A venda em massa de carros elétricos e híbridos no Brasil ainda é uma realidade distante, mas vem crescendo o número de empresas com projetos de instalação de postos de recarga, na tentativa de acelerar o interesse do consumidor por esses veículos, que ganham cada vez mais participação em mercados como Europa, China e EUA.

Ontem, a Audi, empresa do grupo Volkswagen, anunciou investimentos de R$ 10 milhões para a instalação de 200 postos de recarga elétrica nos próximos dois anos. Em parceria com a empresa de energia Engie, os postos serão instalados em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. A Audi iniciará em abril as vendas do seu primeiro SUV elétrico no País, o e-tron, que custará R$ 460 mil.

A marca se une assim a empresas como BMW, Volvo e à própria parceria em que participa com Volkswagen e Porsche na instalação de pelo menos outros 680 pontos de abastecimento, vários deles com tecnologias de recarga rápida (em menos de uma hora).

Ontem, o chefe global de operações da Volkswagen, Ralf Brandstätter (que estava em visita ao Brasil), confirmou que a empresa fará seis lançamentos locais de modelos híbridos e elétricos nos próximos cinco anos. A empresa já tem um modelo híbrido à venda desde o fim de 2019, o Golf GTE. “No momento não temos planos de produção local, pois o mercado ainda não está maduro para isso, mas vamos avaliar futuramente.”

Ele ressaltou que a Volkswagen tem feito elevados investimentos na eletrificação dos veículos e em infraestrutura. A marca terá 22 modelos com essas tecnologias nos próximos anos e é dessa leva de produtos que serão escolhidos os que virão para o Brasil.

O grupo também atua fortemente no desenvolvimento de softwares para que os carros da marca possam receber todas as novas tecnologias. “Já temos, por exemplo, 5 mil engenheiros da área de TI e vamos incorporar mais 10 mil o mais rápido possível.”

Isolado. O líder global da área automotiva da consultoria PwC, Felix Kuhnert, acredita que deve demorar para que veículos elétricos e híbridos ganhem espaço significativo no mercado brasileiro, principalmente em razão do elevado custo dos produtos e da própria infraestrutura. Além disso, o País tem o etanol, que pode, por algum tempo, atender as normas mais restritas de emissões.

“O Brasil, contudo, não poderá ficar à parte do mercado de elétricos, ou ficará isolado do resto do mundo, em especial dos países mais desenvolvidos”, afirmou ao jornal O Estado de São Paulo Kuhnert, que também está em viagem pelo Brasil.

Ele lembrou que, na Europa, as montadoras que não atenderem as metas de emissões de CO2 previstas para este ano passarão a ser multadas já a partir de 2021. Para atingir essas metas, as empresas terão de reduzir em média em 20% os níveis de emissões dos automóveis atuais. “Muitas empresas estão investindo altos volumes de dinheiro em veículos elétricos, mas a grande dúvida é se os consumidores vão comprá-los”, disse o executivo, pois esses modelos são mais caros do que os convencionais, a combustão.

Ele prevê que, além dos incentivos governamentais em alguns países, as próprias fabricantes terão de dar benefícios para atrair clientela, mas, o problema, ressaltou, “é que o consumidor pode se acostumar e depois não será fácil suspender os descontos”. Hoje, disse ele, várias empresas tentam calcular se, inicialmente, vai valer mais a pena conceder incentivos ou pagar a multa por não cumprir a meta de vendas de carros mais limpos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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