TÓQUIO – É realmente um salão bem diferente. No
Tóquio Motor Show,
as maiores atrações são, é claro, das marcas japonesas como
Honda
,
Nissan
,
Toyota
,
Suzuki
e
Mitsubishi
. As únicas fabricantes europeias a apresentar seus produtos por aqui são a
Mercedes-Benz
e, timidamente, a
Renault
— nem mesmo as vizinhas chinesas e sul-coreanas aparecem.
E só na mostra de Tóquio veem-se expostos automóveis como os keijidōsha, ou kei cars, os microcarros projetados exclusivamente para atender ao mercado japonês. E mais: há espaço também para motocicletas!
‘Cachacinha’:
o primeiro carro a álcool fabricado em série, chega aos 40 em ótima forma
A mostra não é das maiores e, neste ano, ainda resolveram dividi-la em dois pavilhões — um a 15 minutos de ônibus do outro…
Reunimos aqui as maiores atrações dessa exposição, que continuará aberta até o próximo dia 4 de novembro.
Honda Fit
A quarta geração do compacto é a maior estrela do salão. Suas linhas são bem mais suaves que as do modelo vendido atualmente no Brasil — o Fit perde vincos e curvas rebuscadas para assumir ares de coelho inofensivo. As colunas do para-brisa avançam sobre o capô, como nos antigos Xsara Picasso. A lanternas traseiras ganham contornos bem mais simples. Na mecânica, muitas novidades. Todos as versões mostradas em Tóquio têm motorização híbrida e:HEV, com um motor de 1.0 ou 1.5 litro auxiliado por outro elétrico. Uma das configurações é a Crosstar, com visual meio aventureiro e grade mais convencional. Já o espaço interno não muda muito em relação ao que conhecemos. As vendas na Europa e na Ásia terão início no primeiro semestre do ano que vem — e sabemos que a Honda não demora muito a atualizar seus modelos no Brasil depois de lançá-los no exterior. A marca japonesa vai acelerando seus planos de eletrificação da linha e já fala de um Civic híbrido para 2021.
‘Ford x Ferrari’:
filme conta como Carroll Shelby e Ken Miles fizeram do GT40 um vencedor
Nissan Ariya
De tudo o que vimos na mostra, este é o carro-conceito mais próximo da realidade. Trata-se de um crossover bem ao estilo do que está na moda: teto tipo fastback, quatro portas e suspensão alta. O estilo é dos mais elegantes e, segundo Alfonso Albaisa, diretor de design da marca, antecipa as linhas dos futuros Nissan. Sua versão final já deve estar quase pronta e será totalmente elétrica, como o Leaf. O carro-conceito é equipado com um motor em cada eixo, mas é bem capaz de a versão final ter tração apenas na dianteira. Entre os equipamentos menos usuais está o ProPilot 2.0, auxiliar semi-autônomo que permite ao motorista tirar as mãos do volante em uma rodovia.
Toyota e-Pallete
O veículo autônomo nível 4 — sem volante ou outros comandos convencionais para humanos — parece carro-conceito, mas será produzido em série limitada já no ano que vem. A Toyota fará 200 dessas vans sem motorista para transportar atletas e treinadores nas vilas olímpicas dos Jogos de Tóquio 2020. Com forma de cubo envidraçado, o modelo se deslocará a, no máximo, 19km/h. Tem capacidade para até 20 passageiros. Rampas permitem o fácil acesso em cadeiras de rodas — o e-Palette pode levar até quatro cadeirantes por vez (e mais sete passageiros em pé). Por segurança, haverá um operador humano dentro de cada van: um botão vermelho desativa o veículo manualmente em caso de problemas. Coisas de tecnologia ainda muito recente.
Daihastu Rocky SUV
Recém-lançado no Japão, mede apenas 4m de comprimento, com 2,52m de entre-eixos. Com algumas modificações estéticas (principalmente na dianteira), dará origem ao utilitário compacto Toyota Raize, que será feito em Sorocaba (SP) em 2021. De perto, parece pobre e pequeno demais para nosso mercado — é provável que, no Brasil, ganhe uma versão alongada. A mecânica é interessante: três cilindros, turbo, 996cm³ e 90cv. A tração é dianteira e o câmbio, tipo CVT.
Viu isso?
Fiat Chrysler e Peugeot confirmam fusão para criar quarta maior montadora do mundo
Mazda MX-30
O primeiro Mazda totalmente elétrico chegará às lojas no ano que vem. Em meio a tantas loucuras de design, seu estilo limpo é um descanso para os olhos. Na onda dos crossovers, a suspensão é alta, mas a carroceria tem caimento suave. Além das portas dianteiras, há uma “meia porta” em cada lateral, para dar acesso ao banco traseiro (como nas Fiat Strada cabine estendida). No painel, há uma tela sensível ao toque e poucos botões. Há um único motor, dianteiro, de 143cv. A autonomia é de 210km.
Toyota BEV
Mãe dos híbridos modernos, e ousada ao pôr no mercado um modelo com células de combustível, a Toyota resistiu a lançar um carro 100% elétrico convencional (com baterias). O BEV é ultracompacto, com dois lugares, e destinado ao mercado europeu. Terá circulação bem restrita, com velocidade máxima de 60km/h e autonomia modesta: 100km. Sabemos disso pelo release, já que não encontramos o carro no salão. A Toyota “se esforçou” para deixar alguns lançamentos longe dos olhos dos visitantes…
‘Key cars’:
pequenos por fora, espaçosos por dentro: conheça os ‘keijidösha’
Subaru Levorg
Sobre o palco, na hora da apresentação, parecia uma station wagon de produção normal. Mas a Levorg ainda é tratada como “conceito”. É a versão familiar do Subaru WRX e a produção para valer só começará no segundo semestre de 2020. Terá o próximo motor boxer 1.8 turbo da Subaru. Para quem gosta de caminhonetes esportivas, é um sonho.
Kawasaki Teryx KRX 1000
Nem só de motos vive a Kawasaki. A marca mostra um gafanhoto-transformer de quatro rodas chamado Teryx. Feito para trilhas, esse quadriciclo UTV com volante tem dois lugares. Sua mais recente versão tem motor bicilíndrico de 999cm³ instalado entre-eixos, atrás dos bancos, atrelado a um câmbio CVT e com tração 4×4. Seu chassi tubular tem gaiola de proteção. Com 860kg de peso total, suspensão de curso muito longo, pneus lameiros e vão livre de 36,5cm, o bicho deve escalar paredes…