O Lamborghini Sián Roadster, agora descapotável e ainda com dois lugares, usa o mesmo motor V12 e debita os mesmos 819 cv do coupé, e terá uma produção limitada a 19 unidades. Mas, não obstante o preço de cada unidade ser superior a 3,5 milhões de euros, todos esses 15 561 cavalos já têm dono…
Mesmo para as marcas de superdesportivos a hibridização dos motores é o único caminho para a sobrevivência. Serve na perfeição para melhorar as prestações e baixar os consumos e emissões, ao mesmo tempo que permite manter o “drama” sonoro e de sensações que só a propulsão com motores a gasolina permite.
A Lamborghini começou a preparar o caminho com o protótipo eletrificado Asterion LPI 910-4 (um híbrido plug-in de 2014), tendo até posteriormente (em 2017) se aventurado com um concept totalmente elétrico, o Terzo Millenio, cuja concretização ficará para mais tarde.
VÊ TAMBÉM: Já se pode comprar o Lamborghini Sián FKP 37 em… Lego
Agora com o Sián, em duas derivações de carroçaria, chegou, então, o primeiro modelo de produção em série (limita a 63 unidades no coupé e a 19 no roadster) com motor elétrico em apoio ao V12 a gasolina, o que justificou o seu nome. No dialeto bolonhês (região onde se situa Sant´Agata Bolognese, onde nasceu e está sediada a marca do touro enraivecido) significa “flash de luz” ou “relâmpago”.
Testosterona por todos os poros
Observado a partir de um plano superior, o Sián Roadster presta tributo à icónica linha de periscópio inspirada no primeiro Countach, que corre na diagonal do cockpit até à musculada traseira do carro e culminando nos perfis aerodinâmicos por detrás do condutor e do passageiro.
Tal como no coupé — mas agora com o “drama” adicional de ter sido removido o tejadilho —, os contornos dramaticamente moldados e as formas de carroçaria esculpidas pelo vento juntam-se á dianteira rasteira e ao divisor frontal em fibra de carbono que toca, nas extremidades, os marcantes faróis dianteiros em “Y”.
A tecnologia ajudou a definir este design arrasador, como no caso das aletas de refrigeração ativas na traseira que usam materiais oriundos da tecnologia aeroespacial (patenteadas pela Lamborghini na indústria automóvel). São peças móveis que vão alterando a passagem do ar mediante a deformação térmica de acordo com a temperatura das saídas de escape, como solução de refrigeração leve e refinada.
A traseira de forte personalidade incorpora o motivo gráfico hexagonal da Lamborghini, incluindo os seis farolins inspirados nos do Countach, enquanto a asa traseira é integrada no perfil, estendendo-se apenas durante a condução para melhorar o comportamento e as prestações.
O Sián Roadster (e também, o coupé) é o segundo maior Lamborghini de sempre (apenas superado pelo atual SUV Urus), com 4,98 m de comprimento, 2,10 m de largura e 1,13 m de altura; ou seja, 18 cm mais comprido do que o Aventador (com que partilha a plataforma e também iguala na distância entre eixos) e 7 cm mais largo.
VÊ TAMBÉM: O início da era híbrida na Lamborghini é este superdesportivo V12
350 km/h, 2,9 s de 0 a 100 km/h, 2 kg/cv…
Tão superlativo quanto o seu estilo é o nível de prestações prometido: mais de 350 km/h, um disparo de 0 a 100 km/h em “menos de 2,9 s” (uma décima mais lento do que o Coupé) e, sobretudo, retomas de velocidade de provocar tonturas mesmo a mentes habituadas a acelerações vertiginosas.
Para ir de 70 a 120 km/h em 6ª e 7ª usa menos 1,2 segundos do que um Lamborghini Aventador SVJ, cortesia do empurrão dado pelo motor elétrico (acoplado à transmissão e funcionando a 48 V) de apenas 34 cv e que a partir dos 130 km/h se desliga (não podendo, porém, ser responsável único pela locomoção do carro).
Suficientes, porém, para melhorar as recuperações (em 10% segundo os engenheiros italianos) e também para suavizar as passagens de caixa do transmissão automática de sete velocidades: o momento em que a desaceleração e a ausência de binário é sentida durante as passagens de caixa num motor de combustão tradicional é eliminado pelo binário fornecido pelo motor elétrico, o que permite que os ocupantes sintam apenas o empurrão para trás pela aceleração, sem solavancos desconfortáveis.
Mas, claro, o protagonista da dinâmica do Sián Roadster é o V12 — também emprestado pelo Aventador, mas aqui com mais 15 cv —, com uma potência máxima de 785 cv, o que perfaz um rendimento total de 819 cv. Em pleno território até aqui ocupado exclusivamente pelos também híbridos Ferrari La Ferrari (963 cv, 0 a 100 km/h em 3,0s e velocidade de ponta de 350 km/h) e Porsche 918 Spyder (887 cv, 2,6s e 345 km/h).
VÊ TAMBÉM: O Lamborghini mais potente de sempre é um… iate com mais de 4000 cv!
“Bateria” especial de corrida
Uma das maiores inovações tecnológicas no Sián é o super-condensador que consegue armazenar dez vezes mais energia do que uma bateria de iões de lítio, tendo sido montado na antepara entre cockpit e motor, para otimizar a distribuição de massas do carro.
É três vezes mais potente do que uma bateria com o mesmo peso e três vezes mais leve que uma bateria que produza a mesma potência. O conjunto do sistema elétrico, ou seja, condensador e motor elétrico, pesa apenas 34 kg, ajudando á sensacional relação peso potência do Sián Roadster de apenas 2,0 kg/cv.
O fluxo de energia simétrico garante a mesma eficiência/potência nos ciclos de carga e descarga, o que significa também que recupera mais energia também nas travagens.
Alguns dados em comum com o Coupé: a tração é feita às quatro rodas (embraiagem Haldex e diferencial autoblocante traseiro), o chassis é feito em fibra de carbono (com sub-chassis dianteiro e traseiro em alumínio), há discos carbocerâmicos a espreitar por entre as jantes ultraleves, envolvidas por pneus Pirelli P Zero Corsa 255/30 ZR20 à frente e 355/25 ZR21 atrás.
VÊ TAMBÉM: Lotus Evija: “um caça num mundo de papagaios de papel”
19 x >3,5 milhões
Não se trata de uma fórmula matemática (ou até pode ser para os financeiros da Lamborghini fazerem as contas ao que entra nos seus mealheiros…). É o número de unidades que vão ser fabricadas multiplicado pelo preço unitário superior a 3,5 milhões de euros de cada uma.
Com tão imponente verba é apenas natural que cada uma possa ser totalmente personalizada por dentro e por fora (chegando mesmo à impressão 3D com as iniciais do cliente) com o departamento Ad Personam da Lamborghini, responsável pela produção desta peça de coleção sobre rodas.
O Sián Roadster que vemos nas fotos tem cor Blue Uranus (que pretende replicar o azul do céu a que mais facilmente se tem “acesso” nesta versão desprovida de tejadilho) e jantes Oro Electrum, um tom que remete para a sua eletrificação.