Vivemos dias em que todas as montadoras de automóveis, sem exceção, estão revolucionando por completo suas gamas de veículos, projetando plataformas específicas para servir de base ao maior número possível de modelos.

A base MEB servirá todos os Volkswagen, Audi compactos e médios. No Grupo Hyundai será a e-GMP a fazer idêntica função: a ideia é lançar 23 modelos 100% elétricos no mercado até 2026 (alguns dos quais versões de modelos já existentes, sem plataforma dedicada), ano em que o objetivo é o de colocar um milhão de carros “a pilhas” na estrada entre as duas marcas (Kia e Hyundai).

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Meses depois do ‘irmão’ Hyundai Ioniq 5, quem chega agora é o Kia EV6, que também causará enorme impacto pela estética “fora da caixa” e que já foi anunciado pelo CEO da marca no Brasil, José Luiz Gandini, para chegar por aqui em 2022.

Se no caso dos Volkswagen ID fica a ideia de que, apesar do nome, falta identidade que os associe aos “irmãos” com motor a combustão, aqui isso também acontece, mas de maneira distinta: parece que alguém no consórcio coreano tem uma paixão por carros italianos vintage de ralis.

Mas com proporções meio SUV, meio hatch, meio Jaguar I-Pace, em um carro que tem uns amplos 4,70 metros de comprimento (menos 6 cm do que o Hyundai), a mesma largura (1,89 m), menos 5 cm de altura (1,60 m), além de uma muito esticada distância entre-eixos, de 2,90 metros (ainda assim, 10 cm mais curta do que a do Ioniq 5).

Além das proporções inusitadas, o design marca pontos em caráter. Temos o que a Kia chama de “reinterpretação do rosto de tigre na era digital”, com a grade frontal quase a desaparecer, ladeado pelos proeminentes faróis estreitos LED e com uma entrada de ar inferior que ajuda a criar sensação de largura.

De perfil, a tal silhueta de crossover é cheia de ondulações que ajudam a evidenciar o longo comprimento, terminando em uma traseira marcante fruto da enorme faixa LED que se estende de um lado ao outro do EV6 e chegando mesmo aos arcos de cada uma das rodas.

Minimalismo “escandinavo”

Imagem: Divulgação

O moderno interior tem uma apresentação muito “arejada” pelo painel e console central, de um minimalismo escandinavo e graças aos bancos finos, cobertos por plásticos reciclados.

As superfícies são maioritariamente de toque duro e aspeto simples, mas com acabamentos que denotam qualidade e robustez, enquanto o painel de bordo mostra duas bem integradas telas curvas de 12,3″, a da esquerda para a instrumentação e a da direita, ligeiramente direcionada para o motorista, da central multimídia.

Subsistem alguns botões físicos, principalmente para as funções de climatização e de aquecimento dos bancos, mas quase tudo o resto é operado pela tela tátil central.

2ª fila convidativa

Kia EV6 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Com um tão grande afastamento entre os dois eixos, não estranha que o espaço para pernas na segunda fila de bancos seja imenso, até pela colocação das baterias no piso do carro, não existindo qualquer obstrução no piso, para maior relaxamento e liberdade de movimentos dos passageiros.

Sem surpresa – também pela colocação da bateria no piso -, a altura dos assentos é elevada, algo que em um SUV é fácil de compensar para que os passageiros traseiros não tenham que viajar com as pernas demasiado dobradas.

O porta-malas é igualmente generoso, com um volume de 520 litros (até 1300 com as costas dos bancos traseiros rebatidas) e formas facilmente aproveitáveis, a que se juntam mais 52 litros sob o capô dianteiro ou apenas 20 no caso da versão 4×4 por existir um segundo motor elétrico à frente – mas ainda assim útil para guardar os cabos de carregamento da bateria.

Olhando para o que a concorrência oferece, é um volume superior ao do Ford Mustang Mach-E (402 litros) e inferior ao do VW ID.4 (543), tentando o Kia compensar com o tal pequeno porta-malas debaixo do capô dianteiro.

Performances de esportivo

Kia EV6 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

As versões de acesso à gama EV6 são apenas de tração traseira (bateria de 58 kWh e potência de 170 cv ou de 77,4 kWh e 229 cv), mas a unidade de teste que nos foi cedida era a 4×4, no caso até na sua derivação mais potente de 325 cv e 605 Nm.

Nos próximos meses, já em finais de 2022, junta-se à família um EV6 GT 4×4 mais potente que eleva o rendimento total para os 584 cv/740 Nm, daí resultando uma aceleração de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos e uma surpreendente velocidade de ponta de 260 km/h.

Para a esmagadora maioria dos futuros motoristas, a versão de 325 cv chega e sobra para suas exigências, ao mesmo tempo que se posiciona como rival do ID.4 GTX da VW.

O peso de 2,1 toneladas é compensado pelo rendimento conjunto do motor dianteiro de 100 cv e traseiro de 225 cv, que lhe permitem prestações de esportivo: 0 a 100 km/h em escassos 5,2 segundos, 185 km/h e, sobretudo, recuperações de 60 a 100 km/h em apenas 2,7 segundos ou de 80 a 120 km/h em 3,9 segundos ajudam a perceber que este Kia é realmente muito dinâmico.

Dispõe também de sistema de recuperação de energia operado através de aletas colocadas atrás do volante para que o motorista possa escolher entre seis níveis regenerativos (nulo, 1 a 3, “i-Pedal” ou auto).

A direção requer, como em todos os elétricos, um período de adaptação, mas tem um peso bem calibrado e uma resposta suficientemente comunicativa.

Melhor até do que a suspensão que, se é verdade que consegue conter bem os movimentos transversais da carroceria, acaba por se revelar demasiado nervosa ao passar sobre maus pisos, especialmente nas solicitações de altas frequências.

400 a 600 km de autonomia

Kia EV6 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Tão ou mais relevante em um carro elétrico é tudo o que tem relação com sua autonomia e velocidade de carregamento – e aqui o EV6 parece ter tudo para fazer boa figura.

São prometidos 506 km com a bateria cheia (podendo cair para cerca de 400 km se predominarem vias rápidas ou estender-se até aos 650 km se não se sair de trajetos urbanos), isto com as rodas menores, de 19″ – com as de 20″ as autonomias homologadas são de 484 a 630 km).

Este é o primeiro modelo de uma montadora generalista (a par do Ioniq 5) a dispor de carregamento com uma tensão de 400 ou 800 volts (até hoje só a Porsche e a Audi – na verdade, o mesmo sistema – o ofereciam), indiferenciadamente e sem necessidade de utilização de adaptadores de corrente.

Quer dizer que, nas condições mais favoráveis e com a potência de carga máxima admitida (de 240 kW em DC), este EV6 AWD pode “encher” a bateria de 77,4 kWh até 80% da sua capacidade em apenas 18 minutos ou acrescentar a energia suficiente para 100 km de condução em menos de cinco minutos.

Numa Wallbox a 11 kW serão necessárias 7h20m para um carregamento completo, mas apenas 1h13m em um posto rápido a 50 kW – em ambos os casos para passar de 10 a 80% do conteúdo energético da bateria.

Primeiras impressões

Kia EV6 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Com um design muito personalizado, interior amplo e porta-malas condizente, o novo EV6 é o rival direto do ID.4 da VW, mas também do Ford Mustang Mach-E. Consegue prestações de esportivo, autonomia muito satisfatória e um sistema de carregamento do mais avançado que existe no mercado.

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