A Nissan e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) assinaram nesta terça-feira (25) um acordo de parceria para o desenvolvimento tecnológico do uso do bioetanol para veículos movidos à célula de combustível. O documento foi assinado pelo presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva, e pelo diretor do IPEN, Wilson Calvo, no campus do instituto, localizado na USP.

A montadora japonesa é a primeira empresa da indústria automobilística mundial a desenvolver um protótipo de veículo movido por uma Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC), que funciona através de energia elétrica gerada a partir da utilização do bioetanol. Ou seja, haverá, em breve, um carro elétrico que não tem a necessidade de ser carregado na tomada.

A utilização desse tipo de sistema combinado com a alta eficiência dos motores elétricos e o sistema de bateria garantem ao Nissan SOFC uma autonomia superior a 600 km com 30 litros de etanol. Por contar com uma ampla rede de abastecimento de bioetanol – e ser um dos principais produtores do mundo –, o Brasil tem sido peça-chave para o desenvolvimento e estudos de viabilidade do projeto.

Protótipo da Nissan abastecido com célula de combustível/ Imagem:Nissan

A parceria – que está inserida no conceito da Nissan Intelligent Mobility, visão da marca para transformar a maneira como os carros são conduzidos, impulsionados e integrados na sociedade – busca avaliar e viabilizar diferentes componentes para a introdução desse sistema em veículos de passeio.

“A assinatura do contrato representa uma nova fase do projeto global de Célula de Combustível de Óxido Sólido da Nissan, que é de grande interesse do país por se encaixar perfeitamente na nossa matriz energética. Além disso, o conhecimento das instituições brasileiras, como o IPEN, vai contribuir de forma relevante para uma iniciativa global da marca, que pode beneficiar não só o Brasil, mas todo o mundo”, diz Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil.

Parceria foi firmada no último dia 25 de novembro, em São Paulo/ Imagem: Nissan

“A colaboração do IPEN será no desenvolvimento da célula de combustível a etanol. A vantagem é transformar diretamente em eletricidade a energia de um combustível renovável e estratégico para o país para viabilizar o carro elétrico”, afirmou Fábio Coral Fonseca, pesquisador do IPEN responsável pelo projeto.

O diretor do Instituto, Wilson Calvo, destacou a importância da ciência, da tecnologia e da inovação para o desenvolvimento socioeconômico do país. “Todas as grandes potências investiram e continuam investindo muito em ciência e inovação tecnológica. É o caminho para uma sociedade mais justa, mais competitiva e ambientalmente sustentável. E o IPEN tem atuado fortemente na produção de conhecimentos científicos e no desenvolvimento de tecnologias, gerando produtos e serviços de maneira segura e formando recursos humanos nas áreas nuclear e de novas energias”.

Como funciona?

A tecnologia da Célula de Combustível de Óxido Sólido da Nissan conta com um sistema gerador de potência que se utiliza da reação química de diversos combustíveis com oxigênio, incluindo etanol e gás natural, para produzir hidrogênio e posteriormente eletricidade.

O sistema é limpo, altamente eficiente e funciona 100% com etanol ou água misturada ao etanol. Suas emissões são tão limpas quanto a atmosfera, se inserindo como parte do ciclo natural do carbono e sendo absorvido durante a plantação da cana-de-açúcar. Além disso, o veículo movido à Célula de Combustível oferece a aceleração viva e condução silenciosa de um carro elétrico, juntamente com baixos custos de manutenção.

Hoje, a Nissan conta com o Leaf como seu veículo elétrico em solo brasileiro. Segundo Silva, este produto novo, à base de bioetanol, deve chegar ao mercado daqui a cinco anos, pelo menos, pois é uma tecnologia que precisa ser melhor desenvolvida e massificada. Ele pondera, porém, que os novos carros elétricos irão convergir com os já existentes, tornando-se apenas mais uma opção, inclusive, no portfólio da Nissan.

O Leaf continuará forte no portfólio da Nissan/ Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech

“A eletrificação possui vários caminhos. Mas acredito que mesmo com este novo tipo de motorização à base de bioetanol, a tendência é que essas tecnologias possam convergir dentro do mercado, não apenas brasileiro, mas global”, comentou o presidente da Nissan do Brasil em entrevista ao Canaltech.

Para Wilson Calvo, a própria demanda do mercado vai definir o quão grande será a entrada deste tipo de veículo na casa das pessoas. “Imaginem que, ao invés de espetar o veículo na sua tomada de casa, você possa simplesmente encher seu tanque com bioetanol e ele mesmo vai se recarregando, de maneira silenciosa e limpa, com energia renovável e zero emissão de carbono. O próprio mercado vai exigir sua demanda deste tipo de produto”, comentou o diretor do IPEN ao Canaltech.

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