O amor à primeira vista não se chama assim por acaso. A frase batida que diz que não temos duas oportunidades para criar uma boa primeira impressão também não. E não lhe parece evidente que devíamos tratar por sábios todos aqueles que defendem que a afirmação “achei-o simpático/a” é a melhor maneira de descartar a hipótese de envolvimento físico com aquele amigo/a que nos foi apresentado/a por outro amigo/a? Estranhamente – e apesar de ser um carro -, o Mini Countryman parece saber isso.
Ele sabe-a toda. Chama-se Mini, mas é um calmeirão e chama-se Countryman, mas é do mais urbano e sofisticado que anda por aí. Se o encontrássemos no Tinder, apresentar-se-ia assim: “Com um atraente design sou um todo-o-terreno supremo, pronto para te levar onde outros nunca poderão ir. Numa estada sinuosa junto à costa ou na cidade, a experiência de condução que te proporcionarei será memorável. Vive a liberdade e a flexibilidade de ires a qualquer lugar. E diverte-te a recordar novas histórias quando regressares.” Um gabarolas, portanto.
A verdade é que este Countryman tem ginga – e várias caras, também. Tendo tido a oportunidade de fazer test drives a duas versões do modelo, esta jornalista acabou a experiência a sentir-se um cantor de música romântica, com dois amores e muitos fãs. É que se há coisa de que a Mini não se pode queixar é dos queixos caídos que deixa à sua passagem.
Tendo testado primeiro o Mini Countryman S E All4 (equipado com uma tenda – a sua grande novidade, que chega como um extra de dois mil euros – mas sem manual de instruções para a abrir), os desafios foram muitos: híbrido, aquele Mini permitia a condução em modo de compensação – quando se acelerava ele recorria ao motor de combustão a gasolina, quando se abrandava ele recuperava autonomia elétrica (em modo totalmente elétrico tem autonomia para 30 a 40 quilómetros).
Como prometia a marca, ele desafiava quase tudo o que esta jornalista sabia sobre condução híbrida (nada). Uma coisa sabia: os pontos de carregamento em Lisboa são já alguns, mas fora de Lisboa isso pode constituir um problema. Assim, é preciso planear.
Felizmente, o sistema de entretenimento da Mini (muito BMW, casa-mãe da Mini), que nos mostra em tempo real como estamos a trabalhar o lado mais híbrido da vida, faz com que essa gestão se transforme num jogo (a menos que a jornalista esteja a caminho, por hipótese, do Vidamar Resort Hotel, no Algarve, e tenha um jantar marcado para as 20h, esteja atrasada e não possa acelerar porque uma tenda de 60 quilos em cima do tejadilho é como mais uma pessoa no carro, um teto de abrir não nos torna mais aerodinâmicos e de repente qualquer carro que tenha consumos impressionantes bebe gasolina). Por fim, com um pé leve, tudo acabou bem.
Na segunda volta, com um Mini Countryman a gasóleo, caixa de mudanças e manual de instruções para a tenda, a experiência de condução foi igualmente divertida – mas a de vida foi melhor: montar uma tenda para duas pessoas em cima de um carro e ela ser realmente confortável muda as nossas perspetivas. Ter 40 mil euros para gastar num carro também. Tendo, este vale o investimento. De monotonia não se vai queixar.