A indústria de veículos elétricos enfrenta um grande desafio relacionado à escassez de minérios para a produção de baterias, motores e sistemas em escala suficiente para atender as vendas de BEVs, Battery Electric Vehicles, previstas para os próximos anos. Com a demanda induzida por legislações restritivas e incentivos generosos, especialmente na Europa e na China, os BEVs foram escolhidos como opção preferencial e quase única para reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos meios de transporte. No entanto, ainda não está claro de onde a indústria vai retirar os minérios, ou matérias-primas, suficientes para suprir essa demanda.

De acordo com um estudo intitulado “Energy Transition Delusion”, assinado pelo pesquisador Mark Mills, do Manhattan Institute, a demanda por energia vai continuar subindo no mundo com transição dos energéticos líquidos para os sólidos, e com ela, até 2040, a necessidade pelos chamados minerais elétricos vai crescer substancialmente, sendo necessário usar 42 vezes mais lítio do que agora, 25 vezes mais grafite, 21 vezes mais cobalto, 19 vezes mais níquel e 7 vezes outros materiais raros. No entanto, Mills assinala que este crescimento projetado é bastante improvável, uma vez que a mineração é uma das atividades mais antigas da humanidade e que são necessários, em média, dezesseis anos para abrir e explorar ao máximo uma nova mina.

Além disso, a consultoria PwC estima que serão necessários investimentos de dezenas de bilhões para extração e processamento de minerais e produção de células para baterias, o que pode não ser capaz de superar as limitações naturais de reservas e tempo necessário para identificar e explorar novas minas. A falta de matérias-primas pode levar a um aumento de 22% nos custos de produção de veículos elétricos até 2026, ameaçando as previsões de barateamento.

Para garantir o suprimento de matérias-primas básicas à produção de carros elétricos, alguns fabricantes estão investindo em minas e mineradoras. O Grupo Stellantis, por exemplo, anunciou recentemente investimentos para se associar a projetos de exploração de cobre na Argentina e níquel e cobalto na Austrália.

Além do problema relacionado à escassez de matérias-primas, a indústria de veículos elétricos também enfrenta desafios como a infraestrutura de recarga e a fonte de energia utilizada para recarregar as baterias. Na Europa, por exemplo, a ansiedade causada pelos pontos de recarga é maior do que a autonomia limitada dos veículos elétricos. Para cumprir a meta proposta pela União Europeia de reduzir em 50%, até 2030, as emissões de CO2 dos veículos leves, seria necessário instalar 6,8 milhões de recarregadores públicos, o que equivale a inaugurar 14 mil pontos por semana de 2021 a 2030. Atualmente, o ritmo está muito abaixo disso, com apenas 2 mil pontos de recarga por semana, e com grande desequilíbrio regional.

Outra questão não resolvida é a fonte da energia utilizada para recarregar as baterias. Na Europa, boa parte da eletricidade vem de termelétricas que usam combustíveis fósseis, algumas ainda alimentadas por carvão, sujando a matriz do carro elétrico, que também emite CO2 em seu ciclo energético. Uma alternativa seria a utilização de etanol e outros combustíveis renováveis, além do contínuo desenvolvimento de tecnologias de baterias mais eficientes e sustentáveis.

Fonte: Carro elétrico pode rumar a beco sem saída por falta de minérios

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