A Nissan apresenta a tecnologia e-Power como um passo intermédio entre os híbridos convencionais e os 100 elétricos. Isto porque apesar de usar gasolina como fonte de energia, queimada, naturalmente, num motor de combustão interna, as rodas são movidas exclusivamente por um motor elétrico. Uma arquitetura que permite dispensar a caixa de velocidades e, garantem os responsáveis da Nissan, oferecer uma experiência de “condução similar à de um elétrico sem a necessidade de carregar”. Claro que o “sem necessidade de carregar” significa necessidade de atestar com gasolina, uma fonte de energia significativamente mais cara e com maior pegada ambiental que a energia elétrica. Mas a Nissan aponta este carro a utilizadores que, querendo reduzir o consumo e a pegada ambiental, não estão ainda preparados, por uma ou outra razão, para adotarem um 100% elétrico.

Sem compromissos no interior

A nova geração do Qashqai foi criada, de raiz, para suportar a versão e-Power. Por isso, não foi preciso uma adaptação mais ou menos forçada da plataforma. O melhor exemplo disso mesmo é o posicionamento da bateria: por baixo dos bancos da frente, o que significa que a versão e-Power do Qashqai disponibiliza o mesmo espaço a bordo, incluindo na mala, das versões anteriormente lançadas.

O Qashqai e-Power vem com um vasto equipamento tecnológico, como a versão mais recente do ProPilot, o sistema de apoio à condução da Nissan. Este sistema permite manter a velocidade definida pelo condutor, a distância de segurança para o veículo da frente e até faz curvas, desde que não muito apertadas. Como está ligado à navegação, é inteligente q.b. para, por exemplo, desacelerar suavemente quando nos aproximamos de uma rotunda e voltar a acelerar posteriormente. O que significa que, como comprovámos, é possível fazer muitos quilómetros com este sistema ativado – sem as interrupções típicas dos sistemas de cruise control adaptativo sem a componente de navegação.

Quanto ao infoentretimento, há um assistente digital da Nissan que tem uma capacidade razoável para perceber os nossos comandos vocais mais relacionados com o carro. Para tudo o resto, é preferível recorrer ao Assistente Google via Android Auto ou à Alexa da Amazon em países onde é suportada.

Silêncio a bordo

É, talvez, a característica sensorial que mais distingue o Qashqai e-Power dos híbridos convencionais: o baixo ruído. Nos cerca de 200 km que fizemos na Suécia foram poucas as vezes que ouvimos realmente o ruído do motor de combustão. É verdade que esta foi uma consequência direta das estradas percorridas, sem grande relevo e com velocidades baixas. Mas deu para perceber que, em condução do dia-a-dia, sobretudo em espaço urbano, o motor a gasolina é pouco audível. Consequência de estar muitas vezes desligado, mas, também, de funcionar normalmente a um regime de rotações baixo. Trata-se de um motor de geometria variável, capaz de comutar de um modo de baixa taxa de compressão, sempre que é necessária mais potência, para um modo de elevada compressão para maior eficiência.

Outra diferença, sobretudo para os híbridos com caixas de variação contínua, é que não sentimos aquela desconexão entre o ruído do motor e o andamento do carro. Como apenas o motor elétrico transmite potência às rodas, a resposta ao acelerador é direta, sem hesitações ou tempos mortos com passagens de caixa. Neste aspeto, este carro comporta-se, de facto, (quase) como um 100% elétrico. Resultado do binário elevado e instantâneo. E é por isto que a versão e-Power é a versão mais dinâmica da nova geração do Qashqai.

Arquitetura inovadora

A bateria com pouco mais de 2 kWh de capacidade funciona como ‘buffer’ entre o gerador, diretamente ligado ao motor a gasolina, e o motor elétrico que está ligado ao eixo frontal. Repetimos: na arquitetura e-Power o motor a gasolina nunca está ligado às rodas. A bateria tem uma potência máxima de descarga e de carregamento de 66 kW. Este valor permite mover o Qashqai e-Power em modo puramente elétrico (com motor de combustão desligado), isto desde, é claro, que haja energia na bateria para o efeito. Segundo o que apurámos pelas ruas de Estocolmo, Suécia, e arredores, é possível fazer alguns quilómetros ou minutos neste modo em condução urbana. Ora, sabemos da física, que a energia não nasce do nada, que é o mesmo que dizer que, neste carro, a energia carregada para a bateria é obtida à custa, essencialmente, do consumo de gasolina. Uma pequena parte resulta da recuperação nas desacelerações e descidas, mais quando usamos os modos de maior regeneração B e e-Pedal (semelhante ao do LEAF, mas sem a capacidade de traçagem completa).

Felizmente, a arquitetura já mencionada – a ‘libertação’ do motor a gasolina da transmissão às rodas – permite manter o motor a funcionar em regimes de rotação ideais de acordo com as necessidades. Sem as subidas e descidas constantes de rotação naturais de um carro convencional. O que permite uma maior eficiência. Segundo a Nissan, a arquitetura e-Power pode chegar a ser 20% mais eficiente que a arquitetura híbrida convencional em circulação urbana. E entre 10 a 15% no global. Uma coisa é certa: no nosso teste acabámos com uma média indicada de 5,2 litros aos 100 km. É certo que o percurso de testes ajudou muito a manter consumos baixos, mas também é verdade que estivemos sempre com o ar condicionado ligado – sim, a onda de calor também chegou, parcialmente, à Suécia. Um valor até mais baixo que o consumo (WLTP) anunciado pela marca: 5,3 litros/100 km.

Os 140 kW de potência permitem um andamento vivo q.b., sobretudo porque, como já referimos, o binário é elevado e sempre disponível. Curiosamente, o motor de combustão, via gerador elétrico acoplado, ‘apenas’ disponibiliza 116 kW, mas os responsáveis da Nissan garantem que, devido à forma como a gestão é feita, nunca falta energia ao motor elétrico para trabalhar com a máxima disponibilidade.

Preço: não é barato, mas “é competitivo”

O Qashqai e-Power tem um preço de venda recomendado de €42.800 para a versão base (N-Connecta), que já inclui os serviços conectados da Nissan, o sistema de infoentretenimento baseado no ecrã de 12,3”, câmara 360 e jantes de liga leve. A versão seguinte, Tekna (€44.600), é a primeira com o ProPilot com Navilink, Head-Up Display, bancos em pele, AutoPark, faróis LED adaptativos, jantes de 19 polegadas e teto panorâmico. A versão Tekna+ (€48.750) adiciona confortos como sistema de som Bose (10 colunas) e bancos em couro sintético com função massagem.

O Nissan Qashqai e-Power pode ser reservado a partir de 17 de julho e as entregas aos clientes estão planeadas para ter início em setembro

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