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Qualquer
universitário que pinçarmos, no primeiro período do curso de Psicologia, pode
atestar que a “paixão por carros” não é, exatamente, um indicativo de
autoestima – pelo contrário. De qualquer forma, são esses apaixonados que
nutrem verdadeira aversão por automóveis chineses, agindo como se sua opinião
tivesse o condão de interferir na maior cadeia industrial e no maior mercado
automotivo do mundo – que dó.
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O fato
é que, na China comunista, existem microEVs de menos de R$ 30 mil que nosso
capitalismo, na contramão do que preconizam os liberais, não consegue oferecer
e é exatamente por isso que, não prática, pouco importa se o leitor gostou, se
não gostou ou nem notou o Zhido Rainbow, de R$ 22.590, que apresentamos na
semana passada.
O que
realmente conta é que ele já tem um concorrente “à altura” por lá, o igualmente
pequenino Pony, da Bestune (este é o nome da marca, uma subsidiária da gigante
estatal FAW), que parte de inacreditáveis 28.900 yuans ou R$ 20.600.
Antes de mais nada, é preciso
explicar que, na China, há uma categoria de citadinos que não existe por aqui,
com uma legislação específica para esses micro elétricos – uma regulação que,
inclusive, não permite seu uso rodoviário.
Ou
seja, o Pony que o leitor vê, com 3,00 m de comprimento (66 cm menor que o
Kwid), 1,51 m de largura e 1,63 m de largura, é um urbanóide e não adianta
pensar nele como algo diferente disso. Trata-se, obviamente, de um modelo
espartano ou simplérrimo, franciscano, para quem preferir.
Apertado, mas
eficiente
Por dentro, o Pony é muito
apertado, não há como negar. Atrás do volante, um visor LCD faz as vezes de
painel de instrumentos e até mesmo o seletor de direção (da transmissão) fica
no painel, porque não há console central entre os bancos.
À
esquerda, ficam os comandos dos vidros elétricos; no centro, os do
ar-condicionado e, à direita, um sistema de som integrado bem simples, com
viva-voz Bluetooth e entrada USB – mais nada. O interior está disponível em
cores extravagantes: ouro, azul, verde e rosa, como nas fotos, e só o motorista
conta com airbag.
O novo Pony, da Bestume, pode
ser menor, aliás, bem menor que um Kwid, mas o EV chinês leva uma vantagem
gigante no capítulo eficiência. É que enquanto o subcompacto brasileiro faz, no
máximo, 15,3 km/l (com uso exclusivo de gasolina como combustível e de acordo
com dados da própria Renault), o chinesinho tem consumo – de eletricidade –
equivalente a incríveis 101 km/l. É verdade que seu motor elétrico de 27 cv não
é uma usina de força e seu torque de 8,6 kgfm, apesar de instantâneo, também é
inferior ao do Kwid. Seu desempenho, mesmo no modo “esportivo”, não empolga e
sua velocidade máxima é de 100 km/h.
Mas, nunca é demais
sublinhar, estamos falando de um automóvel 3,5 vezes ou 71,5% mais barato que o
Kwid – que é produzido e vendido pela francesa Renault, mas tem origem indiana,
há que se lembrar – e que, na versão “topo de linha”, oferece sensor de estacionamento
com câmera traseira, assistente de arranque para aclives e freios ABS.
Portanto,
mais do que corresponder à paixão ardente do brasileiro, o Pony (o nome
“pônei” diz muito sobre um modelo que o próprio fabricante apresenta
com um unicórnio de pelúcia) tem a missão de franquear o acesso dos chineses ao
transporte urbano individual, com emissão zero, foco na economia e na
acessibilidade.
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Fonte: Este carro elétrico de R$ 20 mil, faz 100 km/l e não pode “pisar” na estrada