Quando se fala em carro elétrico há muitas dúvidas, receios, gargalos e desafios. Afinal, a substituição completa do motor a combustão por um elétrico demanda um investimento gigantesco em tecnologia, infraestrutura de recarga, neutralização das fontes geradoras, dentre outros problemas, que vão além de guiar um elétrico.

A Europa quer abolir os motores a combustão nos próximos 13 anos.  Muitas marcas também já anunciaram que irão encerrar a produção de motores térmicos já no final desta década. Mas tudo isso pode funcionar muito bem em mercados estruturados para receber elétricos. Para o Brasil e o restante da América do Sul, o caminho da eletrificação será guiado pelo carro híbrido.

SAIBA MAIS:

Mas para a Stellantis, a solução para o mercado latino é mais simples, mas não menos eficiente. O grupo vai apostar no modelo híbrido leve, ou Mild Hybrid. Esse conceito não abre mão do motor a combustão interna e nem exige um grande módulo elétrico e um caro pacote de baterias. Atualmente diversas marcas já oferecem modelos com módulos 48 volts, como BMW, Mercedes-Benz e Land Rover.

Mas como o Mild Hybrid poderia ser limpo se ainda mantém motor a combustão funcionando? Segundo o presidente da Stellantis para América do Sul, Antonio Filosa, a solução é combinar o híbrido leve com etanol.

“O Mild Hybrid com etanol é tão limpo quanto o conceito elétrico. Isso porque o etanol não emite CO2. Além disso, o plantio da cana-de-açúcar, com a fotossíntese, neutraliza as emissões de de carbono da atividade minerária para extração de metais como lítio e cobalto, que compõem as baterias”, explica o executivo.

De fato, o híbrido leve é um conceito mais barato de produção que um híbrido convencional, como o Jeep Compass 4xe (que custa R$ 360 mil). E muito menos que um modelo totalmente elétrico como o pequenino Fiat 500e ou Peugeot e-280 GT, que também custa acima dos R$ 250 mil. Isso permitiria a Stellantis atingir volumes mais expressivos, uma vez que o modelo eletrificado atual, mais barato parte de R$ 140 mil. Cifras proibitivas para volumes elevados.

100% elétrico, o Fiat 500e é um carro moderno, mas tecnologia ainda é cara demais para girar grandes volumes (Foto: Fiat | Divulgação)

Assim, a Stellantis espera chegar em 2030 com 20% da gama dos produtos eletrificados, com sua grande maioria utilizando o sistema híbrido leve. O percentual corresponde a modelos das marcas Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e Ram.

Em volume, é difícil precisar quanto o percentual corresponderia. No entanto, se hipoteticamente o grupo repetir o desempenho de 2021, que emplacou no Brasil cerca de 650 mil unidades, segundo a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), seriam pelo menos 130 mil carros eletrificados.

Como funciona o Mild Hybrid?

Na prática, o Mild Hybrid acopla ao motor um pequeno módulo elétrico de 48 volts que auxilia a unidade térmica e substitui agregados como alternador e motor de arranque. Ou seja, esse motorzinho dá a partida e também recarrega a bateria de 12 volts, que continua com suas tarefas de iluminação, refrigeração, rádio, destrava e tudo mais que funciona com eletricidade num carro comum.

Esse motorzinho também entrega torque às rodas em conjunto com o motor térmico. No entanto, em situações de baixa velocidade, como manobras, engarrafamentos e outras situações que não exijam a plena cavalaria do bloco, ele pode operar sozinho.

A energia para alimentar o motor elétrico vem da conversão da energia cinética das frenagens. Ela alimenta a bateria de 48 volts. É bem parecido com o sistema KERS desenvolvido para a Fórmula 1. Nas corridas, a frenagem acumulava energia para acionar o módulo elétrico que pode ser utilizado em determinados pontos do circuito e garantir mais força para o monosposto.

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