Depois de um belíssimo ano de estreia na Fórmula 1 pela modesta Toleman em 1984 (com três pódios), Ayrton Senna (1960-1994) teve a partir da temporada seguinte um carro capaz de lhe assegurar presenças constantes entre os três primeiros colocados e também nas primeiras filas do grid com a Lotus-Renault.

Depois de um grande susto logo após ser contratado pelo time inglês (uma paralisia facial), Senna foi se recuperando gradativamente para enfrentar o calor infernal do Rio de Janeiro em seu primeiro final de semana com o carro preto e dourado para o GP do Brasil de 1985, realizado há exatos 36 anos, no dia 7 de abril no extinto autódromo de Jacarepaguá.

Enormes outdoors da John Player Special, patrocinadora master da Lotus, estavam presentes nos principais pontos da capital carioca, em uma época em que as indústrias tabagistas dominavam a publicidade da categoria.

NOS TREINOS…

A Lotus contava com um bom chassi projetado pelo experiente e competente francês Gérard Ducarouge, e o motor Renaut turbo tinha uma cavalagem de respeito, sobretudo aquele utilizado exclusivamente em treinos. Como nem tudo são flores, o calcanhar de Aquiles do propulsor era o consumo, elevadíssimo, que por várias vezes deixou o brasileiro pelo caminho.

Assim, com um carro veloz, Senna tinha reais condições de brigar pela primeira pole de sua carreira ou, pelo menos, largar à frente de seu companheiro de equipe, o italiano Elio de Angelis. 

E o que aconteceu? Nem uma coisa, nem outra…

No primeiro treino livre, De Angelis ficou em primeiro e Senna em segundo, defasado 0s624 em relação ao italiano.

Na segunda sessão, liderança para Michele Alboreto (Ferrari), Keke Rosberg (Williams-Honda) em segundo e Senna em terceiro com sua Lotus. O tempo de Ayrton, 0s621 atrás de Alboreto. De Angelis, com problemas mecâncios em sua Lotus, não registrou tempo.

Para a classificação, apesar do entusiasmo do público brasileiro no Rio, parecia claro que uma pole de Senna em sua estreia pela Lotus não seria mesmo fácil, e a briga acabou mesmo acirrada entre Alboreto e Rosberg, que foram os mais rápidos e dividiram a primeira fila.

Na segunda fila, os dois carros da Lotus, com De Angelis em terceiro e Senna em quarto.


Elio de Angelis e Ayrton Senna, a dupla da Lotus. O italiano foi o terceiro colocado no GP do Brasil de 1985. Foto: Divulgação

NA CORRIDA…

Assim que as luzes vermelhas apagaram e as verdes foram acionadas, Rosberg tomou a dianteira e abriu boa margem para Alboreto, o segundo. Senna ganhou a posiição de De Angelis que caiu para quinto, mas Prost (McLaren-Porsche) superou Senna e foi para terceiro.

Piquet, em sua última temporada pela Brabham, à época impulsionada pelo motor BMW turbo, abandonou logo na segunda volta, com problema de câmbio.

Rosberg, Alboreto e Prost vinham em ritmo parecido, formando um pelotão único. Senna não conseguia acompanhar o trio e estava em quarto.

Porém, a alegria de Rosberg durou apenas até a décima volta, quando o turbo do motor Honda de sua Williams quebrou. Alboreto herdou a ponta, com Prost em segundo e Senna em terceiro. 

Lauda, o quarto, com a outra McLaren-Porsche, se aproximou e superou Senna, que caiu para quarto.

Na 17ª volta, Alboreto errou uma troca de marcha, na entrada da reta dos boxes, e Prost asssumiu a liderança.

Assim, os seis primeiros neste momento: Prost, Alboreto, Lauda, Senna, De Angelis e René Arnoux (Ferrari).

Lauda, que tinha o número 1 estampado em sua McLaren, graças ao título obtido na temporada anterior, parecia disposto a ganhar a segunda colcoação de Alboreto, enquanto Prost abria boa vantagem para os dois.

Porém, um problema com a injeção de combustível no motor Porsche da McLaren de Lauda  na volta 27 deixou a situação mais tranquila para Alboreto, enquanto Senna subia para terceiro, posição que manteve até a volta 48, quando uma pane elétrica tirou o brasileiro da prova, impedindo-lhe de subir ao pódio pela Lotus em sua estreia pelo time chefiado por Peter Warr, responsável por sua contratação e que havia trabalhado com Emerson Fittipaldi na mesma Lotus.

No final das contas, vitória de Prost, 17ª dele na F1. Ele voltaria a vencer mais quatro veze naquela temporada (Mônaco, Grâ-Bretanha, Áustria e Itália) e conquistou o primeiro de seus quatro títulos na categoria. Alboreto terminou em segundo e De Angelis completou o pódio.

René Arnoux (Ferrari) terminou em quarto, Patrick Tambay (Renault) em quinto e Jacques Laffite, que retornava à Ligier (com motor Renault) após duas temporadas na Williams, fechou o top-6 no traçado carioca.

TROCAS DE PNEUS “ETERNAS”

As trocas de pneus, se comparadas ao que assitimos hoje, tinham um ar de amadorismo total. Mecânicos (poucos) de bermudas se atrapalhando na retirada e colocação das rodas e tempos na casa dos 15 segundos, 13 segundos a mais que atualmente…

Senna, por exemplo, quando fez sua troca de pneus,  ficou 16s12 parado nos boxes da Lotus…

Alain Prost largou em sexto e venceu o GP do Brasil em 1985, o 17ª em sua carreira. Ele triunfou em mais quatro GPs naquele ano e foi o campeão da temporada. Foto: Divulgação

 

Com problema elétrico em sua Lotus-Renault, Senna abandonou na 47ª volta, quando estava na terceira colocação. Foto: Divulgação

Alboreto, o pole, terminou em segundo. Lauda, que aparece atrás dele na imagem, abandonou. Foto: Divulgação

 

Após duas temporadas na Williams, o francês Jacques Laffite estava de volta à Ligier, então impulsionada pelo V6 turbo da Renault. Ele terminou na sexta colocação. Foto: Divulgação

 


    

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