Uma das atuais metas globais da Ford é concentrar seus negócios em modelos com alto valor agregado, como os esportivos – como o Mustang –, veículos comerciais – como o furgão Transit –, utilitários esportivos – como o Edge, o Territory e o novato Bronco Sport – e picapes – como a Ranger e a F-150, o veículo mais vendido da América do Norte há quase quarenta anos. Tal decisão levou ao fechamento das fábricas brasileiras, onde eram produzidos os compactos Ka e EcoSport – atualmente, o mercado nacional é abastecido apenas com modelos importados. Agora, para ampliar sua linha global de picapes, a Ford decidiu resgatar um nome clássico em suas fileiras: o Maverick. O objetivo do novo produto, que acaba de ser apresentado nos Estados Unidos, é “entrar de sola” no mercado das picapes intermediárias, posicionadas entre as compactas e as médias – um segmento que, no Brasil, é atualmente dominado pela Fiat Toro. Para a Argentina, a marca já confirmou que a Maverick chegará no próximo ano, importada do México. A possibilidade de vir também para o Brasil é grande. “A proposta do produto Maverick é diferente de tudo o que existe. É uma picape de ótima aparência com quatro portas e espaço para cinco adultos, um motor totalmente híbrido padrão com economia de combustível urbana que supera a de um Honda Civic, por exemplo. A Maverick desafia os estereótipos do que uma picape pode ser. Acreditamos que será atraente para muitas pessoas que nunca pensaram em ter uma picape”, afirma Todd Eckert, gerente de Marketing do Grupo Ford Trucks.
Construída sobre a mesma plataforma do Bronco Sport, recém-lançado no Brasil, a Maverick será vendida nos Estados Unidos com tecnologia híbrida, partindo da base do motor 2.5 a combustão interna de 164 cavalos e 21,4 kgfm de torque mais um elétrico de 128 cavalos e 23,9 kgfm. A potência combinada, segundo a Ford, é de 193 cavalos. A transmissão é do tipo CVT, simulando 8 marchas, com tração dianteira. A promessa é que a nova picape seja bem econômica, com média de 17 km/l na cidade e autonomia estimada em 805 quilômetros. Existe ainda o motor 2.0 turbo de 253 cavalos e torque de 38,3 kgfm, com opção de tração integral. A Maverick tem um seletor de marchas em forma de botão no lugar da tradicional alavanca, seguindo os modelos mais recentes da marca, e janela traseira no estilo de caminhões de grande porte.
Fabricada em Hermosillo, no México, e com 5,07 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,74 metro de altura e 3,07 metros de distância de entre-eixos, a Maverick é maior que a Toro e sua principal concorrente nos Estados Unidos, a Hyundai Santa Cruz. Com capacidade para 680 quilos de carga, a picape da Ford tem separadores na caçamba, com revestimento em plástico reforçado. No mercado norte-americano, a Maverick será oferecida nas configurações XL, XLT e Lariat e um pacote de personalização FX4. Na versão de entrada XL, traz sete airbags, central multimídia com tela “touchscreen” de 8 polegadas e espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay, faróis full-led, ar-condicionado analógico, rodas de aço de 17 polegadas, frenagem autônoma de emergência, câmera de ré, direção elétrica, iluminação diurna por leds e vidros e travas elétricas nas quatro portas. Na XLS, soma rodas de liga leve de 17 polegadas, piloto automático, espelhos com ajustes elétricos, porta-objetos integrados, conectores D-link e trava elétrica para a tampa da caçamba.
A topo de linha Lariat acrescenta banco do motorista com ajustes elétricos, painel digital com tela de 6,5 polegadas, rodas de liga leve de aro 18, ar-condicionado digital dual zone e chave presencial. A versão mais completa pode ter o pacote Luxury Package, com piloto automático adaptativo, sistema de som Bang & Olufsen com oito alto-falantes e subwoofer, vidros laterais aquecidos, central multimídia Sync 3 com tela “touschscreen” de 8 polegadas, caçamba com iluminação em leds, carregador de smartphones por indução e estepe com roda de 17 polegadas. Nos Estados Unidos, a Maverick será a picape mais barata da Ford, partindo de US$ 20 mil (cerca de R$ 102 mil).
Nos recursos de segurança e auxílio à condução, a Maverick tem a tecnologia Ford Co-Pilot360, incluindo assistência pré-colisão com frenagem de emergência e farol alto automáticos. Como opcional, pode trazer o Cruise Control adaptativo com stop&go, o sistema de informação de ponto cego com alerta de tráfego cruzado, a centralização de pista e a assistência de direção evasiva. A picape tem cinco modos de direção como itens de série – “Normal”, “Eco”, “Esportivo”, “Escorregadio” e “Reboque/Transporte” – para melhorar o desempenho em várias condições de trânsito.
Nome próprio
O Maverick foi um cupê criado pela Ford nos Estados Unidos no final dos anos 60. Também foi fabricado no Brasil de 1973 a 1979 em versões exclusivas com motores de 4,6 litros e oito cilindros, lançado com enfoque comercial bem diferente do norte-americano, mesmo tendo o design idêntico. Apesar de não ter o mesmo sucesso de vendas no Brasil, o carro tornou-se lendário e, atualmente, é cultuado por pessoas de várias idades. O nome foi escolhido em homenagem a Samuel Augustus Maverick, considerado herói da guerra de independência norte-americana, e foi também adotado em um famoso míssil ar-terra utilizado pelo exército dos Estados Unidos.
No final dos anos 60, a Ford buscava um veículo compacto, barato e econômico para concorrer com os carros europeus e japoneses que começavam a ganhar terreno nos Estados Unidos. O Falcon não tinha as características de compactação desejadas e já estava obsoleto, principalmente depois do lançamento do Mustang, em 1964. No dia 17 de abril de 1969, o Maverick foi lançado com o preço de US$ 1.995 e motores de 2,8 e 3,3 litros, ambos de seis cilindros. O estilo foi claramente copiado do Mustang, porém, com mais “suavidade” nas linhas. O sucesso foi imediato e, logo nos primeiros anos, foram vendidas quase seiscentas mil unidades, uma marca bem superior à do próprio Mustang.