Uma marca lançar cinco carros em uma tacada só é raridade. Mas a JAC Motors foi além e fez algo inédito no Brasil. Lançou cinco veículos elétricos, transformando-se na marca com maior volume do segmento no mercado, e por oferecer o modelo elétrico mais barato do País, por R$ 119.990, o compacto iEV20, que chega em janeiro.
Completando a gama tem dois SUVs, o iEV40, que já está à venda por R$153.900, e o iEV60, que vem em julho de 2020 por R$ 198.900, a picape iEV330P, que chega em abril de 2020 por R$ 229.900, e fechando a lista o caminhão iEV200T, com que será lançado em novembro por R$ 259.900.
Todos eles terão banco que imitam couro, ar-condicionado automático, câmera de ré, central multimídia, luzes diurnas em LED, faróis com regulagem elétrica de altura, faróis e lanternas de neblina.
Nos casos do iEV40 e iEV60, há ar-condicionado digital, câmera 360° e controle de estabilidade.
Deste quinteto, fizemos uma breve avaliação pelas ruas de São Paulo com o iEV20, iEV40 e iEV330P.
Começando pelo iEV20. O pequeno é a versão eletrificada do extinto J2. Por fora, a versão nacional não terá esse estepe na traseira, como o chinês.
A chave é convencional, mas do tipo canivete. Por dentro, o iEV20 traz acabamentos em plástico e revestimentos que fingem ser couro nos bancos, parte do painel e nas laterais, além de detalhes cromados.
A central multimídia tem tela tátil flutuante de 7 polegadas, e possuem um aplicativo próprio criado pela JAC que compatibiliza os sistemas iOS e Android pra espelhamento.
Em relação a desempenho, o compacto entrega até 68 cv e 22 kgfm, ligado a baterias de 41 Kwh. Os número não são empolgantes. O número de potência não é nada empolgador, uma vez que há compactos 1.0 que ultrapassam os 80 cv. Entretanto, o torque é superior aos 20,4 kgfm oferecidos pelo Polo. E toda a força é entregue ao se pisar.
De fábrica, a marca divulga aceleração de zera a 100 km/h em duradouros 16 segundos e o carro não ultrapassa dos 112 km/h. Mas, como a proposta é 100% urbana, os números até são aceitáveis, levando em consideração e a autonomia chega a 400 km. Resta saber como foi medida a autonomia, pois há diferentes padrões.
Suas medidas são deum compacto, com 3,77 m de comprimento (o up! tem 3,68 m, por ezemplo), 1,68 m de largura, 1,57 m de altura e 2,39 m de entre-eixos. Ou seja, é bem apertado para quem está a bordo, mas ótimo e prático para parar em qualquer vaga. Como a sua proposta é urbana, talvez não incomode tanto nesse quesito quanto o J2 com motor 1.4 incomodava.
No percurso de poucos quilômetros que fizemos, sua arrancada foi bem esperta, já que são 22 kgfm de torque entregues de forma instantânea, porém, essa esperteza dura pouquíssimo tempo.
A suspensão é firme e a direção é bem leve. Não houve tempo de avaliar muito o comportamento durante as frenagens, mas quando exigido, foi bem.
O carro têm suas qualidades e traz o diferencial de ser totalmente elétrico, porém, com R$ 5 mil a mais é possível comprar o novo Toyota Corolla híbrido, que parte dos R$ 124.990. Esse pode ser um grande empecilho para o volume de vendas do compacto.
Em seguida foi a vez de avaliar a primeira picape elétrica de produção do mundo, a iEV330P. A JAC já adiantou que o visual não será o mesmo dessa que passou por nossa avaliação e que estão nas fotos, ela terá um design mais moderno. Mas seu preço foi confirmado: R$ 229.000. Valor que dá para levar uma Hilux completinha para casa. Caso seja uma S10 ou Ranger, ainda sobra um troco.
São 5,6 metros de comprimento, 1,84 metro de altura, 1,83 de largura e 3,38 metros de entre-eixos, um porte acima de algumas picapes médias vendidas no mercado nacional.
Em questões mecânicas, é essa mesmo que virá no ano que vem, com baterias de 67 Kwh que alimentam um motor capaz de entregar o equivalente a 150 cv de potência e torque de 33 kgfm. A tração é apenas traseira (4×2), sua autonomia varia entre 320 km no modo normal e 400 km no modo eco. A carga máxima é de 800 kg, segundo a montadora.
Os acabamentos internos são extremamente simples, portanto a mudança deve ser bem radical internamente na versão importada para o Brasil. Com o carro em movimento, o peso de 3 toneladas (1.000 kg a mais do que a esmagadora maioria dos concorrentes) tirou parte do vigor do torque instantâneo de 33 kgfm. O resultado é um desempenho contido, deixando nítido o peso do carro.
Ficamos em dúvida: será que a picape levará com facilidade uma carga pesada. A capacidade máxima é de 800 quilos, inferior ao oferecido pelas rivais movidas a diesel (até pela exigência legal. Por outro lado, a suspensão é bem ajustada, tal como os freios.
Em efeitos de comparação, uma Ford Ranger 3.2 turbodiesel 4X4 tem 47,2 kgfm de torque e 200 cv de potência. Porém seu peso é de 2.261 kg e custa R$ 188.990 na versão Limited (que traz frenagem automática e controle de cruzeiro adaptatico.
A aceleração de 0 a 80 km/h fica em 12,6 segundos e a velocidade máxima não chega aos 100 km/h e estaciona nos 98 km/h. Ai que está o segredo de pode atingir uma autonomia de até 400 km, segundo dados oficiais. Mas não é difícil prever que o modelo terá vida dura no Brasil.
Finalizando o teste temos o SUV mais interessante da gama, iEV40, considerado o carro chefe dos elétricos da marca. O mini-SUV, que nada mais é do que o T40 eletrificado, tem potência de 115 cv e 27,6 kgfm, torque que equivale a um motor 2.0 turbo a gasolina, de acordo com a JAC. Aqui cabe uma ressalva: tem motor de 2 litros turbinado que vai bem além em força, sem falar em potência máxima.
O SUV compacto, promete 350 km de autonomia no modo eco. A aceleração de 0 a 100 km/h fica em 9,8 segundos e a velocidade máxima é de 140 km/h. O iEV40 já está à venda e custa R$ 153.900 e segundo a marca, desde abril, já foram encomendados 58 unidades.
O interior do iEV40 é o mais sofisticado. Tem como destaque painel em couro artificial, materiais em black piano e detalhes cromados, tela da central multimídia de 8 polegadas, ventilação dos bancos e freio de mão elétrico. Além dos equipamentos já mencionados no início da matéria.
A sensação de sair com ele, é comparável com aquele arrancada vigorosa do up! TSI, que basta um toque leve no acelerador, que o carro sai como um foguetinho. Claro que no caso do elétrico a reação é marcada pela instantaneidade.
A suspensão trabalha bem e a ergonomia é a melhor de todas. Realmente parece que o projeto do iEV40 foi muito bem executado, e é o modelo que tem maior chance de gerar volume de vendas para a marca. Tanto que no ano foram vendidos apenas 112 carros totalmente elétricos e pelos dados divulgados pela JAC, o T40 elétrico já vendeu mais que a metade dos outros.
Os carros podem ser carregados de duas formas: por um carregador portátil, que leva 14 horas para completar 100% da carga, isso se a bateria estiver em 20%. Este carregador será vendido como pacote opcional por R$ 3.900.
A segunda opção é com o uso do Wallbox, que promoverá a recarga de 80% em menos de 4 horas, porém a bateria precisa estar no mínimo com 15% de carga. O preço? R$ 8.500.
A coragem da JAC em trazê-los é admirável e digna de coragem. Enquanto no Brasil engatinhamos, a China está formando um verdadeiro império dos carros elétricos e armou uma boa estratégia para abrir mercado no Brasil.
Entre os R$ 119.990 e R$ 229.900 dos modelos elétricos chineses, temos diversos concorrentes de peso, incluindo híbridos e elétricos. O desafio da JAC será gigante, uma vez que você consegue comprar um Renault Zoe com o mesmo valor do iEV20. Contudo, ainda fica distante do Nissan Leaf (R$ 195 mil)