Poucos veículos no mundo se confundem tanto com a categoria como o Jeep Wrangler. O modelo é um dos suprassumos do universo off-road ao lado de Mercedes-Benz Classe G, Land Rover Defender, do falecido Troller T4 e do “ressuscitado” Ford Bronco.

Se qualquer Wrangler tem alta capacidade 4×4, imagina a versão topo de linha, a Rubicon, nosso “Teste da Vez”. Com sistemas inovadores como caixa de transferência de duas velocidades, o utilitário mostra que não há caminho correto a seguir, seja o desafio que for, ele supera com facilidade e como se estivesse “passeando no parque”.

O modelo é um dos suprassumos do off-road mundial.

O modelo, que é sonho de consumo de qualquer jipeiro, tem como principal obstáculo – como quase todo o mercado automotivo brasileiro – o preço. A versão mais cara do Wrangler está disponível no Brasil por salgados R$ 439.590.

Mas a Rubicon é uma versão cara até mesmo nos Estados Unidos. Por lá, de onde ele vem importado, a topo de linha custa US$ 75.095, o equivalente a R$ 414.610 apenas na conversão direta, ou seja, um “brinquedo” para poucos em qualquer lugar.

Visual clássico

Já na quarta geração, o SUV mantém o estilo clássico da marca.

Criado em 1987 para substituir o famoso Willys, o Wrangler mantém até os dias de hoje o estilo tradicional que fez a Jeep ser a montadora que é. Da grade de sete aberturas aos faróis redondos, passando pelo porte robusto, pneu na traseira e capota – e todo o resto – removível, tudo lembra os modelos clássicos da marca.

Lógico que, a nova geração, tem um quê de modernidade digno de um veículo do século 21, mas sempre respeitando a identidade 4×4 da histórica marca. Por exemplo, todo o conjunto óptico é em LED, com as luzes de circulação diurnas em torno da área externa dos faróis.

Jeep Wrangler Rubicon

Os pneus lameiros são apenas um dos destaques do modelo.

Ele ainda conta com grandes para-choques de aço com ganchos na dianteira e na traseira, para-lamas reforçados, pneus off-road de 33 polegadas e estepe na traseira. Mas um dos grandes destaques do estilo do Wrangler é poder “desmontá-lo”.

É possível retirar a capota traseira, o teto, as portas e o para-brisa pode deitar ou ser totalmente removido. Lembrando que, sem as portas e o vidro dianteiro, não é permitido rodar nas cidades ou rodovias, seja urbanas ou rurais, apenas em locais fechados, como fazendas, onde fizemos parte do nosso teste.

Outro diferencial do Wrangler é de poder desmontá-lo quase todo.

Um ponto interessante – além da emoção de rodar com o carro todo aberto – é que, mesmo se retirar tudo, o sistema de som do veículo permanece, porque foi alocado na parte tubular superior do chassi, apesar que, no meio do mato, o mais interessante é ouvir os pássaros cantando.

Além disso, o Wrangler é quase “plug-in play”, facilmente desmontável e montável. A única peça que precisa de mais de uma pessoa é a capota e mais pelo tamanho do que pelo peso, já que ela é feita de fibra e não pesa muito. O grande porém na hora de rodar com ele “pelado” é onde deixar as partes removidas.

Jeep Wrangler Rubicon

A cabine une modernidade com o estilo clássico 4×4.

Por dentro, o estilo off-road se mantém, apesar do quê de modernidade. É plástico emborrachado para tudo que é lado, os tapetes são do tipo bandeja. O painel em vermelho, assim como as costuras dos bancos e volante (que são em couro) e outros detalhes espalhados pelo carro, dão um ar menos sóbrio ao interior.

Apesar de ser um veículo grande, o Wrangler não é muito convidativo para cinco passageiros. Para ter um conforto maior, o ideal são quatro mesmo. Nesta configuração, é possível viajar ou fazer trilhas sem maiores apertos. O porta-mala é relativo, com a capota é possível levar muita bagagem, sem ela, há um limite menor, mas ainda bom.

Modernidade a prova

Jeep Wrangler Rubicon

A central multimídia conta com páginas dedicadas as funções 4×4.

Como falamos, apesar do clássico estilo 4×4, a Rubicon conta com um quê de modernidade na lista de equipamentos. Como topo de linha, ele é bem completo. Ele vem com ar-condicionado digital, dual zone e com saída para a traseira, central multimídia com tela de oito polegadas, sete portas USB sendo quatro para os ocupantes de trás, navegador e funções off-road.

Ele ainda tem chave sensorial com revestimento anti-impacto para abertura das portas e partida do motor por botão, painel de instrumentos com display digital e ajustes manuais para o banco do motorista. Pode ficar a pergunta de por que não elétrico, não casaria muito bem com travessias de rios, por exemplo.

Jeep Wrangler Rubicon

São sete portas USB e uma tomada 110v, apesar de ser no padrão americano.

Na parte da segurança, ele vem com quatro airbags (frontais e laterais), controles de tração, estabilidade e oscilação da carroceria, assistentes de partida em rampa e de descida, monitoramento de pontos cegos e de pressão dos pneus, freios a disco nas quatro rodas, câmera de ré, piloto automático e sensor de estacionamento traseiro.

Suprassumo do 4×4

Jeep Wrangler Rubicon

Um dos melhores sistemas 4×4 que existe.

Como herdeiro direto de um dos primeiros veículos 4×4 da história, a capacidade off-road do Wrangler é indiscutível. Assim, como é de se esperar, os números da Rubicon são impressionantes até mesmo dentro da marca.

Ele tem ângulos de 44° de entrada, 37° de saída e 27,8° de inclinação em rampa, a distância livre do solo é de 277mm e a capacidade de submersão é de 760mm, com os pneus originais de 33 polegadas. Ele ainda é capaz de rebocar 1.587kg e conta com placas de proteção sob a carroceria, pode arrastar que não terá problemas.

Jeep Wrangler Rubicon

Até a suspensão foi pensada para trabalhar bem no fora de estrada.

Além dos números, ele conta com equipamentos que auxiliam ainda mais na hora de superar qualquer obstáculo. Pela primeira vez na sua história ele vem com uma caixa de transferência de duas velocidades com tração integral permanente e uma relação reduzida de 2,72:1.

Batizada de Selec-Trac, essa nova caixa de transferência é intuitiva e permite que o condutor a configure e “esqueça”, deixando todo o trabalho de distribuição de força para o veículo. O sistema Command-Trac 4×4 permitiu utilizar eixos dianteiros e traseiros de última geração, otimizando o trabalho do conjunto.

Jeep Wrangler Rubicon

Não há caminho que o Wrangler não faça.

Com isso, são quatro tipos de tração: 4×2, 4×4 Auto (que funciona como um sistema integral, podendo, inclusive, ser utilizada em alta velocidade no asfalto), 4×4 Part Time (o clássico sistema com bloqueio de diferencial) e a 4L (a famosa reduzida, que praticamente transforma o utilitário em um trator).

A Rubicon conta também sistema Rock-Trac 4×4 com eixos Dana 44 e relação de reduzida de 4:1. Ainda fazem parte do conjunto, diferenciais de bloqueio eletrônico Tru-Lok, barra estabilizadora dianteira com desconexão eletrônica (outra novidade da versão), suspensão 50mm mais alta e pneus lameiros BF Goodrich de 33 polegadas.

Pequeno e forte

Jeep Wrangler Rubicon

O motor trabalha bem, seja no asfalto ou no “modo trator”.

O conjunto mecânico do Wrangler recebeu uma boa atualização com a nova geração. O utilitário deixou de utilizar o potente V6 para usar um poderoso 2.0 turbo. O interessante é que, a nova caixa tem 272 cavalos (12 a menos que a anterior) e 40,8kgfm de torque (5,4kgfm a mais).

Ele ainda vem com sistema start/stop, que conta com corte da injeção de gasolina, transmissão automática de oito velocidades com gerenciamento das trocas de marchas, carregamento inteligente da bateria e frenagem regenerativa, tudo visando a redução do gasto de combustível. E direção elétro-hidráulica, que melhora a condução.

Jeep Wrangler Rubicon

O consumo, mesmo com grande parte rodando no fora de estrada, foi muito bom.

Durante nosso teste, rodamos nos mais diversos terrenos, com foco maior no fora de estrada, claro. Mas também andamos bem no asfalto. Dois pontos surpreenderam, o consumo, que para o porte do veículo foi muito bom, ao final a média foi de 7,7km/l, contando todos os percursos, rodando apenas na cidade ele marcou 9,5km/l.

Outra é que, mesmo equipado com pneus lameiros de 33 polegadas, o utilitário não parece uma “mula manca”. A suspensão trabalha muito bem, deixando o rodar o mais macio possível, para um veículo puramente 4×4, com isso, no asfalto ele se sai bem.

Jeep Wrangler Rubicon

O câmbio é automático de oito velocidades.

Falando de ir bem no asfalto, o poderoso motor atua muito bem. Mesmo pesando mais de 1,8 tonelada, ele atende perfeitamente aos comandos do acelerador. O alto torque permite saídas e retomadas rápidas e seguras, todas as manobras são feitas sem esforço.

“Passeio no parque”

Jeep Wrangler Rubicon

Toda pista, mesmo as mais acidentadas, é um “passeio no parque”.

No asfalto o Wrangler manda bem, mas é no fora de estrada que ele se mostra totalmente. Todo o sistema 4×4 trabalha para que nenhum obstáculo seja difícil de superar. Na verdade, o difícil foi encontrar algo que gerasse uma mínima resistência ao SUV.

Em trilhas normais, onde qualquer veículo off-road passa com certa facilidade, ele parecia estar em um passeio no parque. Se for um local minimamente desafiador para outros modelos, ele supera com incrível facilidade.

Jeep Wrangler Rubicon

Não há obstáculo que ele não supere, e com facilidade.

Terrenos acidentados pedem apenas o 4×4 auto. Lugares que seriam necessário ativar a reduzida em 99% dos modelos, ele pede apenas o 4×4 parcial. Para ativar a reduzida, o que praticamente transforma o SUV em um trator, é necessário muita lama ou subidas íngremes e repletas de cascalhos e valas.

Sem falar no sistema que desloca a barra dianteira, para superar áreas com grandes rochas, quase impossível de se encontrar por aqui. Por fim, o grande diferencial do Wrangler Rubicon é transformar qualquer trilha desafiadora em algo fácil. Onde a maioria não passaria, ele supera com extrema facilidade.

A opinião do Diário Motor

Jeep Wrangler Rubicon

Jeep Wrangler Rubicon.

O Wrangler não é um dos suprassumos do universo off-road atoa. O utilitário mostra que quem escolhe o caminho é o motorista. A versão topo de linha do SUV, a Rubicon, vai além, deixando qualquer trajeto fácil como entrar em um estacionamento e shopping.

Para os mais puristas, o estilo robusto e funcional se mantém, mesmo com muitos detalhes modernos. Com a nova geração, o Wrangler se apresenta como um modelo versátil, que se adapta bem ao dia a dia das grandes cidades, com tecnologia e segurança a bordo, sem perder a essência off-road.

Jeep Wrangler Rubicon

Um brinquedo de desmontar para quem gosta de uma boa trilha.

Sem falar no fato que ele pode ser todo desmontado. Fazer uma trilha já é algo revigorante pelo contato com a natureza, sem o teto e as portas do carro a emoção é ainda maior. Vale a pena todo esforço para desparafusar as dezenas de parafusos para andar ainda mais ao ar livre.

O grande porém dele é, como sempre, o preço. Mas mesmo custando quase meio milhão de reais (R$ 439.950 mais precisamente), se dinheiro não for problema, o Wrangler é uma bela aquisição. Vale a compra! Nota: 10.

Ficha Técnica

Jeep Wrangler Rubicon

Motor: 2.0 turbo

Potência máxima: 272cv

Torque máximo: 40,8kgfm

Transmissão: automática de 8 velocidades

Direção: elétro-hidráulica

Suspensão: transversal (beam) com barra estabilizadora nos dois eixos

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 365 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.864 x 1.877 x 4.237 x 2.460mm

Preço: R$ 439.950

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