Poucos lugares no mundo são tão bons para ter um carro elétrico como em Los Angeles.

A capital da Califórnia é uma das maiores incentivadoras dos veículos movidos a eletricidade e até oferece uma boa infraestrutura para os donos, mas a frota de carros ainda tem poucos veículos elétricos.

Segundo informações do jornal “Los Angeles Times”, as vendas de carros elétricos cresceram incríveis 63,7% na Califórnia. Foram 51.750 unidades comercializadas no primeiro semestre de 2019, sendo o Tesla Model 3 um dos grandes responsáveis pelo feito.

Porém, isso não significa que vemos elétricos aos montes pelas ruas californianas. Veículos 100% elétricos correspondem a apenas 5,5% das vendas de automóveis em toda a Califórnia.

“Trata-se do maior mercado de carros ‘verdes’ do país, mas os veículos elétricos ainda são um segmento difícil, até mesmo na Califórnia”, afirma Jessica Caldwell, analista de mercado da Edmunds, empresa especializada na análise do setor automotivo.

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Atualmente, estima-se que o estado responda por metade dos 105.472 carros elétricos vendidos nos Estados Unidos.

Dados da Associação de Concessionárias de Veículos Novos da Califórnia indicam que 950 mil carros foram vendidos em todo o estado no primeiro semestre deste ano.

Aproximadamente 13% deles eram modelos eletrificados, sejam híbridos convencionais, híbridos do tipo plug-in ou elétricos. O restante da frota é formada por veículos movidos a combustão, sendo a grande maioria abastecida com gasolina. Isso porque as vendas de carros a gasolina despencaram 7,3% na Califórnia até setembro de 2019 – em parte pela ascensão da eletrificação.

Já as vendas de carros híbridos cresceram 22,1% no primeiro semestre, atingindo 48.861 veículos. Em contrapartida, os resultados dos modelos híbridos do tipo plug-in caíram 28,5% e atingiram 35.500 unidades. Analistas de mercado atribuem esta queda à má receptividade do novo Toyota Prius Prime – versão que não é oferecida no Brasil.

“Teslamaníacos”

O mercado de carros elétricos não seria tão expressivo na Califórnia se não fosse a Tesla. Aproximadamente 33 mil Model 3 foram vendidos no estado de janeiro a junho deste ano.

O segundo modelo mais popular entre os californianos foi o Chevrolet Bolt (que acaba de chegar ao Brasil), com meras 4.482 unidades. Logo em seguida surgem Tesla Model X (3.690 carros), Tesla Model S (3.390) e Nissan Leaf (2.034).

Tesla como táxis executivos: cena comum em Los Angeles - Vitor Matsubara/UOL

Tesla como táxis executivos: cena comum em Los Angeles

Imagem: Vitor Matsubara/UOL

Estes números indicam claramente que a maioria dos compradores de carros elétricos “não são fãs de carros elétricos, e sim fãs da Tesla”, segundo Caldwell. “Está sendo difícil para as outras montadoras entenderem o que as pessoas procuram em um veículo movido a eletricidade”, afirma a analista de mercado.

De fato, a reportagem de UOL Carros se impressionou com a quantidade de veículos Tesla circulando pelas ruas de Los Angeles. Não é difícil “trombar” com motoristas a bordo de Model 3, Model S e até o Model X. E o “encontro” começa já no desembarque do Aeroporto de Los Angeles, onde vários Teslas estão à disposição de passageiros mais endinheirados.

Lucro que é bom…

Parece tudo muito bonito no papel. Na prática, porém, os veículos elétricos ainda não conseguiram se mostrar rentáveis para as montadoras, especialmente por conta dos altos custos de produção.

Os incentivos concedidos pelo governo para quem compra um destes carros ainda são vitais para o sucesso deste tipo de veículo. A indústria automotiva torce para que os “descontos” não sejam mais necessários em um futuro próximo, e que veículos elétricos possam ser lucrativos. Mas ninguém sabe quando (e se) isso vai acontecer.

A própria Tesla vive um dilema. Embora tenha conseguido ótimas vendas com o Model 3 (que custa a partir de US$ 39 mil), a empresa do bilionário Elon Musk não consegue fechar um ano no lucro.

Até agora, a fabricante atingiu pouco mais da metade das 500 mil unidades que havia prometido para o mercado financeiro. E as vendas da Tesla estão se estabilizando lentamente, algo que pode até piorar com a entrada de novos (e grandes) concorrentes no segmento de carros elétricos, como Porsche, Volkswagen, Audi e Ford.

Jogo duro

Enquanto isso, Los Angeles não parece disposta a rever as ousadas metas estabelecidas neste ano. O prefeito Eric Garcetti já anunciou um plano para tornar a segunda maior cidade dos Estados Unidos muito mais ecológica.

A meta é que 80% da frota circulante na cidade seja de carros elétricos ou eletrificados até 2035. O objetivo é banir a circulação de carros movidos a combustão até 2050, quando Garcetti espera que toda a frota da cidade seja de veículos com emissão zero de poluentes.

Além disso, a prefeitura estabeleceu que 90% da eletricidade gerada em Los Angeles venha de fontes de energia renováveis. A medida mais polêmica, porém, é estabelecer que os motoristas dirijam 3.200 quilômetros a menos em relação ao que percorrem atualmente a cada ano.

“Los Angeles precisa ser referência, mas o mundo inteiro deve agir. Estas medidas nos dão uma chance de lutar por um mundo mais sustentável. Esperamos que seja uma referência para todas as cidades do planeta”, afirmou.

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