Ter um carro elétrico no Brasil era um sonho muito distante há alguns anos. Ainda que a BMW venda o i3 desde 2015 por aqui, o elétrico bávaro é raridade em nossas ruas. No Salão do Automóvel do ano passado, três modelos eletrificados foram lançados: Renault Zoe, Chevrolet Bolt e Nissan Leaf. Chegou a hora de saber se o carro elétrico ainda é um sonho de ficção no Brasil ou se já é realidade.
Leia mais:
Renault mostra Kwid elétrico na China
Honda HR-V ganha mais uma versão elétrica na China
JAC iEV40 atrasa: julho chega elétrico mais barato do Brasil
Preço convidativo, presença restritiva
O Renault Zoe é o mais barato dos quatro modelos elétricos à venda no Brasil. Custando R$ 149.990, ele se posiciona em uma faixa de preço de SUVs médios e sedãs de luxo, ao passo que tem porte de Volkswagen Polo. O Chevrolet Bolt é um pouco maior e segue por um estilo minivan. Custando R$ 178.400, ele tem a maior autonomia dos elétricos à venda no Brasil: 520 km.
Simule as parcelas do seu próximo carro aqui
Já o Nissan Leaf chega à sua segunda geração sendo finalmente oferecido ao público comum por R$ 178.400. Sua primeira encarnação rodou por ruas brasileiras em caráter experimental, sendo usado por taxistas, bombeiros, policiais e empresas selecionadas. Ele tem porte de hatch médio e autonomia de 389 km.
Em comum aos três elétricos está em seu processo de venda. Todos são oferecidos apenas em concessionárias restritas de cada uma de suas marcas, o que fez com que eles ainda tenham presença rara no mercado. O Zoe é o mais vendido deles, mas teve apenas 20 unidades emplacadas no ano.
O BMW i3 é mais caro, partindo de R$ 199.950 e aposta em estilo mais exótico, uso de materiais ecologicamente corretos e não é totalmente elétrico. Ele conta com um motor a combustão para aumentar sua autonomia, uma vantagem perante os rivais. Até o final de 2019 chega o JAC iEV40, o elétrico mais barato do Brasil. Ele custará R$ 139.990 e é o único derivado de um carro a combustão, no caso o SUV compacto T40.
Ansiedade de autonomia
Um sintoma bastante comum entre os compradores de carros elétricos é a ansiedade causada pela falta de baterias. Diferentemente de um carro a gasolina que pode ser reabastecido em questão de minutos, mesmo fora de um posto em caso de emergência, um elétrico não tem a mesma facilidade.
Nesse tipo de modelo é preciso procurar por uma tomada ou por estações de carregamento rápido. Em alguns carros como o Zoe, por exemplo, é possível recarregar metade das baterias, suficiente para rodar 150 km, em 3 horas. Mas para isso, é preciso usar as estações de carregamento rápido.
O JAC iE40, Segundo a marca, o tem carga completa em 8 horas em uma tomada de 220V. É possível ter 80% da autonomia total recuperada em 1 hora usando um carregador rápido. Na prática, é preciso um pouco de conta antes de tirar um carro elétrico da garagem.
Tomando como exemplo novamente o Renault Zoe com seus 300 km de autonomia. Se você é do tipo de pessoa que mora a 15 km do trabalho e faz esse deslocamento diariamente, é possível rodar durante duas semanas (considerando que você trabalha apenas em dias úteis), antes de precisar recarregar seu Zoe. Muitas pessoas abastecem seus carros a combustão em período semelhante.
A situação hipotética considera apenas o rodar em cidade sem carregar o modelo em nenhum dia. Caso fique parado no estacionamento do prédio durante seu período de trabalho ou na garagem de casa, é possível deixa-lo plugado na tomada e ter autonomia suficiente para todas as atividades normais de um carro usado na cidade.
Como anda um elétrico
Rodei alguns poucos quilômetros com o elétrico da Renault na movimentada cidade de São Paulo durante o trânsito para sentir como ele se comporta no mundo real. E é justamente nessa situação que ele mostra sua vantagem perante os modelos a combustão.
O rodar de um elétrico é totalmente silencioso, sendo ouvido somente um leve uivo do motor elétrico, vento e pneus. Alguns plásticos do acabamento interno fazem seu barulho ser mais presente do que em um modelo a combustão, já que não tem com quem disputar em sonoridade. O torque é instantâneo e o Zoe ganha velocidade na rua com facilidade.
Alguns elétricos, como os Tesla, já provaram o que a força desse tipo de modelo pode causar. Mesmo sendo pesados e luxuosos, os SUVs e sedãs da marca aceleram tão rápido quanto esportivos de elite, como Ferrari e Porsche. O Renault não é tão bruto assim, mas é suficiente para não mostrar falta de força.
Rede de carregamento
Enquanto os carros a combustão têm à sua disposição uma vasta e ampla rede de postos de combustíveis, com os elétricos a situação não e tão favorável assim. A rede de carregamento rápido ainda é escassa e conta com pontos localizados muito específicos. A maioria dos modelos traz incluso em seu GPS os pontos de carregamento à disposição.
BMW e Volvo já instalaram alguns pontos de recarga em cidades grandes e ao longo de estradas. É possível ir do Rio de Janeiro a São Paulo carregando seu elétrico em postos de combustível pela rodovia Dutra. Em shoppings Iguatemi e alguns supermercados Pão de Açúcar, a Volvo já instalou pontos de recarga. O uso desses pontos, em sua maioria, é gratuito.
Há também prédios residenciais e comerciais que contam com carregamento rápido de carros elétricos instalados em suas garagens. Postos de combustível, aos poucos, também adotaram a possibilidade de abastecimento de elétricos. Cidades interioranas ou fora de grandes centros urbanos podem ter mais dificuldade de encontrar postos de recarga.
Acompanhe as novidades do mundo automotivo pelo iCarros no:
Facebook (facebook.com/iCarros)
Instagram (instagram.com/icarros_oficial)
YouTube (youtube.com/icarros)