De quais lançamentos de Kia e Hyundai nos últimos anos você consegue se lembrar? Se o leitor pensa muito mais na fabricante do HB20 do que na irmã menor, é porque, de fato, a glória esteve mais ao lado da Hyundai nos últimos anos – principalmente no Brasil.
Mas a Kia está com saudade dos holofotes, e o Brasil vem recebendo alguns dos melhores carros fabricados pela coreana. O Kia Niro é um deles.
Ele chega em duas versões, EX (R$ 204.990) e SX Prestige (R$ 239.990).
Desde a EX, há um bom nível de equipamentos e atenção aos detalhes, além da mecânica híbrida. A topo de linha vai além e acrescenta elementos que tornam o Niro um carro digno de chamar bastante atenção.
Nos Kia mais novos, o exterior dos carros é bem particular e a cabine praticamente igual.
Desse modo, o visual do Niro é totalmente diferente de qualquer outro modelo da marca à venda. As lanternas chamam atenção pelo formato de bumerangue e estão na coluna C – deixando a tampa do porta-malas limpa.
O sentido vertical do par de luzes parece “empinar” a traseira do SUV e, de vez em quando, durante nosso test-drive, algum curioso, induzido pela aparência, perguntava se ele é superior ao novo Sportage.
Em termos de preço não é (o Sportage custa entre R$ 224.990 e R$ 259.990), mas o Niro é mais eletrificado do que o híbrido leve e, mesmo menor no porte, tem entre-eixos maior.
“O Sportage está com uma fila de espera considerável. Vários concessionários ofereceram o Niro como alternativa e mais da metade do primeiro lote de 145 unidades foi vendido assim”, contou o presidente da Kia do Brasil, José Luiz Gandini.
Esses clientes trocaram um motor turbo e hibridização leve por um motor aspirado em um híbrido convencional: automóvel que, a exemplo do Toyota Corolla Cross, tem um motor elétrico capaz de tracionar o carro, mas sem conexão à tomada.
Esse conjunto costuma favorecer as arrancadas. Mas o Niro deixa a desejar em cenários como a ultrapassagem em pista simples, uma vez que acima dos 100 km/h as retomadas são lentas.
Com 141 cv e 27 kgfm, o modelo é só um pouco mais potente que o Fiat Pulse 1.0 turbo, mas tem torque de Jeep Compass 1.3 turbinado.
Isso ocorre por conta do motor elétrico, que favorece bastante o torque; principalmente nas acelerações urbanas, o carro tem agilidade bem superior à de um modelo convencional.
Surpresa na pista
O grande acerto está na forma de harmonizar os dois motores em busca de eficiência máxima.
Surpreendidos pelos resultados apontados pelo Inmetro (19,8 km/l de gasolina, cidade), nos apressamos em levar o Niro à pista de testes, onde a surpresa foi maior.
Na nossa prova, ele atingiu 21,7 km/l na cidade e 20,2 km/l na estrada, superando os 18,3 km/l e 16,9 km/l do Corolla Cross.
São raras as ocasiões em que o 1.6 do Niro está ligado na cidade, e o torque instantâneo do motor elétrico dá agilidade em saídas do repouso.
Em médias velocidades, o motor térmico começa a trabalhar, afinal de contas o elétrico tem apenas 43 cv e as baterias, meros 1,6 kWh (um carro 100% elétrico pode ter 60 vezes isso).
A partir daí, o computador do veículo trabalha ativamente e, em um 1 km, pode mudar o modo de condução mais de dez vezes, segundo a fábrica.
A maioria dessas mudanças é imperceptível ao motorista e envolve desligar o motor 1.6 em descidas, utilizar ambos ao mesmo tempo para ultrapassagens, usar o 1.6 para carregar as baterias ou simplesmente desligar tudo, aproveitando a frenagem em descida para recarregar o conjunto de células.
Um programa de computador bem projetado, vale destacar, já é tão importante para um carro híbrido quanto a qualidade mecânica de seus outros componentes.
O Niro é fabricado sobre a nova plataforma global do Grupo Hyundai/Kia, K3.
Ela tem como característica um vão livre menor, o que pode fazer o Niro raspar em rampas ingratas. Ao mesmo tempo, sua proporção mais larga e mais baixa traz bastante estabilidade em curvas.
Um Quê futurista
O conjunto de suspensão colabora e filtra as vibrações, amenizando a circulação em vias esburacadas.
O isolamento acústico nas caixas de rodas completa a lista, favorecendo o silêncio interno.
Mesmo a versão de entrada vem com sete airbags, e o trabalho estrutural na plataforma fez o Niro obter 5 estrelas nos testes de segurança como os criteriosos Euro NCAP e NHTSA.
A versão de topo amplia a proteção com o pacote de automação veicular e inclui sistemas que previnem colisões.
No Niro, a Kia repetiu o interior de modelos como o Sportage e o prestigiado elétrico EV6.
Todos contam com o mesmo painel, com duas telas de 10,25 polegadas unidas sob a mesma moldura, que funcionam como quadro de instrumentos e central multimídia.
No console central, um disco substitui a alavanca de câmbio e o volante de dois raios nos remete aos anos 1970, quando esse desenho era moda.
Comparado a outros SUVs médios, de marcas generalistas, o Niro tem nível de acabamento acima da média, com pouco plástico duro e visual de luxo e atenção aos detalhes.
Há um quê futurista nas telas e na barra de comandos touchscreen, que serve para a multimídia e o ar-condicionado bizona e todo o acabamento interno tem variedade de texturas.
Em tempos em que é difícil se sentir especial dentro de um carro, o modelo da Kia parece fazer questão de mostrar cuidado em sua montagem. O Niro não é barato, mas sem dúvida faz questão de lembrar, o tempo todo, que o seu dinheiro foi bem gasto.
Veredicto Quatro Rodas
Cumpre o que se espera de um SUV médio híbrido na faixa dos R$ 200.000. Logo, sem esportividade.
Teste Quatro Rodas
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,5 s
0 a 1.000 m: 32,9 – 159 km/h
Velocidade máxima
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,6 s
D 60 a 100 km/h: 7,5 s
D 80 a 120 km/h: 9,1 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,5/24,1/54,2 m
Consumo
Urbano: 21,7 km/l
Rodoviário: 20,2 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 45,2/66,7 dBA
80/120 km/h: 62,5/69,8 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 1.900 rpm
Volante: 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço básico: 239.990
Garantia: 5 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 29 °C; umid. relat., 49,5%; press., 1.010 kPa. Realizado na Pista de Testes ZF
Ficha Técnica
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 16V, 1.589 cm³, 141 cv a 5.700 rpm, 14,7 kgfm a 4.000 rpm. Elétrico, dianteiro, 43 cv, 17,3 kgfm; potência combinada, 141 cv; torque combinado, 27 kgfm
Câmbio: automático, DCT, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica progressiva, 10,6 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 225/45 R18
Peso: 1.394 kg
Dimensões: compr., 442 cm; larg., 182,5 cm; altura, 154,5 cm; entre-eixos, 272 cm; porta-malas, 425 litros; tanque, 50 litros
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