Durante 2020 quase 3 milhões de veículos elétricos foram vendidos, e estima-se que a frota global hoje seja de 10,5 milhões de unidades. Esta moda está pegando, precisamos avaliar os impactos e entender como ficam as cidades.
Cada veículo consome em média 0,3Kw/Km, considerando que o custo do Kw (para consumidores acima de 450Kw/h) é de R$1,88 (no horário de ponta, conforme tabela Light RJ), o Km rodado fica em torno de R$0,57 contra R$0,55 do GM Onix 1.0, por exemplo.
A recarga normalmente deve acontecer à noite, no horário de ponta, entre 18h e 21h, quando chegamos em casa e podemos colocar os veículos na carga. Será que existe alguma projeção que nos leve a crer em um aumento de nossa capacidade instalada na mesma proporção do crescimento da participação dos EVs no Brasil?
Aliada a esta moda há uma série de avanços tecnológicos que são acoplados aos EV (Electric Vehicle), PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle) e aos HEV (Hybrid Electric Vehicle) e que parece que só a eles são aplicáveis. Em primeiro lugar esta mudança de matriz traz uma possibilidade de ganhos bem superiores dos atuais à indústria. Lembro a grande discussão dos gases de efeito estufa na refrigeração, a mudança dos gases trouxe a possibilidade da indústria vender um novo e supostamente menos agressivo gás, 10 vezes mais caro, além da necessidade da troca dos equipamentos.
Vamos à parte tecnológica destes equipamentos que embarcam nos carros elétricos e a forma que somam no dia a dia das cidades. Já falamos aqui sobre as redes sociais e como elas podem impactar nas cidades. A Waymo é uma empresa do Google que cuida de desenvolver tecnologia para viabilizar carros autônomos em uma linha paralela à da Tesla. A Huawei (que significa ação ou realização) vem trabalhando na construção de estradas inteligentes, incorporando sensores, câmeras e placas que conversam com os veículos. O Waze assim como o Google Maps, recebem de seus celulares e dos veículos conectados, milhares de informações a cada minuto, e com isso, através de seus algoritmos, conseguem identificar rotas e gerir demandas; este recurso, se bem aproveitado nos centros de operações das cidades inteligentes, tem um valor inestimável.
Fabricantes como Mercedes-Benz têm suas portas abertas para que cidadãos comuns possam oferecer soluções de sistemas inovadores e melhorar com isso a tecnologia. Além disso, a montadora lançou no último dia 13 um sistema que faz do painel de seu sedan elétrico uma fonte de conexão, melhorando a dirigibilidade e a integração entre motorista e veículo. Agora o painel é completamente digital, abrangendo o lado do motorista até o lado do passageiro, e com inteligência artificial.
A GM traz de volta o Ícone do Off-Road, o Hummer, agora totalmente elétrico e cheio de novidades tecnológicas.
A primeira novidade é que o carro sugere mudança de faixa e realiza ultrapassagens sem a interferência do motorista. As rodas traseiras também dão direção ao veículo, melhorando a performance off-road. Há também câmeras que dão visão ao motorista até sob o carro. Este monstro pode fazer de 0-100km/h em pouco mais de 3 segundos. Segundo a GM, que equipa o Hummer com as inovadoras baterias Ultium (desenvolvidas em parceria com a LG Cell), ele pode rodar por mais de 560 km com uma carga (situações de off-road podem diminuir bem este número). Aqui, como jipeiro, não me arriscaria de entrar em uma trilha com um carro destes sem saber se poderia recarregar. Particularmente gosto muito da solução da nova BMW X5 xDrive45e por ser um plug-in híbrido, que se precisar rodar só na gasolina, vai rodar, ou mesmo do novo Jeep Wrangler 4xe.
Dentro de pouco tempo esta tecnologia de veículos autônomos adicionará uma nova experiência para portadores de deficiência visual que hoje já interagem com computadores de forma bastante imersiva, simplesmente com comandos por voz usando Cortana da Microsoft, e assim também será nos veículos.
Tendo em vista o exposto, são inúmeras as vantagens que temos nas cidades com os veículos inteligentes, porém vamos administrar dois problemas principais, o primeiro é a capacidade local de geração de energia, principalmente no horário de ponta, outro é o deslocamento das emissões. Na fabricação de baterias são geradas toneladas de CO2, para fabricar baterias para um carro, são produzidos em torno 87kg/kWh (Lisbeth Dahllöf, Mia Romare and Alexandra Wu; Mapping of lithium-ion batteries for vehicles de 2019-11-26).
Não podemos contar que vamos abastecer estes veículos com a energia gerada nas usinas térmicas, ou seja, usando combustíveis fósseis para tal. Não vamos trocar seis por meia dúzia só para favorecer um recorte da indústria que, por sinal, trabalhou muito bem no marketing.
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