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Silenciosos, os carros eletrificados deixaram de ser novidade e estão cada vez mais presentes nas ruas e estradas de Fortaleza. O rápido crescimento das vendas de veículos híbridos e elétricos no Ceará exige o desenvolvimento do sistema de carregamento e apoio a esses veículos, disponíveis em maior quantidade na Capital e grandes cidades.
Um dos motoristas que roda Fortaleza com um carro elétrico é Alexandre Bizerril. Ele começou a se interessar pelos modelos em 2014, quando adquirir um veículo desse tipo parecia uma realidade distante. O sonho foi concretizado em 2023, ano em que a venda de eletrificados cresceu exponencialmente.
“Comprei meu primeiro elétrico, que foi um híbrido, e depois comprei outro carro 100% elétrico. As pessoas depois que entram na eletromobilidade, querem cada vez mais elétricos. Acabei gostando muito, pela questão do silêncio, desempenho e manutenção que é praticamente inexistente”, comenta.
O empresário comenta que não teve dificuldades de encontrar carregadores em cidades do Litoral Leste, mas que viagens para cidades mais remotas exigem mais planejamento. De modo geral, ele utiliza o carregador próprio que instalou em seu condomínio e os disponíveis em alguns postos e shoppings.
“Sinto falta de investimentos do setor hoteleiro e do setor de restaurantes, que agregariam muito e até ganhariam clientes”, afirma. Alexandre Bizerril ressalta que os elétricos oferecem grande autonomia, e que os veículos se tornam cada vez mais práticos com o surgimento de carregadores rápidos.
O Ceará detém 234 eletropostos – pontos de carregamento para carros eletrificados, segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Eletrificados (ABVE). Entre as cidades com a estrutura, estão Guaramiranga, Juazeiro do Norte, Aracati e Sobral.
O número representa 3% do total do Brasil, 7.758 carregadores. A proporção é um pouco superior à participação do Ceará no mercado de eletrificados do Brasil, que é de 2,1%. De janeiro a maio deste ano, 1.486 carros eletrificados foram emplacados no Estado — 215% a mais que o mesmo período de 2023.
Flávio Carneiro Filho, diretor da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), comenta que a infraestrutura presente no Ceará acompanhou em certa escala o progresso nas vendas registrado nos últimos anos.
“No fim de 2022, quando comecei a querer viajar, me deparei com a falta de infraestrutura, mas hoje já tem carregadores de corrente contínua mais espalhados”, afirma. Segundo o diretor, os motoristas de veículos elétricos não enfrentam mais dificuldades na Capital, mas ainda há certa deficiência em cidades vizinhas.
Flávio conta que facilmente instalou seu posto de carregamento próprio no condomínio onde mora. Adepto da eletromobilidade desde o fim de 2022, ele já realizou uma viagem 1.900 quilômetros, de Porto Alegre à Mendoza, na Argentina, em um carro 100% elétrico.
SETOR LAMENTA FALTA DE INCENTIVOS DO GOVERNO
Márcio Severini, diretor da ABVE, aponta que há um forte investimento de empresas do setor em aumentar o número de carregadores disponíveis, mas reconhece que os esforços ainda estão concentrados em estados do Sudeste. Na capital paulista, por exemplo, novos prédios com garagens são obrigados a ter carregadores de carros elétricos.
“Nesse ano, a expectativa é ultrapassar os 12 mil pontos de recarga públicos no Brasil. A gente deve passar por um momento de instalação bastante forte e depois uma estabilidade. Nesse primeiro momento, pode se concentrar em shoppings, estacionamentos, mas seguramente o volume vai ampliando nos próximos anos”, afirma.
O diretor aponta que a infraestrutura deve se adequar naturalmente com o crescimento do número de veículos, mas que a atuação do poder público pode acelerar o desenvolvimento.
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“Um ponto importante é o incentivo do governo, regulamentações que tornem obrigatório a oferta de carregadores em shopping centers e outros estabelecimentos”, comenta.
A expectativa de crescimento é compartilhada por Saulo Parente, gestor geral da GWM Newland, que está entre as marcas de carros elétricos mais vendidas no Ceará.
“O Ceará está em um estágio avançado, principalmente falando no Nordeste, porque a gente tem empresas que se interessam muito por esse ecossistema de carregador”, opina.
O executivo comenta que as vendas poderiam ser ainda maior com a isenção do Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) aos elétricos, que é concedida em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia, Distrito Federal, entre outros.
Saulo ressalta os carros elétricos já têm infraestrutura suficiente para viagens de curta a média distância partindo de Fortaleza. Se o trajeto for bem pensado, não há qualquer necessidade de temer ‘ficar no meio do caminho’, segundo o gestor.
A GWM pretende duplicar o número de vendas no Ceará neste ano, acreditando no potencial dos eletrificados também fora da Capital. Uma loja da marca será inaugurada em Juazeiro do Norte e também há planos de expansão para Sobral.
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