Em janeiro deste ano, Herbert Diess, CEO da Volkswagen, vaticinou: “Nosso futuro está em nos tornarmos uma empresa de tecnologia digital”. Onde se lê “futuro”, entenda sobrevivência. Com seu carro elétrico de design futurista, integração digital e tecnologia semiautônoma, a Tesla se tornou a mais valiosa montadora do mundo, ultrapassando todas as gigantes multinacionais, inclusive a Volks. Porém, no mercado, assim como tudo na vida, toda glória é passageira e sempre pode aparecer algo ou alguém que saiba fazer melhor.

A notícia da Reuters de que a Apple estaria desenvolvendo um carro elétrico superior ao de Elon Musk, multibilionário fundador da Tesla e também da SpaceX, não surpreendeu os analistas de Wall Street – afinal, empresas de tecnologia americanas e chinesas estão estendendo seus tentáculos para todos os lados –, mas levantou a seguinte pergunta: seria a vitoriosa companhia fundada por Steve Jobs, e hoje comandada por Tim Cook, capaz de superar o carro da Tesla, que já está no mercado e tem anos de testes à frente?

Os mais céticos dizem que não, mas a maioria acha melhor nunca apostar contra a Apple, empresa que lançou a segunda geração de celulares, o iPhone, arrasando líderes do mercado como Motorola e Nokia. A Apple é uma big tech com tradição de ultrapassar na curva quem largou na frente. O coração dos carros elétricos não está no motor, mas na bateria que o alimenta. Uma bateria de longa autonomia permitiria que o usuário quase nunca precisasse recarregar fora de casa, mesmo em viagens mais longas. Além disso, o histórico dos produtos da Apple em design e funcionalidade a colocaria na liderança de um mercado em que essas qualidades são especialmente atraentes para os consumidores.

Por outro lado, as empresas de Musk são estrelas em ascensão, queridas do público e do mercado. A SpaceX tem parceria com a Nasa, a agência espacial para a qual ela tem levado carga e astronautas ao espaço. Em novembro, a rede de satélites Starlink, da mesma SpaceX, passou a fornecer internet rápida para o norte dos Estados Unidos e sul do Canadá. O carro elétrico da Tesla é operacional e tem se saído bem nos testes de pleno funcionamento autônomo.

Um analista ouvido pela Bloomberg coloca suas fichas na possível parceria entre a gigante dos celulares e umas das grandes montadoras com o objetivo de ganhar escala mundial. O primeiro iCar poderia ser, por exemplo, um Apple Volks iCar. Musk disse que, anos atrás, quando seu veículo elétrico ainda estava nos primórdios, ele procurou vendê-lo a Tim Cook, que se recusou até a ouvir a proposta. Portanto, seja quem for o parceiro da Apple, se houver um, dificilmente será a Tesla. Ou não? Provavelmente saberemos antes que 2021 termine

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