A Porsche vem investindo há mais de década em carros que, além de esportividade, oferecem funcionalidades e aptidões para serem usados no dia a dia. O SUV Cayenne salvou a marca de uma crise, e seu irmão menor Macan é outro caso de sucesso. Além deles, a linha oferece o Panamera, um sedã nada convencional, mas que traz muitas características dessa categoria.
Uma das versões mais recentes no Brasil é a Turbo S e-hybrid. Com 700 cv, é o sedã a combustão mais rápido do Brasil. Há quem diga que o elétrico Taycan Turbo S, da própria Porsche, é o dono desse posto. Afinal, vai de 0 a 100 km/h 2,8 segundos, ante os 3,3 segundos do Panamera.
Porém, o Taycan atinge 260 km/h de velocidade, e é superado facilmente pelo Panamera Turbo S, que chega a 315 km/h. Outra polêmica é a relacionada à classificação do carro. A Porsche o chama de sedã e eu também. Mas há quem discorde, pois ele não tem três volumes bem definidos. Sua carroceria é próxima à de um cupê, embora ele ofereça quatro portas – os modelos dessa categoria são de duas.
Muitos chamam o Panamera de “sedã-cupê”, que é um conceito de marketing, não um segmento. Na prática, a categoria tradicional mais próxima às características desse carro é mesmo a de sedãs.
Eu testei o Panamera Turbo S e-hybrid na estrada e no dia a dia. Que ele é rápido, não precisava nem dizer. Os números acima deixam claro, e seus cerca de 88 mkgf de torque fazem das acelerações algo tão emocionante quanto assustador.
A força entregue pela combinação de motor V8 com elétrico supera facilmente a barreira que poderiam ser os 2.350 quilos do carro. O câmbio é automatizado de oito marchas e duas embreagens e a tração, 4×4.
Panamera Turbo S e-hybrid no dia a dia
Quando comparado ao 911 e à linha 718, a vantagem do Panamera está no espaço. Claro que ele não é esportivo nato como os dois citados anteriormente, mas apresenta muita esportividade – além da velocidade – para quem gosta de pegar estradas, de preferência as sinuosas.
Tem chassi muito equilibrado, suspensão adaptativa e respostas diretas e rápidas na direção. É um carro colado no chão. Isso com um pacote que poderia muito bem se chamar “famílias na estrada”. O porta-malas de 403 litros acomoda pelo menos duas malas médias (23 kg) e uma pequena (15 kg), e ainda sobre espaço para mochilas e outros pequenos objetos.
Além disso, atrás há excelente espaço para crianças e adolescentes e adultos que não tenham mais de 1,80 metro de altura. Ou seja: uma família viaja com conforto nesse Porsche. Isso com comodidades que os esportivos não oferecem, como o ar-condicionado de quatro zonas. Além das duas na frente, há outras duas atrás, com comandos de temperatura, direcionamento e velocidade.
E na hora de usar o carro na cidade? Com cuidado, ele vence as valetas e lombadas sem maiores dificuldades. Em uma valeta funda que já acionou o sensor dianteiro de diversos SUVs que testei recentemente, o do Panamera nem tomou conhecimento.
Porém, o carro causou certas dificuldades em um trecho com diversas valetas irregulares no interior de São Paulo. Em algumas delas, por mais cautela e perícia que se tivesse ao passar, houve toque da parte de baixo do carro. Só que isso ocorreu também com outros modelos mais baixos que já levei ao local, como o Honda Civic.
Também chama a atenção a boa absorção de impactos da suspensão do Panamera Turbo S e-hybrid em pisos irregulares. Isso rodando no modo híbrido – equivalente ao normal ou confortável em modelos sem auxílio elétrico. Nas funções mais esportivas de condução, os baques são inevitáveis.
Destaques
O Panamera Turbo S e-hybrid tem 20 cv a mais que outro modelo com esse conjunto, o Cayenne. Além disso, traz tudo o que de mais tecnológico a Porsche tem a oferecer. O propulsor elétrico é recarregável na tomada e dá autonomia para rodar cerca de 40 km. Há ainda um poderoso sistema de regeneração de bateria, o modo E-charge.
O consumo varia muito, dependendo de fatores como uso do motor elétrico e tocada da condução. Pode ficar abaixo dos 10 km/l facilmente, ou ultrapassar os 15 km/l numa boa. Na cabine, o acabamento traz couro com costura aparente, alumínio, Black Piano, entre outros destaques.
O sistema de som é da Burmester e os bancos, esportivos. A posição de dirigir é bem baixa, mesmo no nível mais alto do ajuste de altura. Ainda assim, não causa nenhum dano à visibilidade dianteira mesmo para pessoas de baixa estatura – eu tenho 1,58 metro.
O painel tem cinco elementos digitais de configuráveis. Só o conta-giros, no centro, é analógico. A maior parte das funções do carro é comandada na intuitiva central multimídia – com tela sensível ao toque. Entre as tecnologias mais legais, há as câmeras 360 com visão panorâmica e o Night Vision (facilita a percepção de pessoas, animais e objetos à noite).