Para quem acompanha as reportagens sobre carros elétricos no Canaltech, sabe que sempre ressaltamos a importância da autonomia desses veículos e dos desafios de logística que enfrentamos atualmente para que as pessoas possam ter esses produtos sem maiores problemas. Esses carros, em média, não possuem a capacidade de rodar tanto assim; como exemplos mais claros aqui no Brasil, temos o BMW i3, que chega a 335 quilômetros com uma carga, o Nissan Leaf, que percorre até 389 quilômetros e o Chevrolet Bolt, que pode fazer até 383 km. Mas, ao que parece, essa realidade em breve pode mudar: a empresa australiana Brighsun New Energy está testando uma bateria de lítio-enxofre (Li-S) que pode dar aos carros elétricos autonomia de 2 mil quilômetros com apenas uma carga.
A equipe de desenvolvimento da Brighsun passou quase oito anos pesquisando e aprimorando o dispositivo. O resultado foi a criação de uma bateria de lítio-enxofre com densidade de energia de cinco a oito vezes maior que as baterias convencionais de íons de lítio. Segundo testes feitos pela agência internacional SGS, a nova tecnologia da empresa permite que uma bateria Li-S mantenha 91% de sua capacidade inicial após 1.700 ciclos e a uma taxa de 2C (sendo totalmente carregada/descarregada em 30 minutos).
Isso significa que a redução de capacidade por ciclo é equivalente a 0,01%. Mesmo a uma taxa mais agressiva de 5C (sendo totalmente carregada/descarregada em 12,5 minutos), a nova bateria retém 74% de sua capacidade inicial após 1.000 ciclos (queda de capacidade por ciclo de 0,026%). A densidade de energia do cátodo para o primeiro ciclo após a ativação na taxa de carga de 1C é 2103,8Wh/ kg.
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O que, de fato, vai mudar com essa bateria?
Com tanta autonomia assim e uma produção relativamente fácil, as novas baterias da Brighsun podem mudar não apenas o mercado de veículos elétricos, mas também outros nichos mercadológicos e de transporte, como ferrovias, navios, aviões, drones, telefonia e até inteligência artificial. O cerne de tudo é a alta densidade de energia e do baixo custo de fabricação.
As principais matérias-primas para as baterias de Li-S da Brighsun são encontradas em abundância na Austrália, com suprimento suficiente para centenas de anos. O custo por kWh fica próximo dos US$ 65, o que pode, de fato, impulsionar o mercado de veículos elétricos no mundo todo. Além disso, a empresa conseguiu resolver um problema químico que impedia que baterias com essa composição fossem carregadas mais rapidamente e não tivessem uma vida útil maior, situações primordiais para o uso desses dispositivos em carros elétricos.
Empresas em países como Alemanha, China, Coreia do Sul e Estados Unidos até dominam a produção de baterias de lítio-enxofre, mas esses sistemas ainda enfrentam uma série de desafios, incluindo a expansão de volume de materiais catódicos durante o ciclo, o efeito de transferência de polissulfetos e o crescimento de lítio no ânodo. A Brighsun, por sua vez, conseguiu anular esses problemas, chegando, até, a patentear essas soluções técnicas.
Investimentos chegando
A expectativa da Brighsun é de iniciar a produção em massa dessas baterias até o final de 2020. Atualmente, a empresa está discutindo a possibilidade de receber verbas de investidores em potencial.
Fonte: Canaltech