A retirada da isenção do pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para carros elétricos pelo governo do Paraná tem gerado uma série de críticas por parte de proprietários de concessionárias e motoristas que optaram por investir em veículos ecologicamente corretos. A medida, que tinha sido instaurada em 2019, não foi renovada para o ano de 2024, o que tem causado preocupação e descontentamento entre os afetados.
De acordo com informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), estima-se que existam cerca de 1,6 mil carros elétricos circulando no Paraná. A retirada da isenção do IPVA para esses veículos tem como objetivo aumentar a arrecadação em aproximadamente R$ 50 milhões. No entanto, essa decisão tem gerado críticas e preocupações por parte de diversos setores.
Para Roger Pedroso, proprietário de uma concessionária em Curitiba, a isenção do IPVA era um importante benefício para estimular a adoção de veículos elétricos. Ele aponta que a medida pode reduzir os emplacamentos e diminuir o interesse dos consumidores por carros ecologicamente corretos.
A opinião de Pedroso é compartilhada por Marcos Ramos, empresário e diretor da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave) no Paraná. Ele alerta que a retomada do pagamento do imposto pode diminuir o interesse pelos carros elétricos devido à queda no custo-benefício. Ramos destaca que a chegada dos veículos elétricos e sua popularização são eventos recentes, e que a frota desses veículos ainda é pequena se comparada à quantidade de carros movidos a combustão. Portanto, ele considera que a cobrança do IPVA para veículos elétricos não é justificada neste momento.
O representante da Fenabrave também aponta a necessidade de investimento em estrutura de recargas e outras iniciativas para favorecer a compra de veículos elétricos. Ele ressalta que, atualmente, não há incentivos suficientes para compensar a retomada do pagamento do IPVA para esses veículos.
A reclamação em relação à retirada da isenção do IPVA também é compartilhada por proprietários de veículos elétricos. O motorista particular Felipe Chioratto adquiriu um carro ecologicamente correto e está preocupado com a retomada da cobrança do imposto. Ele destaca que o valor do IPVA será um grande prejuízo para o bolso, considerando o custo elevado desses veículos. Chioratto também critica a falta de progressão na cobrança do IPVA para veículos elétricos, comparando-a com a porcentagem paga por carros movidos a gás natural, que, segundo ele, poluem mais.
Em resposta às críticas, a Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná argumenta que a isenção fiscal para veículos elétricos implicaria em uma renúncia fiscal significativa aos cofres públicos. O órgão ressalta que apenas um estado das regiões Sul e Sudeste concede a isenção do IPVA para veículos elétricos. A secretaria ainda destaca que o aumento da frota de veículos elétricos representa a efetividade de políticas públicas em favor de matrizes limpas e sustentáveis, e que o estado continua estudando possibilidades de fomento aos setores de fronteira da economia, como veículos movidos a eletricidade ou hidrogênio.
A retirada da isenção do IPVA para carros elétricos no Paraná tem gerado um intenso debate entre proprietários, concessionárias, entidades do setor automotivo e o governo. A medida levanta questões sobre os incentivos necessários para a adoção de veículos ecologicamente corretos, a sustentabilidade e a eficácia das políticas públicas relacionadas a matrizes limpas. O impacto dessa decisão no interesse e na adoção de carros elétricos no estado do Paraná ainda é uma questão em aberto, e o debate sobre o tema deve continuar nos próximos meses.