O mercado de carros elétricos tem chamado atenção em todo o mundo, e tem obtido um crescimento vertiginoso, principalmente na Europa. A América do Sul, ainda que mais devagar também está indo atrás da tendência. Por aqui, no Brasil, o cenário ainda caminha um pouco mais lentamente e não apenas porque esses modelos são caros, mas também porque muitos dos interessados pensam muito antes de fazer a compra, visto que a estrutura para abastecimento de um carro desse modelo ainda é precária. “A região metropolitana de São Paulo possui cerca de 400 carregadores. Dependendo da região não há problema em encontrar um local, mas nem sempre está acessível”, conta Thiago Franco, proprietário de um JAC elétrico.

Apesar de uma lei vigente desde março de 2021, que obriga todos os condomínios a ter postos de carregamento desde o projeto da edificação, muitos proprietários encontram dificuldades para fazer seu abastecimento em seus prédios. “Na minha visão, o menor dos problemas é adequação de infraestrutura, pois dificilmente um condomínio novo não comporta pelo menos um carregador. O maior complicador é aprovação em assembléia para a instalação”, avalia Franco.

De acordo com a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), atualmente o Brasil tem apenas 1.500 postos públicos de recargas e sua grande maioria fica no eixo sul-sudeste.

O empresário Fernando Mancuso, que tem dois veículos elétricos, conta que ao fazer a transição de um carro à combustão para um eletrificado optou por modelos híbridos, por ter receio de ‘ficar na mão’ durante uma viagem longa. “Não tenho coragem de comprar um totalmente elétrico, porque a infraestrutura para abastecer é muito ruim. Por isso optei pelo hibrido”.

Falta incentivo

Alguns governos já divulgaram planos ambiciosos para o futuro da mobilidade elétrica. A Noruega, por exemplo, não comercializará mais veículos movidos a combustíveis fósseis. França, Canadá e Reino Unido também já traçaram suas metas para não produzir carros à combustão a partir de 2030.

“O Brasil, ao contrário de China, EUA e Europa Ocidental, não tem se desenvolvido com tanta velocidade, porque, lá fora, a eletrificação de automóveis é fortemente impulsionada por governos. Aqui temos outras prioridades”, explica Pedro Bentancourt, vice-presidente de veículos leves da ABVE.

De acordo com levantamento da Anfavea hoje os modelos eletrificados respondem por 2% do mix de vendas de veículos leves, mas em 2030 eles representarão de 12% a 22%; e em 2035 representarão 32%. Parece um cenário bom, mas se comparamos com o mundial percebemos que não. Nos EUA, por exemplo, o governo de Joe Biden emitiu, no ano passado, uma ordem executiva exigindo que os VEs componham metade dos veículos novos até 2030 (incluindo híbridos). “Precisamos ter produção localizada de itens das novas rotas tecnológicas, como baterias para modelos híbridos ou elétricos, por exemplo. Isso também baratearia a produção local de veículos eletrificados e nos colocaríamos no caminho global”, diz Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

SEM INCENTIVO Com pouca atenção do governo, o mercado de carros elétricos caminha devagar (Crédito:Divulgação)

Em todo caso, apesar do preço ainda salgado – o mais barato custa cerca de R$ 140 mil –, o mercado sinaliza que os veículos eletrificados estão ganhando força, apesar do momento de transição política, com reflexos na economia do País.

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