Assim que a porta é aberta, estribos cromados e iluminados se estendem automática e silenciosamente para receber com mais conforto os excelentíssimos ocupantes. Tal qual uma reverência, a carroceria baixa 3 cm para facilitar o embarque ou o desembarque.
Clique aqui e assine Quatro Rodas por apenas R$ 8,90
Da mesma forma como apareceram, os apoios voltam a se recolher quando o carro excede os 15 km/h. Essas são apenas algumas das surpresas reservadas pelo Mercedes-Maybach GLS 600 4Matic.
Depois do sucesso obtido pelo Mercedes-Maybach Classe S (que desde 2015 tem vendido mais de 12.000 unidades/ano ao redor do planeta), a marca alemã decidiu levar sua grife de extremo luxo pela primeira vez para o (ainda mais) lucrativo segmento de SUVs.
O Mercedes-Maybach GLS 600 nasce para integrar o requintado e exclusivo clube que tem na lista de sócios modelos como Rolls-Royce Cullinan e Bentley Bentayga.
Estima-se que o mercado de SUVs de alto luxo deva superar as 22 mil unidades por ano no mundo até 2023 (como comparação, em 2018 esse volume representou 7.500 SUVs).
E a fabricante de Stuttgart não quer ficar de fora dessa festa – que a propósito tem como principal endereço a China. De acordo com ela, três em cada quatro unidades do modelo produzido nos EUA destinam-se ao país asiático.
Embora o SUV com a assinatura Maybach utilize a mesma carroceria do Mercedes GLS, o modelo ainda mais sofisticado recebeu muitas alterações. A grade tem barras verticais proeminentes, e há cromados em profusão nas entradas de ar inferiores.
As colunas traseiras ganharam emblemas da Maybach, e a pintura pode receber dois tons. Trata-se de um opcional que na Europa custa 17.500 euros, cerca de R$ 116.000, ou o equivalente a um Honda Civic LX.
A propósito, o preço no continente europeu parte de 186.150 euros, ou R$ 1.238.000. Não há planos para a venda no Brasil, embora a fábrica declare que está “atenta às oportunidades e demandas do mercado”.
O exterior suntuoso dá apenas uma leve ideia do interior. Ali, há uma combinação de couro, metal e madeira com design e qualidade próprios do mobiliário de luxo.
Ao contrário do GLS “comum”, que leva até sete pessoas em três fileiras de bancos, o Maybach oferece apenas duas filas de assentos, em configuração de cinco ou quatro lugares. A empresa considera que esta última será a mais requisitada.
As duas amplas poltronas elétricas traseiras definem novos padrões em termos de conforto, fazendo com que os seus ocupantes se sintam flutuando nas nuvens (com a ajuda da suspensão a ar).
Eles são aquecidos, refrigerados, têm massagem e podem reclinar até uma posição quase horizontal, além de oferecerem apoio extensível de pernas. O ambiente pode receber fragrância floral, e há opção de 64 tons de iluminação.
Na lista de opcionais há itens como um pequeno frigobar (1.000 euros, ou R$ 6.600) e um suporte para levar taças de champanhe (750 euros, ou R$ 5.000). Há ainda um tablet central removível de 7”, que se junta aos dois monitores de 11,6” no encosto dos bancos dianteiros.
Sem a terceira fila de bancos, os da segunda foram montados 12 cm mais recuados. Além disso, eles estão 3 cm mais afastados das portas, já que o lugar do quinto passageiro foi banido.
O porta-malas acomoda 520 litros, muito menos que os 890 litros disponíveis no GLS de cinco lugares. Isso porque foi criada uma divisória fixa entre a segunda fila e o compartimento de carga, que os alemães dizem melhorar o isolamento acústico e térmico desta “sala de estar”.
Se atrás os ocupantes dificilmente vão encontrar algo para reclamar, na frente os usuários mais exigentes têm todo o direito de protestar contra o painel. Formado por duas telas virtuais de 12,3” instaladas lado a lado, ele parece “datado” diante do quadro de instrumentos que equipa o novo Classe S Maybach.
Outro campo em que o GLS Maybach pode desiludir alguns potenciais clientes é o da motorização. O SUV recebeu um 4.0 V8 biturbo, com sistema híbrido leve.
Ou seja, um pequeno motor elétrico de 22 cv e 25,5 kgfm faz as funções de motor de arranque e alternador, para ajudar nas partidas e acelerações, além de recuperar energia nas desacelerações e frenagens.
O sistema também desliga metade dos oito cilindros em situações de pouca demanda, como velocidade de cruzeiro.
Apesar dos recursos técnicos ambientalmente corretos, parte da clientela pode sentir falta de um genuíno V12, que aliás equipa tanto o Rolls-Royce como o Bentley. Essa opção já existe no Classe S Maybach.
Essa “desilusão” não se refere aos números de aceleração. Afinal, não há como reclamar de um carro de quase 3 toneladas que vai de 0 a 100 km/h em 4,9 s e que alcança 250 km/h de velocidade máxima.
A ausência do V12, no entanto, poderá ser sentida no dia a dia, em estradas sinuosas de pista simples, quando se requer máxima agilidade nas ultrapassagens.
Apesar dessa relativa desvantagem em relação aos V12, o torque de 74,4 kgfm parece não acabar nunca. E o câmbio automático de nove marchas, rápido nas mudanças, cumpre bem a função de extrair o melhor do V8 biturbo.
Em altas rotações, tudo o que se ouve na cabine, isolada do mundo por vidros duplos, é um leve ronco. Mas também é capaz de assumir um comportamento de extrema suavidade se esse for o desejo dos ocupantes.
Para andar como se estivesse parado, o câmbio parte em segunda marcha, a resposta do acelerador é suavizada e a suspensão pneumática assume funcionamento ainda mais suave.
Além disso, ativando o modo “Controle em Curva”, o SUV inclina-se até 3 graus para o interior da curva da mesma forma que um motociclista o faria para tornar as forças laterais ainda menos perceptíveis.
A suspensão também se mostrou capaz de “engolir” as irregularidades do piso, apesar das rodas de 22” e dos pneus de perfil baixo (45 na frente e 40 atrás no carro avaliado). A explicação está não apenas no sistema pneumático, mas também na câmera que faz o rastreamento do caminho.
O GLS Maybach está até preparado para a hipótese pouco provável de alguém decidir levar tanta opulência para fora do asfalto.
Além das habilidades esperadas de um SUV 4×4 desse quilate (como capacidade de reboque de 3,5 toneladas e possibilidade de elevação da carroceria para transposição de obstáculos), o modelo é dotado do modo “bounce” (saltitante).
Ele permite que o carro se liberte sozinho se ficar preso na areia. Como? A suspensão sobe e desce automática e continuamente, o que faz com que a pressão dos pneus no piso varie repetidamente.
Segundo a fabricante alemã, isso melhora a tração. Mesmo que o recurso venha a ser mais usado para postagens nas redes sociais, poderá ter alguma utilidade caso algum xeique encalhe em alguma duna do Oriente Médio.
Veredicto
Os mais exigentes poderão sentir falta do V12 presente nos rivais.
Ficha Técnica
- Preço: R$ 1.238.000 (estimado)
- Motor: gas., diant., V8, híbrido parcial, 32V, injeção direta, biturbo, 3.982, 557 cv a 6.000 rpm, 730 Nm entre 2.500 e 5.000 rpm
- Motor elétrico: 22 cv, 250 Nm
- Câmbio: autom., 9 marchas, 4×4
- Suspensão: pneumática, duplo A (diant.), múltiplos braços (tras.)
- Freios: disco ventilado nas quatro rodas
- Direção: elétrica, diâm. giro, 12,5 m
- Pneus: 285/45 R22 (diant.), 325/40 R22 (tras.)
- Dimensões: comprimento, 520,5 cm; largura, 195,6 cm; altura, 183,8 cm; entre-eixos, 313,5 cm; peso, 2.785 kg; porta-malas, 520 l; tanque, 90 l
- Desempenho*: 0 a 100 km/h, 4,9 s; velocidade máxima, 250 km/h
*Dados de fábrica
Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital.