Um em cada dois consumidores afirma que o seu próximo carro será híbrido ou elétrico e nove em cada dez estão dispostos a pagar, no máximo, €35 mil por uma viatura elétrica.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo apresentado pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), realizado em conjunto com uma equipa de investigadores do ISEG — Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade de Lisboa.

De notar a propósito, e à margem deste estudo, que os últimos números do mercado automóvel em Portugal apurados pela ACAP e pela Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) indicam que nos primeiros quatro meses deste ano 20% dos carros vendidos em Portugal foram elétricos ou híbridos.

Portugal está a ficar para trás na mobilidade elétrica

Estes valores colocam Portugal no 9º lugar da mobilidade elétrica a nível europeu (dos 27 Estados-membros), depois de já ter ocupado a 4ª posição no início desta década.

A verdade é que, segundo Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, o facto de Portugal não ter atualizado os incentivos à compra de carros elétricos e ao abate de carros mais velhos “está a deixar o país cada vez mais para trás neste domínio”. E nota que, enquanto o incentivo para a compra de um carro elétrico em Portugal ronda os €3 mil, em certos países, como, por exemplo, a Roménia, esse apoio estatal chega aos €10 mil.

De volta ao estudo agora apresentado pela ACAP e pelo ISEG, importa também notar que a totalidade dos consumidores incluídos na amostra está disposta a pagar um acréscimo de preço para poder usufruir de tecnologia adicional (conectividade, condução autónoma e entretenimento).

O estudo, intitulado “As redes de retalho automóvel em Portugal — O presente e o futuro do sector”, revela, segundo a ACAP, que “a aposta em soluções de mobilidade mais verde e em tecnologia é cada vez mais uma tendência à qual as marcas e concessionários não poderão ficar indiferentes”.

A substituição do parque automóvel “far-se-á a um ritmo muito lento”

Ainda relativamente à tendência de eletrificação dos automóveis, os dados do estudo revelam que, “num cenário mais favorável à eletrificação, o parque automóvel de veículos de passageiros ligeiros deverá, em 2025, ser composto por 12,6% de veículos elétricos e híbridos e por 87,4% de veículos movidos a gasolina e a gasóleo”.

Apesar da tendência crescente e de os veículos híbridos e elétricos poderem representar mais de 75% das vendas de novos veículos ligeiros de passageiros em 2025, “a substituição do parque automóvel far-se-á a um ritmo muito lento. Refira-se aqui que as vendas ­anuais rondam as 200 mil viaturas, mas a dimensão do parque já ultrapassa os 5,2 milhões de carros. Neste ponto, é importante focar que a idade média do parque de veículos ligeiros de passageiros em Portugal é de 12,8 anos, muito acima dos números da média europeia ou da Áustria e Reino Unido (que ronda os oito anos)”, sublinham os analistas da ACAP.

No que se refere às principais tendências futuras do consumidor português na aquisição e utilização dos produtos e serviços automóveis, as conclusões do estudo da ACAP/ISEG revelam que 60% dos inquiridos estão a considerar comprar um veículo nos próximos cinco anos e que no processo de compra 40% apostam numa combinação online/presencial.

A associação automóvel conclui que “a expressão crescente que a digitalização assume também neste sector está já a alterar o modelo de funcio­namento das marcas a operar em Portugal”.

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