Festa Tela Plana promove clima de balada em formato virtual(foto: Criolina/Divulga
Festa Tela Plana promove clima de balada em formato virtual (foto: Criolina/Divulgao)

 

 

Desde maro quando foi decretada pela Organizao Mundial da Sade (OMS) a pandemia do novo coronavrus, o cenrio de entretenimento e cultura mudou. Eventos presenciais foram adiados, depois, cancelados. Os espaos culturais, como cinema, museus e teatros, fechados para o pblico. Em meio a tudo isso, o setor agiu rapidamente e buscou alternativas. Vieram as lives. Agora, numa segunda onda, os projetos drive-in aparecem com fora, assim como iniciativas exclusivas para grupos pequenos, j pensando na retomada. Sem, claro, excluir as interaes virtuais que vieram para ficar.

 

Para Franklin Costa, cofundador do OCLB, plataforma de cursos on-lines que conecta uma comunidade de profissionais das indstrias criativas do Brasil, esse um momento em que o setor vai apostar na criatividade para estabelecer os novos padres. “Quando a gente fala de entretenimento, a gente tem o hbito de olhar com as lentes do passado para enxergar o futuro. Quando as pessoas vo poder ir numa rave, num forr com todo mundo junto? Isso um modelo do passado. Esse modelo agora demandar muita criatividade, porque a necessidade de entreter inerente ao ser humano, tanto quanto o instinto de sobrevivncia. A gente percebeu essa necessidade de sociabilizar”, completa Costa.

 

“Tudo vai girar em torno dessa vacina da covid-19, enquanto no for descoberta o convvio ser restritivo. Temos que pensar temporariamente, sabendo que o novo normal pode se tornar numa realidade. Uma situao dessa vez vem justamente para provar a importncia da indstria do entretenimento e da cultura para a populao, porque um certo conforto nesse isolamento”, comenta Kiko Fernandes, coordenador do curso de Formao Executiva em Music Business da FGV.

 

Interao virtual

 

Uma das iniciativas que chamou ateno durante a pandemia foi a festa virtual brasiliense Tela Plana, iniciativa do coletivo e cervejaria Criolina. O modelo se inspira nas lives e na popularizao dos aplicativos de videoconferncia, sendo um novo formato de balada. O projeto comeou de forma informal com festas para at 30 pessoas. Atualmente tem mdia de 150 pessoas por evento, com msica feita ao vivo por Djs residentes Barata e Ops e convidados, espao para bate-papo e interao entre os presentes e um trabalho visual e de som que conta com vrios profissionais nos bastidores, entre eles, a Vj Grazi.

 

A primeira edio foi realizada em abril como alternativa da cervejaria que recebia semanalmente shows e festas. “Pensamos no delivery de cerveja, mas queramos fazer uma festinha para a galeria que recebia. Chamamos alguns amigos e comeou a ficar mais interessante”, explica Rodrigo Barata, um dos idealizadores. A festa ocorre todas s sextas no Zoom, a partir das 22h, com direito a after at as 8h — esse ltimo promovido pelo grupo Boogie. Podem participar os compradores das cervejas e do clube de assinaturas, alm de quem comprar o ingresso colaborativo venda no Sympla, o valor do ingresso ajuda aos profissionais da cervejaria que continua com as portas fechadas. A prxima empreitada do grupo o lanamento de uma cerveja em lata, a Criolipa, paralelamente a festa que deve ter vida longa, quem sabe at na realidade ps-pandemia.

 

Volta aos palcos

 

O formato virtual se estendeu para todas as reas da cultura e alguns profissionais tm testado novidades. o caso da iniciativa Teatro J, da atriz Ana Beatriz Nogueira em parceria com Andr Junqueira, ator e gestor do Teatro PetraGold, no Rio de Janeiro. O projeto uma srie de transmisses digitais ao vivo de peas protagonizadas por grandes nomes da dramaturgia, algumas que estavam previstas para serem estreadas antes da quarentena e outras inditas, feitas exclusivamente para o formato.

 

As apresentaes comeam em 4 de julho e seguem at 30 de setembro. Diariamente, os artistas iro at o palco do Teatro PetraGold para encenar as montagens. Alm do protagonista, uma pessoa na plateia representando o pblico que assiste de casa em uma plataforma on-line, um tcnico de som e um profissional para gravar a pea, seguindo as medidas de segurana. Para assistir preciso comprar um ingresso solidrio que remunera profissionais envolvidos na cadeia do teatro brasileiro.

A programao tem nomes de peso, como Marcelo Serrado, com Os viles de Shakespeare; e Llia Cabral com espetculo indito e ainda sem ttulo. Durante todo o ms de julho, o projeto Teatro J abre ainda espao para a msica com o Segunda musical em que Luis Felipe De Lima se apresenta com convidados. “Essa foi a maneira que achamos de fazer teatro e levar o teatro at a casa das pessoas. No sabemos quando e como vamos voltar. Ento as pessoas podero ver de casa, com um olhar que permanece nico e mpar. Porque o teatro mgico. A gente est fazendo com vrias cmeras, sem corte, se no seria televiso. A partir de agosto, as pessoas estaro vendo estreias, espetculos que as pessoas esto ensaiando agora”, adianta a atriz.

 

Drive-in

 

A cu aberto, com uma grande tela e dentro do carro. Esse o modelo que virou tendncia no Brasil e no mundo durante a pandemia, e que foi exportado do antigo modelo de cinema. Braslia, inclusive, era a nica cidade brasileira a manter um cinema no modelo, o Cine Drive-In que tem feito muito sucesso na quarentena desde a reabertura.

 

Agora, explodiram projetos no formato. No Dia dos Namorados foi lanado outro cinema drive-in na Arena Bsb, na rea do Ginsio Nilson Nelson. Na quinta-feira ser lanado o cinema drive-in do Taguatinga Shopping, montado no estacionamento do espao comercial. A partir de amanh a vez da estreia do 1º Festival Drive-In, que une msica, teatro e cinema no estacionamento B do Aeroporto Internacional de Braslia Juscelino Kubistchek. A estreia ser com a Orquestra Filrmonica de Braslia, sob o comando do maestro Thiago Francis, com a apresentao de As quatro estaes, seguido da exibio do filme Yesterday.

 

A inspirao para o projeto veio de uma iniciativa na Alemanha, onde foi realizada uma rave em formato drive-in. “Vi essa ideia numa rede social e pensei quer queria trazer pra Braslia. Montamos o projeto para que fosse um drive-in para alm do cinema, um festival mesmo que movimentar a cena da msica, do teatro, com programao infantil”, comenta Nina Rocha, uma das idealizadoras do 1º Festival Drive-In. A programao segue at 15 de agosto, buscando se adaptar e interagir com o pblico mesmo cada um dentro de um carro. A ideia colocar redes sociais como forma de interao, alm de cdigos possveis com o prprio veculo, como buzina, farol e luz interna. O festival ter ainda contedos inditos como o espetculo da cia G7, Cenas da Quarentena, e at a estreia do comediante Maurcio Meirelles no formato.

 

Pblico restrito

 

H algumas semanas, as galerias de arte do Distrito Federal retomaram s atividades com a reabertura do comrcio, assim como os museus que esto autorizados desde a ltima quinta-feira. Como se tratam de espaos fechados, ambos, precisam restringir o nmero de pblico para visitao.

 

Foi o que aconteceu na Referncia Galeria, na 202 Norte. A proprietria Onice Moraes conta que foi feito um estudo para avaliar quantas pessoas poderiam visitar o espao ao mesmo tempo, mantendo um distanciamento de dois metros, com todas as medidas de segurana. “Temos recebido alguns clientes com agendamento. A primeira coisa que eu fiz foi esse estudo, que mostra que possvel ter at 10 pessoas em cada uma das salas, para uma visita guiada ou abertura de uma exposio”, revela. A ideia tambm unir a parte fsica e virtual para estender a participao. Durante a pandemia, a galeria investiu em tour virtual e em projetos pelas mdias sociais, como o catlogo on-line das obras que iriam para SP Arte e o Quintas do Ateli.

 

O futuro

 

Sem uma vacina e sem uma noo ao certo de quando a pandemia ser controlada, pelo menos no Brasil, o cenrio fica incerto e em constante mudana. “Costumo dizer que o show no parou, s mudou de lugar. Inicialmente, o que a gente viu foi a exploso de lives e um movimento importante das plataformas de vdeos se tornando o meio para esse jogo. Agora vem esse movimento dos drive-in que vem acontecendo em todo o Brasil. Tenho muitas ressalvas em relao a esse modelo, mas acho importante e acredito que sairo muitos experimentos criativos. Isso ser s um incio de um novo modo que a gente ainda no conhece”, completa Franklin Costa.

 

O especialista arrisca alguns modelos que devem ser implementados ao novo normal da cultura e do entretenimento, como eventos ao ar livre e mais intimistas, alm de um formato hbrido entre fsico e virtual: “Ter menos fervo, mas, talvez, eventos ao ar livre, com mais restrio de quantidade de pessoas e circulao de espao. Todos os eventos tero que ter protocolos e vai mudar a relao com as prprias seguradoras, que devem inserir a clusula de doena contagiosa. As regras vo mudar”.

 

Kiko Fernandes, da FGV, tambm aponta as mudanas do pblico, que deve se tornar ainda mais exigente. “Quando terminar a pandemia as pessoas estaro num processo de selecionar. Poder cair o custo dos ingressos, principalmente, com eventos hbridos. Porque o alcance do show muda. Algo que seria para 5 mil pessoas, pode se tornar para 500 mil. Ento, tem uma queda de custos. Acho que o entretenimento presencial vai mudar tendo esse plus do virtual”, avalia o coordenador. 

 

 

 » COMO PARTICIPAR E CONFERIR

 

» Tela Plana: www.sympla.com.br

» Teatro J: www.teatropetragold.com.br

» 1º Festival Drive-In: https://

    www.festivaldrivein.com.br/

» Referncia Galeria: http://

   www.referenciagaleria.com.br/ 

 

 

 

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