O Salão de Frankfurt, na Alemanha, que acaba no domingo (22), trouxe uma verdade cruel. As montadoras não têm mais dinheiro para investir no caro desenvolvimento de veículos elétricos. O discurso de “basta” veio das marcas alemãs. O CEO da Daimler, Ola Källenius, foi firme ao dizer que as fabricantes locais já investiram 40 bilhões de euros na criação de sistemas e tecnologias de recarga para carros elétricos e que agora é hora dos governos ajudarem também, porque não se sabe ainda quando esse montante será recuperado.
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A chefe de vendas da Mercedes-Benz, Britta Seeger, seguiu o tema ao sugerir a taxação de veículos de luxo com alta emissão, para ajudar a receita e financiar a compra de modelos com emissão zero. “Uma política de tributar um segmento de produtos para incentivar o suporte a outro ajudaria a deixar as pessoas entusiasmadas em fazer a troca”.
O CEO do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, deu como exemplo da situação em que as montadoras se encontram o Up!, que chegou ao ponto de não ser mais compatível com níveis de emissão de CO2 até 2025. “A única opção foi lançar um Up! EV, que quando visto sob a ótica de potencial de lucro não tem margem para isso”.
Um estudo publicado antes do Salão de Frankfurt pela Associação Europeia de Montadoras (ACEA) sugeriu uma correlação entre a prosperidade econômica de um país e o consumo de carros elétricos. Ou seja, só gente rica compra veículos movidos a baterias.
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A Noruega, garota propaganda da eletrificação veicular, tem 45% do mercado preenchido por EVs. Só que o país tem a renda per capita duas vezes maior que a média da União Europeia. Fora isso, há o investimento em infraestrutura. Para chegar onde a UE quer em termos de emissões e volume de carros elétricos, será preciso 2,8 milhões de pontos de carregamento pelo menos até 2030. No momento, eles não passam de 150 mil, sendo 80% deles em quatro países, Alemanha, Reino Unido (que vai sair da UE), França e Holanda.
E não para por aí. Já está em elaboração o “Acordo Verde Europeu”, que prevê a neutralidade de emissões de poluentes vindas dos carros em todo o bloco até 2050. Isso significa que, visto pela prisma pela tecnologia atual, nenhum modelo a combustão poderá ser produzido mais na proximidade desta data.
CEO do Grupo PSA, Carlos Tavares, que tinha acabado de mostrar no evento o Opel e-Corsa, disse que o setor não deve mais ser criticado pelas emissões. “Há agora, e mais ainda nos próximos anos, vários modelos elétricos disponíveis para os consumidores, de entrada e de luxo. Chegou a hora do consumidor fazer a sua parte também”.