O Toyota Corolla híbrido chega para mostrar que um carro híbrido não precisa ter um visual “ousado” como o do Prius, e que não tem que ser supercaro ou de uma produção restrita.
Na nova geração, o sedã médio mais vendido do Brasil adota melhorias no motor 2.0 a combustão e estreia uma inédita versão híbrida.
5 razões para crer que o Corolla híbrido promete “democratizar” a tecnologia
- O Corolla é o carro mais vendido do mundo e o sedã médio mais vendido do Brasil;
- Não é preciso recarregá-lo na tomada, é só abastecer o tanque com combustível e deixar que as baterias se recarreguem sozinhas;
- Além de gasolina, ele também pode ser abastecido com etanol. É o primeiro híbrido flex do mundo;
- A partir de R$ 124.990, ele é o híbrido mais barato do Brasil — o valor é menor do que de concorrentes com motorizações comuns em versões equivalentes;
- Os custos de manutenção até 60.000 km são exatamente os mesmos da versão 2.0 (R$ 3.872) e mais baratos do que do Prius (R$ 4.072).
Veja os concorrentes do Toyota Corolla Altis híbrido — Foto: Guilherme Fontana/G1
O G1 andou na configuração híbrida “básica”, que parte de R$ 124.990, sem o pacote premium. Com ele, o modelo passa a custar R$ 130.990.
Como anda o primeiro híbrido flex do mundo?
O conjunto do Corolla híbrido é formado por um motor 1.8 flex com até 101 cavalos de potência e 14,5 kgfm de torque, e dois motores elétricos que somam 72 cavalos e 16,6 kgfm de torque. A potência total combinada é de 123 cavalos.
Pode se causar certa estranheza um carro com potência próxima de um motor 1.6 custar mais de R$ 130 mil por ser híbrido, mas não leve números absolutos tão a sério – na prática, o sedã não lembra em nada um modelo apenas a combustão com potência semelhante.
Porém, apesar do fôlego inicial, não espere por esportividade e/ou emoção: além de este não ser o foco do Corolla híbrido, o câmbio CVT sem marchas simuladas deixa as acelerações monótonas e, aparentemente, lentas. A Toyota não divulga dados de desempenho do modelo.
Versões híbridas têm motor 1.8 a combustão e dois elétricos — Foto: Guilherme Fontana/G1
Como em todo híbrido, os motores funcionam de forma alternada ou conjunta, de acordo com a demanda. O fato de ser flex não altera em nada o funcionamento.
Ou seja, em acelerações mais fortes e em velocidades mais altas, os dois funcionam juntos. No anda e para das cidades, o elétrico terá prioridade — é possível vencer engarrafamentos sem gastar uma gota sequer de gasolina (ou etanol), por exemplo.
Também como em outros híbridos, os motores elétricos são recarregados automaticamente pela recuperação da energia cinética gerada pelas frenagens e desacelerações, além da geração de energia pelo motor a combustão. Não há opção de recarga em tomadas.
De cara a resposta é: depende. De acordo com o Inmetro, o consumo do Corolla híbrido abastecido com gasolina é de 14,5 km/l na estrada e 16,3 km/l na cidade. Com etanol, os números caem para 9,9 km/l na estrada e 10,9 km/l na cidade.
Segundo a Toyota, porém, em ciclo urbano com gasolina o modelo pode ultrapassar os 20 km/l. Vale lembrar que o consumo de carros híbridos é menor na cidade por ser onde o motor elétrico é mais utilizado.
Por isso, o proprietário deve colocar na ponta do lápis se roda mais em ciclos urbanos ou rodoviários e a diferença de valor entre os combustíveis.
Indo além da inédita motorização híbrida, o Corolla continua o mesmo de sempre – e isso é bom. O sedã permanece com uma dirigibilidade impecável e focada no conforto, capaz de amenizar qualquer possibilidade de cansaço em longas viagens.
Para garantir mais segurança e estabilidade sem abrir mão do conforto, o Corolla finalmente adotou suspensão independente nas quatro rodas e multilink na traseira, deixando no passado o eixo de torção.
Corolla híbrido é identificado, principalmente, pelo logo da marca em azul e pelos logotipos “Hybrid” — Foto: Guilherme Fontana/G1
Assim como nas gerações passadas, a suspensão do modelo absorve bem as irregularidades do solo mesmo nas versões mais caras, que têm pneus de perfil baixo (225/45) e rodas aro 17.
A direção, com assistência elétrica progressiva, conversa bem com a suspensão e tem ajuste leve e preciso.
Outra característica que permanece no Corolla é o bom espaço. Quem viaja no banco de trás não se preocupa com aperto, especialmente dos joelhos. O porta-malas tem 470 litros – a capacidade é boa, superior à do Cruze (440 litros), mas menor do que dos rivais Civic (517 litros) e Jetta (510 litros).
Já o acabamento melhorou, com materiais emborrachados no painel e nas portas. O antiquado relógio digital da geração anterior deixou de existir, mas o que talvez possa incomodar agora é o “tubo” traseiro da central multimídia.
Central multimídia tem um “tubo” na traseira — Foto: Guilherme Fontana/G1
Durante o lançamento do novo Corolla, a Toyota surpreendeu pela inteligente estratégia de preços. Pelo mesmo valor é possível levar a versão Altis híbrida ou 2.0. A diferença aparece em um pacote de equipamentos opcional.
Chamado de pacote “premium”, inclui ar-condicionado de duas zonas, banco do motorista com regulagens elétricas, retrovisores externos com rebatimento elétrico, teto solar elétrico e sensor de chuva.
O kit vem de série na configuração 2.0, mas é um opcional de R$ 6 mil no híbrido, que passa a custar R$ 130.990 com os itens.
Painel do Toyota Corolla Altis híbrido — Foto: Divulgação/Toyota
Mas a lista de equipaments do modelo “básico” é grande mesmo assim: direção elétrica, 7 airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, fixação de cadeirinhas infantis (Isofix), faróis automáticos, luzes diurnas de LEDs e central multimídia com Android Auto e Apple Carplay.
Há ainda faróis de neblina de LED, ar-condicionado automático, rodas de 17 polegadas e o pacote Toyota Safety Sense, com piloto automático adaptativo, faróis com facho alto automático, assistente de pré-colisão com alerta sonoro e visual e frenagem automática, e alerta para mudança involuntária de faixa.
De janeiro a setembro deste ano, o Corolla liderou o mercado de sedãs médios no Brasil com 41,9% do segmento, segundo a Fenabrave, a associação dos concessionários no país.
Ao todo, foram 40.715 unidades emplacadas. Em segundo lugar vem o Civic, com 20.097 e, em terceiro, o Cruze, com 12.971. O Jetta só vem na quarta colocação, com 9.276 unidades.
A tendência destes números do Corolla com a linha 2020 é, se não crescerem, continuarem no mesmo patamar.
Por R$ 124.990, a versão híbrida avaliada (lembrando, mesmo valor da Altis 2.0) tem melhor custo-benefício do que seus concorrentes: Civic Touring (1.5 turbo, R$ 134.900), Cruze Premier (1.4 turbo, R$ 122.790) e Jetta R-Line (1.4 turbo, R$ 119.990).
O Corolla é caro, mas é reconhecido pela boa mecânica e por valor de revenda. Agora, passa a ter o trunfo de ser híbrido. Além do pioneirismo no segmento, ele também pode revolucionar o mercado brasileiro promovendo a “popularização” da tecnologia.