O cerco à pegada ambiental da indústria automóvel não é de hoje, mas as marcas têm vindo a adaptar-se constantemente, incluindo tecnologia capaz de, por um lado, poupar consumos, o que reduz emissões, e, por outro, reter partículas em filtros e sistemas cada vez mais eficazes. Mas não chega. E, por isso, a maioria recorre ao apoio dos motores eléctricos, alimentados por baterias de carregar na tomada, de forma a reduzir o número de emissões por quilómetro percorrido: a meta actual é de 95 g/km, mas os próximos anos exigirão uma redução ainda mais drástica.
Por tudo isto, não é de espantar que, entre as novidades que o ano que aí vem reserva, os eléctricos e as soluções térmicas electrificadas estejam em maioria. Desde os desejados compactos familiares até berlinas de luxo, sem esquecer os bem-amados SUV, são vários os lançamentos previstos para 2021 dignos de nota.
A começar pelos compactos, destaque para a nova geração do Dacia Sandero, provavelmente um dos utilitários/familiares com melhor relação entre a qualidade e o preço. Mais moderno e com trunfos reconhecidos de ordem racional, o Sandero chegará sem luxos, mas com o essencial assegurado, será o cinco lugares mais barato que se irá poder encontrar no mercado dos novos.
Já do Grupo PSA, há três novidades de peso neste segmento: Citroën C4, que será lançado com motorizações a combustão e eléctricas, que se destaca pela modernidade e pela adopção de linhas de coupé a que junta, de forma ousada, traços angulares; Peugeot 308, o único da actual gama da marca do “leão” que ainda exibia sinais da antiga linguagem de design, sendo previsível ser apresentado tanto com uma derivação eléctrica como com uma plug-in; e Opel Astra, assente nas mesmas premissas do rival 308, com o qual partilhará tecnologia e componentes, ainda que se preveja estar mais voltado para os amantes dos coupés.
Para todos estes europeus, um concorrente nipónico à altura, previsto para o final do ano: o Honda Civic vai entrar numa nova geração, a 11.ª, revista de ponta a outra.
Um rol de SUV
Quando o Nissan Qashqai foi lançado pela primeira vez, em 2007, o termo SUV pouco se usava. E o estilo não era o mais apreciado: na época as carrinhas lideravam as preferências, seguidas dos cinco portas. Mas, o Qashqai foi o arranque de todo um mundo novo, onde conforto e e uma elevada posição de condução casam com aventura, nem que esta se fique apenas pelas intenções…
E é precisamente pelo SUV compacto japonês que se inicia um rol de propostas em forma de SUV. Uma nova geração deverá ser revelada em 2021, numa tentativa de voltar a colocar o Qashqai como líder inquestionável de vendas entre os seus pares. Do que se sabe até agora, a Nissan não terá poupado esforços para reposicionar o seu SUV, sendo que deverá continuar a apostar numa política de preço reduzido.
Outros lançamentos certos incluem o Hyundai Tucson, de design marcante e com uma versão híbrida plug-in que promete uma condução extremamente emocional, ou o Lexus UX 300e, que já pudemos conduzir, e que oferece uma autonomia de mais de 300 quilómetros.
Também em modo eléctrico será servido o Porsche Macan EV, numa altura em que a insígnia alemã garante estar a trabalhar para que metade das suas vendas até 2022 sejam de um eléctrico ou de um híbrido. Do mesmo grupo, a Audi tem agendados os lançamentos do Q4 Sportback e-tron, para rivalizar com o Tesla Model Y, ou do Audi Q5 Sportback, cujo foco está no porte e no comportamento atléticos, com suspensão desportiva de série.
Também na forja está um novíssimo DS 4, que incluirá uma declinação híbrida plug-in, enquanto o Opel Mokka se mostra prontíssimo para conquistar o mercado que, em Portugal, viu fugir por conta das classes nas portagens. Agora, com esse regulamento revisto, o Mokka, poderá fazer-se valer de um portefólio mecânico amplo: gasolina, gasóleo e eléctrico.
No capítulo dos híbridos de ligar à corrente, espera-se por um novo Jaguar E-Pace, cuja actualização passará pela adopção de uma nova plataforma, ou por um Toyota RAV4, com autonomia eléctrica para mais de 70 quilómetros.
Já no caso do Volkswagen ID.4 a receita é exclusivamente eléctrica, seguindo os passos do hatchback ID.3, mas apresentando-se com um corpo mais próximo do Tiguan. A autonomia ainda não é oficial, mas deverá cumprir entre 320 e 480 quilómetros, dependendo da capacidade da bateria proposta. O mesmo será feito pela BMW, com o vindouro i4, mas neste há dois “pormaiores”: a potência de 530cv, o que lhe confere características de superdesportivo, e o facto de ser proposta com tecnologia de condução autónoma de nível 3.
Na senda da potência
Se uns primam por ser, sobretudo, mais amigos do ambiente, outros mantêm-se na corrida pela potência e pelas emoções que se extraem do contacto com o asfalto. Para começar, a Audi deverá pôr cá fora a versão desportiva do A3, lançado em 2020. O Audi RS3 deverá chegar com mais de 400cv e afinações específicas que o colocam tão apto para a estrada como para as pistas.
Nos desportivos a chegarem em 2021, o i20 N está entre os mais aguardados. A actualização da gama do Hyundai i20 acaba de ser lançada, chegando aos concessionários no próximo ano, e a declinação mais potente, de 200cv, deverá seguir-lhe os passos apresentando um visual mais atrevido. E atrevimento é o que a Toyota em feito com o seu departamento Gazoo Racing. Depois do Toyota GR Yaris de tracção às quatro rodas, prevê-se que a marca nipónica recorra ao mesmo bloco de 1,6 litros e 260cv para criar um GR Corolla à medida dos condutores mais afoitos, tendo por base o bem-sucedido compacto familiar de 2019.
Noutro patamar, jogam o novo Mercedes SL, desenvolvido pela AMG, ou seja, com um topo de gama com credenciais de luxos vários, mas também de performance. Ainda na Mercedes-Benz, merece atenção o novo Classe C, com várias versões híbridas plug-in.