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Em seu país de origem, a situação é ainda pior: a empresa entrou em recuperação judicial no fim do ano passado, sob suspeita de fraudes nos balanços financeiros declarados a acionistas e com uma dívida de US$ 4 bilhões. A falência é dada quase como destino certo.
Uma das consequências de sua derrocada foi a queda de outra empresa, a Pand-Auto, parceira da Lifan em um ousado projeto de compartilhamento de veículos elétricos em grandes metrópoles chinesas.
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Dois exemplares do 330 EV e um do 820 EV na sede da Pand-Auto, em Chongqing (Leonardo/Felix/Mobiauto)
A frota era formada por 20 mil veículos. Nem todos eram da Lifan, mas a maior parte era formada por unidades do 330 EV, uma reestilização com motorização elétrica do conhecido 320, a famosa cópia do Mini Cooper que chegou a ser vendida no Brasil por alguns anos. Também havia exemplares do sedan grande 820 EV.
O conceito do serviço era interessante. Em 2017, durante uma viagem para cobertura do Salão do Automóvel de Xangai, a convite da Lifan, conheci pessoalmente a sede da Pand-Auto e o serviço de compartilhamento proposto por eles.
Os simpáticos pandas que “recepcionavam” os visitantes na fachada da Pand-Auto, em Chongqing. Será que eles ainda estão sorrindo? (Leonardo Felix/Mobiauto)
Diferentemente do que vem sendo propagado em outras reportagens a respeito, não se trata de táxis ou Uber elétricos, mas sim de postos de compartilhamento em que o usuário, por meio de aplicativo, podia pegar um carro para dirigi-lo por conta própria, como se fosse um aluguel. Ao fim da viagem, ele o devolvia no mesmo ou em outro ponto autorizado.
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O app de contratação de carros elétricos compartilhados da Pand-Auto (Leonardo Felix/Mobiauto)
Elétricos com troca rápida de bateria
O projeto incluía uma etapa ainda mais ousada: postos não de recarga, mas sim de troca dos módulos da bateria por outros já recarregados, uma operação que poderia ser realizada por dois funcionários da Pand-Auto em menos de 3 minutos.
Para tirar os oito módulos de bateria, sendo quatro no cofre do motor mais quatro sob o assento traseiro, e colocar outros oito com a carga cheia, os operadores utilizavam duas máquinas com ventosas.
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Elétricos da Lifan tinha baterias removíveis para facilitar a substituição em postos de troca rápida. O serviço era feito em menos de 3 minutos (Leonardo Felix/Mobiauto)
A ideia seria espalhar postos de recarga similares nas principais rodovias do país. Não sei se essa parte do projeto foi muito adiante, mas o serviço de compartilhamento chegou a ser operado em 12 grandes cidades chinesas entre 2015 e 2020.
A bancarrota da Lifan provocou o fim da própria Pand-Auto. Sem o apoio da fabricante, a companhia de mobilidade não teve como arcar sozinha com os custos da operação, que teve pouca adesão por parte dos chineses, principalmente em tempos de pandemia.
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Os quatro módulos de bateria do 330 EV posicionados no cofre do motor. Outros quatro ficavam sob o assento traseiro (Leonardo Felix/Mobiauto)
Resultado: a empresa decretou falência em fevereiro deste ano e, embora até tenha tentado vender os 20 mil elétricos da frota, não conseguiu se desfazer da maioria. Decidiu, então, abandoná-los em um pátio gigantesco de Chongqing, metrópole de 30 milhões de habitantes onde ficavam as sedes da Lifan e da Pand-Auto.
Não se sabe exatamente quantos 330 EV e 820 EV estão abandonados nesse cemitério gigantesco de carros elétricos compartilháveis, mas certamente são milhares. As imagens de abertura deste artigo comprovam isso.
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