Pode até parecer coincidência, mas Toyota Corolla, Honda Civic e Chevrolet Cruze mudaram no mesmo mês com poucas semanas entre as estreias. Segundo sedã médio mais vendido do Brasil e mais caro da categoria (quando desconsiderado o esportivo VW Jetta GLI), o Honda Civic Touring de R$ 134.900 quer provar que tem fôlego para mais.
Mudou mesmo?
As mudanças para a linha 2020 foram extremamente discretas – entre todos os sedãs renovados em setembro (que inclui ainda o Kia Cerato), o Civic foi o que menos mudou. As alterações se resumem ao novo para-choque dianteiro, friso cromado na traseira e algumas novidades no interior.
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Não que o Civic precisasse: ele é um dos mais bonitos da categoria. O interessante de notar é que ele não esconde seu lado esportivo, deixando claro seu perfil cupê e o arrojo das linhas – um contraste com Jetta e Corolla que preferem seguir por um estilo mais sóbrio e tradicional.
A versão Touring 2020 adiciona uns pontos no quesito beleza ao trazer faróis full-LED que iluminam muito bem mesmo em ambientes bastante escuros. Só que a Honda não foi muito feliz na escolha das rodas de liga-leve de 17 polegadas com acabamento cinza: comum a todas as versões do Civic 2020 (menos Sport), ela parece feita para o Civic LX de entrada, não para o Touring.
O Accord não tem
Se por fora o novo Civic parece esportivo, por dentro ele segue na mesma pegada. A linha de cintura alta contribui para essa sensação esportiva sem deixar o Civic claustrofóbico. Já os bancos são posicionados próximos ao solo, deixando tanto a posição de dirigir quanto a acomodação dos passageiros bem baixa.
Bancos confortáveis ajudam a deixar a cabine mais agradável, além de terem bom apoio lateral. O problema para pessoas mais baixas é que a posição para as pernas pode não ser das mais agradáveis por exigir esticá-las demais. Já na traseira, há espaço farto, mesmo com teto em queda. Saídas de ar e encostos com regulagem merecem destaque.
O visual é moderno e o acabamento bem cuidado. Toda parte superior do painel é macia ao toque, assim como a forração das portas. A surpresa fica por conta da porção macia na porta traseira, algo que o Accord não tem e na categoria está presente apenas no novo Corolla.
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Como diferencial para o Civic Touring 2020 a Honda trouxe revestimento de couro cinza claro, contrastando com elementos em preto na cabine. Um toque elegante é a pequena faixa de tecido que imita fibra de carbono na parte central dos bancos dianteiros.
As críticas ao acabamento do Civic vão a alguns pontos críticos. O volante tem couro áspero e de aspecto barato, enquanto o usado no descansa braço tem textura agradável e levemente aveludada – bem que esse poderia ter sido o material usado também nos bancos. Os plásticos duros no console também poderiam ser melhores.
Nessa versão, o Civic traz alguns mimos no interior como carregamento de celular por indução, banco do motorista com regulagem elétrica, painel de instrumentos parcialmente digital e configurável, câmera no retrovisor direito que cobre o ponto cego, seis airbags, retrovisor com recolhimento elétrico, teto solar e ar-condicionado digital de duas zonas.
A vistosa central multimídia fica muito bem posicionada e tem alguns comandos na lateral que ajudam a operação, além de um botão dedicado ao sistema de ar-condicionado, caso queira mais opções além dos comandos físicos da parte de baixo.
O problema é que a central é lenta no processamento de comandos e na resposta de toque. Além disso, a tela tem definição ruim e menus pouco intuitivos, além de ter visual datado. Ao menos Android Auto e Apple CarPlay quebram o galho, deixando a usabilidade mais amigável. Destaque para a reprodução dos comandos do Google Maps no painel digital.
Civic de sempre
Um dos pontos em que o Civic sempre se destacou perante os rivais é na dirigibilidade. O Honda é inegavelmente gostoso de dirigir e isso continua no modelo 2020. Ele é sólido e afiado, transmitindo os R$ 134.900 que ele cobra.
O motor 1.5 quatro cilindros turbo é exclusividade da versão Touring e entrega 173 cv e 22,4 kgfm de torque. Perde apenas para o Jetta GLI em potência e torque, mas o GLI é um esportivo, enquanto Touring é apenas uma versão mais sofisticada. Segundo a Honda, o sedã médio registra 11,8 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada abastecido apenas com gasolina.
Em nossos testes o modelo bateu 12 km/l na cidade, enquanto na estrada repetiu os 14,4 km/l. Boa parte dessa economia pode ser creditada à transmissão automática do tipo CVT. Ela tem o típico comportamento dos Honda, ou seja, não simula marcha fora do modo Sport (apesar de a Honda dizer que existem 7 marchas simuladas) e trabalha com o motor em rotação ideal o tempo todo.
A vantagem de estar associada a um motor turbo é que o Civic evita a gritaria que modelos aspirados, como o Honda WR-V, fazem. Ele trabalha em silencio não deixando a rotação subir exageradamente. No entanto, experimente acelerar com força por um bom tempo e o motor segurará a rotação lá em cima – tira um pouco da diversão e irrita, vamos ser sinceros.
Estrada parece o habitat do Civic: ele se mantém firme sem solavancos ou flutuações. Basta um toque no acelerador (e paciência para aumentar o giro) que o Civic embala com facilidade. Firme sem ser dura, a suspensão trabalha de maneira completamente silenciosa, mesmo em buracos.
Nas curvas o Civic é exemplo a ser seguido pelos rivais. A carroceira não rola e é preciso muito esforço para que os pneus cantem. O sedã médio aguenta curvas como gente grande. Sua direção rápida e direta contribui para essa sensação, além de ter o peso certo para sua proposta mais esportiva.
Conclusão
Cobrar R$ 134.900 sem ter motor flex enquanto um rival é híbrido e também bebe etanol (alô, Toyota Corolla) é perigoso para o Civic Touring. No entanto, o Honda se destaca pelo interior refinado, espaçoso e moderno em harmonia com a carroceria esportiva e bonita.
É fato que o Honda Civic Touring carece de alguns equipamentos tecnológicos, especialmente por conta da faixa de preço a qual se posiciona (como frenagem autônoma de emergência, park assist e piloto automático adaptativo). Mas a excelente dirigibilidade e a sensação de refinamento deixam claro o porquê de ele ser o segundo sedã médio mais vendido do Brasil.
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