O Toyota Corolla é o rei dos sedãs médios no Brasil há muito tempo. Representando mais de 40% do segmento com vendas em alta mesmo quando toda a categoria entram em baixa, ele também é o nome automotivo mais vendido da história.
Mexer em um líder tão forte assim é arriscado, especialmente quando as mudanças são radicais. Na nova geração a Toyota não teve medo, tanto que do antigo Corolla sobrou apenas o nome.
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Depois do primeiro contato com a versão Hybrid topo de linha e o Altis 2.0 no lançamento do Corolla, trouxemos a versão com melhor custo-benefício da linha: o Altis Hybrid de entrada. Por R$ 124.990, ele vai revolucionar o segmento de sedãs médios e esses são os motivos:
Ainda é um Corolla
Uma verdadeira mudança de paradigmas começa com uma base sólida. O fato de o novo Corolla ainda manter muito da alma do modelo antigo é um ponto positivo. Afinal, ele não vendeu tanto atoa.
O design ficou ousado a ponto de um dono de Honda Civic olhar para o Toyota Corolla com outros olhos, mas ainda assim ele não foi radical. Nada de perfil cupê como Chevrolet Cruze ou o próprio Civic: ele tem cara de sedã tradicional e prefere ser exatamente assim.
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O ar moderno vem dos faróis finos e da grade frontal notavelmente grande – talvez a maior da história do Corolla. As linhas da carroceria são sutis, sem vincos ou reentrâncias exageradas.
Lanternas de LED, para-choque bojudo na traseira e tampa do porta-malas bem destacada deixam claro que o Corolla 2020 ainda é um Corolla. A conexão das lanternas feitas por uma barra cromada é interessante, mas há uma parte dela com textura áspera que faz parecer um carrinho da Hot Wheels.
Esmero interno
A geração anterior do Corolla não era referência em acabamento interno. O painel tinha texturas demais, plásticos de má qualidade, o couro dos bancos parecia barato e o volante tinha materiais pobres.
A Toyota soube virar o jogo na nova geração ao adotar uma cabine primorosa. O estilo é limpo e simples, sem tantos elementos visuais chamativos quanto os do Civic ou aspecto tecnológico do Jetta. Por dentro a palavra de ordem foi praticidade.
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O maior destaque vai para a porção central toda revestida de couro almofadado, acompanhada pela planície superior do painel revestida de um material bastante macio e agradável ao toque. As portas receberam o mesmo refinamento.
Engana-se quem achava que a Toyota ia fazer como todos os rivais e usar mais baratos atrás: as portas traseiras também tem superfícies macias e couro. Carros bem mais caros que o Corolla, como o primo Lexus UX e o Honda Accord, apelam para plásticos duros na segunda fileira. Bom trabalho, Toyota.
Com todos os comandos concentrados perto das mãos do motorista, o novo Corolla soube bem aproveitar a tecnologia ao seu favor. O painel de instrumentos parcialmente digital é fácil de ler e completo nas informações, além de ter gráficos agradáveis.
Já o ar-condicionado tem operação fácil e intuitiva, mas traz gráficos datados. Por sua vez, a central multimídia tem práticos botões físicos para acesso e, finalmente, recebeu Android Auto e Apple CarPlay.
O Corolla teve de abrir mão da tv digital pela conectividade com celular na central multimídia – algo que, convenhamos, é muito mais útil. A tela não tem a melhor das definições e ela é mais lenta do que a do Jetta, mas já é uma evolução tremenda em relação ao antigo Corolla.
Já pensado para a era dos smartphones, o Corolla traz um prático porta-objetos à frente da manopla de câmbio para encaixar seu telefone. Logo ao lado, fica a entrada USB para conexão com a central. Assim evita-se um bando de cabos espalhados pela carroceria.
O novo volante tem couro liso e de qualidade, além de comandos fáceis de usar. Assim como os que bancos são confortáveis, tem desenho sofisticado e ganharam couro de qualidade notavelmente muito superior ao modelo antigo.
Espaço interno é um de seus destaques, em especial no banco traseiro que não tem área para cabeça roubada pelo teto cupê como acontece em alguns rivais. O porta-malas grande carrega 470 litros.
Há falhas? Sim e algumas importantes. Para quem senta atrás não há saídas de ar e o encosto de cabeça é fixo. Outro problema está no freio de estacionamento por alavanca, já que o Corolla fora do Brasil traz sistema eletrônico. Além disso, nem todos os botões da porta são iluminados, o que atrapalha à noite.
Híbrido flex
Com o objetivo de popularizar o carro híbrido no Brasil, ainda que essa expressão em um carro de R$ 129.990 possa parecer um pouco forçada, o novo Toyota Corolla Hybrid é a verdadeira revolução no segmento.
Enquanto a Honda não converteu o motor turbo do Civic Touring em flex, a Toyota foi lá e tornou flex um conjunto híbrido. A base é o motor 1.8 do Prius associado a dois propulsores elétricos. São 101 cv e 14,5 kgfm do motor flex, enquanto os elétricos ficam na casa dos 70 cv.
Juntos, eles rendem 123 cv, mas o torque total não é divulgado pois o pico de cada motor é atingido em tempos diferentes. A Toyota, no entanto, ressalta que é performance equivalente a um motor de 20 kgfm.
De fato o Corolla Hybrid tem fôlego e anda bem. Contudo sua construção voltada ao conforto não instiga uma tocada mais esportiva. Ele tem força o suficiente para ultrapassagens e para ganhar velocidade rápido.Nas saídas, os motores elétricos entram em ação primeiro para que depois o 1.8 flex comece a atuar, reduzindo o consumo de etanol ou gasolina.
Com transmissão CVT sem simulação de marcha, o Corolla Hybrid não se sente tão à vontade com acelerações mais vigorosas ou com velocidades muito altas, fazendo o barulho do motor invadir a cabine e o indicador de consumo de energia apontar para a faixa Power (há ainda as posições Eco e Charge).
Segundo testes do INMETRO, o Toyota Corolla Hybrid tem consumo na cidade de 10,9 km/l com etanol ou 16,3 km/l com gasolina. Já na estrada são 9,9 km/l com etanol e 14,5 km/l com gasolina. Em nossos testes com gasolina o Corolla bateu 19 km/l na estrada, mas se manteve em 12 km/l na cidade.
Em ambiente urbano quando o Corolla pode andar apenas com eletricidade, há silêncio total e uma impressionante suavidade no conjunto. A entrada do motor a combustão é perceptível de maneira extremamente delicada por conta da vibração e do som característico. Poucos notarão, há de convir.
Outro ponto em que o Corolla 2020 deixa claro seu aspecto voltado ao conforto é a suspensão e direção. Ele contorna curvas bem como se espera de um sedã médio, mas não é tão afiado quando Civic e Cruze. Em contrapartida, lida muito bem com as imperfeições do solo, como se ele trafegasse por ruas acarpetadas e não cheia de buracos.
A direção é bastante leve e rápida, garantindo facilidade na hora das manobras e na condução urbana. Poderia ficar um pouquinho mais firme em velocidades mais altas, mas não é nada que comprometa. Confesso que apesar de ser mais barato, o Corolla é mais divertido de dirigir que seu primo mais potente e mais caro, o Lexus UX (confira avaliação completa).
Reais na mesa
O Toyota Corolla sempre teve fama de caro. Foi o primeiro sedã médio a quebrar a barreira dos R$ 100 mil em uma época em que esse era valor de um carro de luxo. Hoje começa em R$ 99.990 e vai até R$ 130.990. Mas seu ponto ótimo está em R$ 124.990. Nesse valor, você pode optar pelo Altis Premium 2.0 ou pelo Hybrid de entrada.
A lista de equipamentos da versão Hybrid Altis avaliada é um misto da XEi com a Altis Premium: estão lá itens como ar-condicionado digital de uma zona, bancos revestidos de couro preto, volante com ajuste de altura e profundidade, painel de instrumentos parcialmente digital, faróis de LED com acendimento automático e retrovisores elétricos.
A nova geração deu um passo além em equipamentos, mirando patamar de tecnologia que até então eram vistos apenas no Cruze na versão LTZ 2 e no Jetta com um monte de opcionais. Batizado de Toyota Safety Sente, o pacote tecnológico de série no Corolla Hybrid tem piloto automático adaptativo, assistente de manutenção em faixa, frenagem autônoma de emergência e farol alto automático.
Vale alguns pontos sobre esses itens. O piloto automático adaptativo tem frenagens e acelerações mais bruscas que o necessário e não é capaz de parar totalmente sozinho, interrompendo a assistência a menos de 20 km/h. Já o farol alto automático necessita que um botão e a chave de seta estejam acionados para funcionar, uma redundância desnecessária.
Por outro lado, o sistema de manutenção em faixa é ótimo e funciona mesmo em faixas irregulares ou bordas de ruas e estradas danificadas. A direção fica sensivelmente dura ao invadir involuntariamente uma faixa, como se criasse uma barreira ali. Se o motorista insistir, o novo Corolla volta à posição correta com um alerta sonoro e correção do volante.
Conclusão
A Toyota planeja vender 4.500 unidades por mês, sendo desses mil híbridos. A julgar pelo potencial do novo Corolla 2020 comprovado nessa avaliação, ele deve facilmente passar desse número e manter sólida sua liderança no segmento de sedãs médios. O híbrido tem potencial para mais do que o estimado pela marca, principalmente pelo preço convidativo.
Admito que nunca fui muito fã do Toyota Corolla, mas a nova geração mudou meu conceito totalmente. Gostoso de dirigir, moderno, bonito, com excelente acabamento e com preços condizentes com sua faixa de preço ele não vai apenas manter seu legado, vai também mudar o que as pessoas pensam sobre o novo Corolla e virar o segmento de cabeça para baixo.
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