fóssil em Goiás se aproxima da barreira dos R$ 6.
Para os líderes goianos, o descontrole do preço da gasolina preocupa, uma vez que o estado possui cerca de 30 mil motoristas de aplicativo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, a solução pode ser uma fábrica local de carros elétricos simplificados, para abastecer não só Brasília e Goiás, mas toda a região.
Cooperativa quer carros simplificados
Atualmente, o carro elétrico mais barato do Brasil custa o equivalente a um automóvel de luxo. Trata-se do JAC iEV20 (foto), versão elétrica do antigo J2, que foi vendido alguns anos atrás. O hatch é alimentado por baterias, tem até 400 km de autonomia e custa R$ 149.900.
Dessa maneira, a Coopgo propõe à JAC simplificar os veículos. Segundo o presidente da cooperativa, Marcelo Conrado, é necessário reduzir o custo de aquisição desses modelos para viabilizar o projeto. “Pedimos algumas mudanças, como a retirada das rodas de liga leve e revestimento de couro nos assentos, para que o preço fique mais atrativo”, disse Conrado.
Segundo o líder da cooperativa, com algumas adequações é possível baixar o preço final em quase R$ 70 mil. Assim, um carro de R$ 179 mil pode ser vendido, em versão mais “pelada”, por cerca de R$ 109 mil. “Pelos nossos cálculos, o financiamento do carro elétrico no valor de R$ 109 mil, mais o custo de quilômetro rodado, fica em média R$ 2.500”, diz Conrado.
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Fábrica em localização estratégica
A escolha por Aparecida de Goiânia não vem ao acaso. De acordo com Roberto Sandes, chefe da JAC em Brasília, o pequeno município da grande Goiânia fica próximo do Porto Seco de Anápolis e, portanto, tem localização privilegiada para o escoamento de cargas para todo o país. Além disso, um projeto prevê a construção de um aeroporto empresarial na cidade.
Benefícios fiscais garantidos
No fim de 2020, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), renovou os benefícios fiscais para fábricas do centro-oeste do Brasil. Neste caso, o Grupo Caoa, com unidade em Anápolis. E a HPE Automotores, representante da Mitsubishi Motors e da Suzuki Veículos, com instalações em Catalão. A JAC, assim, seria a terceira empresa no estado.
JAC Motors nega possibilidade de fábrica
Em conversa com a redação do Jornal do Carro, a JAC Motors negou, portanto, qualquer possibilidade de construir uma fábrica de carros elétricos em Goiás. Segundo a chinesa, o volume de vendas desses veículos hoje no país é insuficiente para viabilizar a produção local. Além disso, os carros elétricos atualmente são isentos da taxa de importação de 35%.