Eu já visitei o Salão do Automóvel de São Paulo em outros anos, e nessas edições passadas vi muitos modelos elétricos. Carros elétricos são aqueles que, apesar de possuírem um motor, não dependem de combustível para fazer esse motor funcionar, e sim baterias, como um smartphone.
Não eram muitos, mas já são diversos
Nas outras edições, os carros elétricos eram os mais diferentes entre todos, era perceptível. Ou se tratavam de protótipos das montadoras, ou eram exemplares que ainda não seriam vendidos no Brasil ou muito diferentes do que os automóveis que vemos circulando em nossas ruas. Muito distantes da nossa realidade.
Esse ano foi diferente. Além do modelo da Chevrolet que eu fui conhecer, o Bolt, vi diversos outros modelos de montadoras com uma cara muito mais comum. Não eram dezenas, provavelmente não chegavam a vinte, mas já se misturavam entre os modelos a combustível.
Ainda são caros
Porém, estarem sendo exibidos não significa que são acessíveis. São acessíveis no sentido de que em breve poderão ser comprados oficialmente no Brasil, mas o preço ainda é para os que são early adopters, ou seja, pessoas que pagam mais caro para experimentar antes uma nova tecnologia.
No Japão, muitos carros já são elétricos, e lá há mais postos de carregamento para carros elétricos, do que postos de gasolina. Então a tecnologia é uma novidade aqui, mas ainda assim vem a um alto custo. Os modelos são simples, nada muito luxuosos, e chegarão por mais de R$ 140 mil, fora da realidade.
É como no mercado de smartphones. Novas tecnologias chegam caras para pagar sua pesquisa e desenvolvimento e patrocinar as próximas novas tecnologias. Além disso, chegam a preços elevados porque geralmente são importadas, não possuem produção no país e precisam primeiro se provar viáveis por aqui.
Porém, estão cada vez melhores
O que mais surpreendeu na feira foi ver que, além de estarem mais misturados aos carros a combustível no visual (geralmente, o diferencial era algum detalhe em azul na carroceria, comum para representar carros elétricos), eles também já têm “máquina” para segurar o tranco comparado a modelos comuns.
O carro que testei, o Chevrolet Bolt EV, se parece com um SUV pequeno que está na moda no país, lembrando um Honda Fit, ou até o próprio Tracker da marca. Ele é extremamente silencioso, e dirigir um desses é como dirigir um carro automático comum. Ele vai de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos, um bom tempo para um elétrico, e tem 230 cv.
É um carro como outro qualquer, não é fraco e nem te deixa na mão. A autonomia impressionou, já que com uma carga completa ele é capaz de fazer quase 400 quilômetros, e a distância pode ser ainda maior dependendo do caminho, já que os freios, quando acionados, geram energia para a bateria. Isso poderia ser implementado de alguma forma em smartphones.
Outros modelos que já estariam prontos para o nosso mercado são o Nissan Leaf, VW e-Golf, Renault Zoe, BMW i3, Mitsubishi Outlander PHEV, Kia Soul (que até já existe a combustível) e outros estranhinhos como o Renault Twizzy e marcas mais caras.
Esses carros no geral são dotados de muitas tecnologias internas. Geralmente, possuem painel de toque com acesso a diversas informações sobre o carro, sobre a carga, câmeras na carroceria, Android Auto e Car Play. Alguns até oferecem Wi-Fi dentro do veículo.
Como carrega isso?
Para carregar um desses, você pode usar a tomada da sua casa. Os modelos já vêm com o capo “na caixa”, e você pluga na garagem e deixa ele lá. Assim como em smartphones, o carregador que acompanha os carros são os mais lerdinhos, levam horas e horas, e você pode adquirir um mais rápido ou usar os super rápidos disponíveis em estabelecimentos.
Para não sobrecarregar a energia da sua casa, você pode programar o carro para iniciar a recarga a partir de um certo horário, como meia noite, e pode indicar qual o horário em que pretende sair com ele, assim o carro fica pronto próximo desse tempo.
Vai pegar no Brasil?
Eu chuto, pelo meu conhecimento em tecnologia, que ainda devem levar uns cinco anos para que carros elétricos comecem a se popularizar por aqui. Já temos híbridos como o Toyota Prius, e ele tem vendas inexpressivas aqui, custando mais de R$ 100 mil também, embora tenha isenção de rodízio e outros benefícios de impostos.
Outro ponto são os pontos de recarga. Como falei, é possível recarregar em casa o seu carro, de forma muito fácil. Ainda assim, você não poderá sempre voltar para sua casa para recarregar seu carro, e para isso são necessários mais pontos pelo país, para que o comprador possa se sentir seguro ao andar por aí.
Quem compra um carro híbrido hoje tem autonomia sem problemas, mas um carro elétrico tem suporte limitado. Daqui a 5 anos acredito que os pontos aumentem, mas não em grande número, uma vez que as vendas dos carros existirão, mas ainda serão inexpressivas. Para algo acontecer de verdade, eu imagino um mínimo de 15 anos. Infelizmente.
Stella Dauer – AndroidPIT