(Bloomberg) — Cerca de 18 meses atrás, a Bayerische Motoren Werke passou a vender uma versão híbrida plug-in de seu sedã de médio porte. O 530e é uma versão mais cara e volumosa do sedã esportivo da fabricante de veículos alemã. Ele percorre cerca de 48 quilômetros com uma carga e chega a um máximo de 235 quilômetros por hora, velocidade apta para as estradas alemãs. É o tipo de híbrido que os que se preocupam com o uso eficiente de combustíveis só poderiam ter imaginado quando a Toyota lançou o Prius original, duas décadas atrás.
O BMW 530e é mais opulento que um Tesla e, talvez, até mais agradável de dirigir, mas os clientes não parecem se importar. O Model 3 totalmente elétrico da Tesla começou a chegar aos compradores no final de 2017 e, nos últimos 12 meses, superou em vendas o BMW na proporção de cerca de 15 a 1.
Está ficando cada vez mais claro que os veículos híbridos plug-in, uma combinação ecológica que há muito promete levar as antiquadas empresas de automóveis a um futuro de eficiência energética, nunca deixarão de ser uma opção secundária. E o carro elétrico parece estar pronto para transformar os híbridos em um mero detalhe histórico.
“Um veículo totalmente elétrico é uma solução muito mais elegante”, disse Gil Tal, diretor do Centro de Pesquisas sobre Veículos Elétricos e Híbridos Plug-in da Universidade da Califórnia, em Davis. “A construção é muito simples e não exige muita manutenção.” Em retrospectiva, afirma, os híbridos plug-in “são apenas as rodinhas que se usa para aprender a andar de bicicleta”, um preparativo do setor para chegar aos carros elétricos.
Nos EUA, as vendas de veículos totalmente elétricos aumentaram mais que as de híbridos plug-in, superando-as na proporção de quase três a um no terceiro trimestre, de acordo com novos dados publicados pela Bloomberg New Energy Finance. Nos próximos meses, os carros movidos só com baterias ultrapassarão os híbridos que não são plug-in, uma categoria que inclui uma ampla gama de veículos, como o Prius.
A General Motors anunciou na segunda-feira que vai descartar o Chevrolet Volt, um híbrido que era considerado o futuro da empresa quando chegou às ruas, em 2010. Atualmente, o Volt tem dificuldade para acompanhar o ritmo de seu irmão, o Bolt, um modelo elétrico lançado pela Chevrolet em 2016.
Ironicamente, a mudança no mercado ocorre em um momento em que os híbridos finalmente se tornaram muito bons, com uma série de opções novas e de alta qualidade. Em dezenas dos veículos mais populares do mundo, um motor elétrico se tornou um opcional, assim como um rack de teto ou um pacote de clima frio. Nos EUA, compradores de automóveis podem obter versões híbridas do Honda Accord, do Toyota RAV4, do Nissan Rogue e do Chevrolet Malibu.
Neste ano, no entanto, os consumidores dos EUA que tiveram essa opção só compraram a versão híbrida apenas 5 por cento das vezes, de acordo com a análise da Edmunds.com. Os outros optaram por um veículo à moda antiga, a gasolina, ou por opções movidas apenas a bateria, como o Tesla ou o Nissan Leaf. É provável que alguns dos compradores que poderiam ter considerado um híbrido plug-in anteriormente estejam esperando que uma grande variedade de novos veículos totalmente elétricos chegue às concessionárias nos próximos anos.
“Quando perguntamos às pessoas se elas estão interessadas em um híbrido, todo mundo diz que sim”, explicou a analista da Autotrader, Michelle Krebs. “Mas, ao analisar como e o que elas compram, não se vê isso.” Como parte de todas as vendas de veículos nos EUA, os híbridos vêm perdendo força desde 2013, quando cobriram brevemente 3 por cento do mercado.