As barreiras enfrentadas pelos veículos elétricos no mercado brasileiro são múltiplas e requerem uma política de eletromobilidade mais clara e integrada, segundo especialistas do setor. Apesar de avanços na infraestrutura de recarga, preços ainda altos e falta de configurações mais diversas para carros elétricos no país, a ausência de uma política nacional para eletromobilidade é apontada como uma das principais barreiras a serem enfrentadas no setor.
Com uma política nacional robusta, podem surgir mais incentivos para fabricantes, concessionárias, provedores de infraestrutura e usuários. O esforço conjunto, com participação dos governos federal, estaduais e municipais, ajudaria, por exemplo, na diminuição dos custos logísticos que impactam no valor final dos veículos elétricos para o consumidor final.
A inclusão social seria outra forma de beneficiamento que poderia ser proporcionada com a criação de uma política nacional de eletromobilidade. Nesse sentido, a diminuição tarifária do transporte público seria possível, fator que potencializaria uma maior adesão a esse tipo de transporte no país, resultando em um impacto positivo não só na mobilidade urbana, mas também na saúde pública, uma vez que a circulação de veículos elétricos não contribui para a emissão de dióxido de carbono na atmosfera.
A possibilidade da fabricação local de elétricos é outro ponto que deve ser incentivado pela adoção de uma política de eletromobilidade no Brasil, ampliando a oferta de empregos e a atração de novas tecnologias.
Segundo Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa especializada em soluções para a mobilidade elétrica, “temos um potencial gigantesco quando tratamos da possibilidade de produção local, visando também a exportação. É preciso superar o paradigma de País importador e conquistar autossuficiência na produção”.
Além da falta de uma política nacional, outras barreiras ao setor do carro elétrico no Brasil são mencionadas pelos especialistas, como a redução na autonomia dos veículos informada pelas montadoras – uma medida que pode desencorajar ainda mais os consumidores a aderirem à mobilidade elétrica.
No entanto, também é importante destacar que houve avanços significativos, como a redução do IPI para os elétricos, ainda que o valor seja mais alto do que o imposto para carros com motor de combustão.
A falta de configurações diversificadas de carros elétricos para diferentes tipos de motoristas também impede que esse mercado cresça ainda mais. Nesse sentido, é preciso que mais marcas ofereçam picapes, hatches pequenos, SUVs compactos e outros tipos de configurações, tornando a oferta de elétricos mais variada.
Outra barreira é a desinformação sobre o que acontece com a bateria após o fim de sua vida útil. Muitos consumidores não sabem como proceder com a bateria, o que pode desmotivá-los a comprarem um carro elétrico, temendo passarem por vilões do meio ambiente.
No entanto, a bateria usada pode ter uma segunda vida, como iluminando um estabelecimento ou ligando um eletrodoméstico, e depois ser submetida a procedimentos de reciclagem.
Os especialistas ressaltam a necessidade urgente de uma política nacional de eletromobilidade no Brasil, que envolva todas as esferas governamentais, com apoio para fabricantes, concessionárias e usuários, bem como para incentivar a produção local e a diversificação do mercado de carros elétricos. Só assim poderemos efetivamente abrir as portas para a mobilidade elétrica no país.
Fonte: 5 barreiras que o carro elétrico ainda enfrenta no Brasil | Estadão Mobilidade