Inglaterra figura entre os países que mais depressa querem impedir a circulação de veículos com motores de combustão, com o Governo de Boris Johnson a ter anunciado já o fim da sua comercialização em 2030. A decisão visa reduzir as emissões de carbono, mas também melhorar a qualidade do ar nas grandes cidades para, a prazo, reduzir as despesas com o tratamento de doenças do foro respiratório. Londres, a capital, vai ainda mais longe ao implementar uma zona central em que será proibido circular com motores a gasóleo ou gasolina, a partir de 2025.

Tendo em conta esta preocupação ambiental, que empurra os britânicos para a aquisição de veículos eléctricos, caiu que nem uma bomba o facto de Allegra Stratton, a porta-voz do primeiro-ministro para temas relacionados com o clima, se deslocar num VW Golf a gasóleo. Um exemplo claro da máxima popular “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”.

Enquanto for permitido, cada condutor tem o direito de adquirir o veículo que quer ou o que acha melhor para as suas necessidades. Mas quando alguém, como Stratton, defende o clima e a saúde de forma tão efusiva, seria de esperar que fosse minimamente coerente. A porta-voz defendeu-se, afirmando que vive em Londres e anda sempre a pé ou de bicicleta, apesar de agora evitar esta prática depois de ter magoado uma perna.

O Golf TDI, com oito anos, é utilizado para visitar os familiares, que se espalham pelo país a uma distância de 320 a 400 km (200 a 250 milhas) de Londres. “De eléctrico, teria de parar para recarregar, o que com os meus filhos pequenos seria um problema”, afirmou Stratton. As críticas choveram de todos os lados, a começar por Edmund King, presidente da Automobile Association, que recordou a porta-voz para o clima de Johnson, no The Times, que “a média dos eléctricos hoje à venda já anuncia autonomias superiores a 320 km”, relembrando ainda que é aconselhável uma paragem aos condutores que percorrem mais do que essa distância, paragem essa que pode ser utilizada para recarregar as baterias, “que vão de 25% a 80% em apenas 20 minutos”.

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Também os Trabalhistas atacaram a porta-voz de Johnson. Kerry McCarthy, “a ministra-sombra para os transportes verdes”, diz que Stratton prova que “o Governo britânico não está a fazer o suficiente para tornar a aquisição de veículos atraente”.

Ninguém se lembrou de questionar a porta-voz sobre os motivos que a levam a não trocar o modelo a gasóleo por um híbrido plug-in, alternativa que lhe resolveria as deslocações mais longas com custos similares e, se bem utilizado (o que implica recarregar a bateria), garantiria uma utilização em Londres em modo eléctrico.



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