Para quem acha que carro elétrico é um brinquedinho frágil, a Mercedes-Benz acaba de mostrar seu jipão-conceito EQC 4×4², um topa-tudo “movido a bateria”. Totalmente funcional, o protótipo tem um vão livre de assombrosos 29,3cm — são 15,3cm a mais que no utilitário elétrico EQC produzido em série e, pasmem, 5,8cm a mais que no tradicional todo-terreno Mercedes Classe G.

Para abrigar os pneus maiores, foi preciso pôr alargadores nos para-lamas Foto: Divulgação
Para abrigar os pneus maiores, foi preciso pôr alargadores nos para-lamas Foto: Divulgação

O truque para levantar o EQC 4×4² está na adoção de “eixos portal” — você já ouviu falar disso? Em vez ficar centralizado com os cubos de roda, como normalmente acontece, o eixo fica mais alto (subindo também o diferencial). Sua ligação com o centro dos cubos se dá por meio de engrenagens dentro de uma caixa de redução instalada em cada roda de tração.

O esquema mostra de forma simplificada a diferença do eixo normal para o eixo portal Foto: Divulgação
O esquema mostra de forma simplificada a diferença do eixo normal para o eixo portal Foto: Divulgação

Tal tecnologia pode ser aplicada tanto em suspensões independentes (caso do EQC) quanto nas de eixo rígido. Usados em 4×4 de raiz como o Mercedes-Benz Unimog e o Hummer H1, os eixos portal não são novidade. Os mais velhos hão de se lembrar que as primeiras Kombis nacionais já vinham assim. Antes, o sistema equipava os Kübelwagen e Schwimmwagen, os VW militares da Segunda Guerra.

A transmissão da Kombi com as caixas de redução no cubo das rodas Foto: Reprodução / germantransaxle.com
A transmissão da Kombi com as caixas de redução no cubo das rodas Foto: Reprodução / germantransaxle.com

Ajudam a aumentar o vão livre as enormes rodas calçadas por pneus 285/50 R20. Para abrigá-los, foi preciso pôr alargadores de para-lamas. Graças ao tratamento para crescer, o EQC 4×4² têm ângulos de ataque e de saída de 31,8° e 33°, respectivamente — ou 11,2° e 13° a mais do que no Mercedes EQC convencional. O fabricante garante que o jipão vence trechos alagados com até 38cm de profundidade sem torrar os sistemas eletrônicos (nem os ocupantes) com um curto-circuito…

De resto, tudo é igual ao que se tem no EQC normal (modelo que, inclusive, já é vendido no Brasil por preços a partir de R$ 575 mil). São dois motores elétricos, um dianteiro e outro traseiro, com potência combinada de 300kW (408cv). O principal, contudo, são os 77,5kgfm disponíveis já a 1rpm.

A mecânica é a mesma do ECQ comum: dois motores elétricos e torque total de 77,5kgfm (a 1rpm) Foto: Divulgação
A mecânica é a mesma do ECQ comum: dois motores elétricos e torque total de 77,5kgfm (a 1rpm) Foto: Divulgação

Com bateria de íon-lítio de 80kWh, a autonomia do modelo produzido em série é de 445km a 471km entre recargas (método NEDC), mas certamente o arrasto dos enormes pneus do conceito EQC 4×4² reduzem esse alcance. A trilha não pode ser muito longe…

Corte nos motores a combustão

Não há intenção de pôr o EQC 4×4² em produção. A ideia apenas é mostrar do que os elétricos são capazes e sugerir emoção nesse tipo de veículo. Na semana passada, Markus Shaefer, diretor de operações da Mercedes, anunciou que a marca já começou a reduzir a verba para desenvolvimento de motores a combustão. A meta é que, daqui a dez anos, 50% dos carros vendidos pelo fabricante sejam elétricos.

Por dentro, tudo igual ao Mercedes EQC produzido em série Foto: Divulgação
Por dentro, tudo igual ao Mercedes EQC produzido em série Foto: Divulgação

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